quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Halloween...aaaaahhhhhhhhh!!!!!!!! Por Adriano Goulart

Halloween....aaaaahhhhhhhhhh!!!!! (Por Adriano Goulart)
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Dia 31 de outubro de 2007, quarta feira - Brasil. Ao olhar o jornal diário, várias notícias das mais diversas modalidades pipocam. Culinária, esportes, política, etc. Mas um especial me chama atenção: especial halloween! Um pouco assustado com visual meio sombrio da página, que mostrava as pessoas fantasiadas de bruxas, monstros e doentes...ops..doendes , eu continuei a ler.
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O especial falava entre outras coisas o que as pessoas deveriam comer, vestir nesse dia, simpatias que deveriam fazer e muito mais. Até ensinavam uma brincadeirinha para crianças que a principio era legalzinha. Um tal de “gostosuras ou travessuras”. Batem na sua casa com as tais fantasias e perguntam se há doces ou balas na casa. Se houver, continua a brincadeira, se não, travessuras (entenda molecagem)....
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Bem que eu percebi que desde o início da semana os estudantes procuraram várias informações na biblioteca que estou sobre esse dia.
“- A professora pediu para que eu fizesse um trabalho sobre o que é Halloween”, disse a menina” E eu, sendo muito profissional, mas sem concordar muito com a proposta, prontamente localizo os materiais e os conteúdos que a estudante solicitara e a entrego.
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Mas alguma coisa me incomodou e não é de agora não. Já faz um tempo que venho me perguntando: será que as pessoas sabem mesmo o que é o Halloween? Faz algum sentido isso ser publicado em uma edição especial do jornal local ou ser matéria na escola? Ou então, já que estamos no Brasil, o que faz uma professora de uma escola pública pedir a um estudante um trabalho sobre Halloween? Por que não me aparecem na biblioteca pedidos de pesquisa sobre o Saci-pererê, boi-bumbá e tantas outras formas de expressão popular que estão aqui tão pertinho de nós?
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Está bem, vamos continuar. Consultando na internet olha só o que me aparece: “O Dia das Bruxas (Halloween é o nome original na língua inglesa) é um evento de cariz (aspecto) tradicional e cultural, que ocorre nos países anglo-saxónicos, com especial relevância nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido, tendo como base e origem as celebrações pagãs dos antigos povos celtas.” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_das_bruxas)
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E aí só aumentou o repertório de perguntas:
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1 - Se o Halloween é uma tradição de países como Estados Unidos, Canadá, e Inglaterra e eu estou no Brasil, por que será que mesmo assim tem uma matéria especial nos jornais? Globalização ou submissão às culturas desses países? Não temos cultura própria?
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2 – A origem dessa festa tem como base as celebrações dos antigos povos celtas. Nós brasileiros temos origens um pouco distintas e formamos uma grande mistura. Brancos europeus ( na maioria absoluta de origem latina – portugueses, espanhóis, italianos, etc. ), Negros africanos ( nas mais diversas etinias e culturas (riquíssimas por sinal) e em hipótese alguma, ligação com os celtas) e Índios nativos ( tupi e guaranis sobretudo). Dessa forma, qual é a ligação dessa festa com a nossa realidade? Se é que existe uma. Será que não temos raízes?
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3 – As festas do Halloween têm sua origem nas celebrações pagãs antigas. No Brasil, segundo o IBGE temos por volta de 76% de pessoas que se afirmam católicas, 18% evangélicos e menos de 10% da população se reconhece em outras religiões ou não se identificam com nenhuma. Assim, católicos e evangélicos , independentes de sua denominação são Cristãos e constituem mais de 90% da população. Portanto, sendo nós em maioria absoluta Cristãos, pelo menos se afirmando como tais, o que é que estamos procurando celebrando culturas pagãs? Não temos nossa religião ou não a conhecemos? Seria a chamada cultura da “nova era” , do relativismo, tão reclamada pelos pontífices ou preguiça exagerada das pessoas que não procuram nem ao menos observar os preceitos que nossa fé Cristã celebra?
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O certo, é que alguma coisa está errada. Com nosso povo que aceita isso tão fácil ou com os outros povos em que as práticas incorporam-se em nosso cotidiano sorrateiramente sem a gente perceber. Será que todas as populações são assim? Não tenho nada contra uma cultura externa. Pelo contrário, acredito que o conhecimento de diversas práticas religiosas, políticas ou culturais ao redor do mundo ajudam a melhorar e aperfeiçoar-nos. Mas já que é para manifestar um sentimento, uma crendice, uma fé específica, que sejam as nossas! Não as importadas e sem sentido algum para nós.
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Se nós não tivéssemos nada que apresentar para o mundo eu até aceitaria, mas basta escolher a região em nosso imenso Brasil, para vivenciar o que é nosso. Celebrar a nossa vida!.. É riquíssimo. Quer sugestões? Vamos lá...
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Se você é da região Norte : Conheça a lenda do Rio Amazonas, da Vitória Régia, o segredo do Uirapuru, a lenda do boto.... Dance um “Siriri”, um “caribó”, “Jacundá”, Lundu, Boi-bumbá maravilhoso... Saiba que “quem não quer ser lobo não lhe vista a pele” (provérbio da região)... Experimente um “Pato ao tucupi”, um “bode assado”
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Se você é da Região Nordeste : história boa é a do “engenho mal-assombrado”, a do “bicho labatut”, o “corpo santo”, “Alamã”. Sinta a maravilha que é a “literatura de cordel”. Dance “Frevo”, “caboclinhos”, “Bambelô”, “Marujada”, “Maracatu”, “forró”... Ensine para o seu filho “Coco pelado caiu no melado. Sola, sapado, rei, rainha, fui ao mar buscar sardinha pra filha do rei que será minha.”, ou também “boi velhaco não se encosta em pau de espinho”. Conheça as rendas, as redes de dormir feita por nosso povo, a cerâmica nordestina, cerâmica figueira. Festeje as “vaquejadas”, o “carnaval baiano cheio de axé”, as “festas juninas do sertão”. Delicie-se com a “fritada de camarão”, a “buchada”, o “acarajé quente ou frio”.
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Se você é da Região Centro-Oeste: saiba da história do “Negro d´agua”, o “Anhangüera”, pegue seu par e dance “volta senhora”, “serra moreninha”, um “recortado”. Aprenda como se brincar a “Biloca”, o “anelzinho”... Fique preocupado em “assobiar à noite, pois atrai cobra”. Coma um “peixe a espada” e veja como é bom....
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Se você é Região Sudeste : aprenda sobre a “visão do linguado”, o querido “saci-pererê”, “santo antônio casamenteiro”. Participe de uma “moda de viola”, “cantigas de roda” e “cantigas de ninar”. Solte papagaios, pipas, papa-ventos, jogue peteca com penas... isso é nosso! Saiba das estórias de Pedro malasartes... Diga sem errar “porco preto, cepo preto. Porco crespo, toco preto”, ou “o padre Pedro tem um prato de prata. O prato de prata não é de padre Pedro”. Dance “Cateretê ou Catira”, “Quadrilhas”, “Samba”, “Miudinho”.. Celebre a “festa do Divino”, o “Congado”. Coma e coma sem parar uma pururuca, doce de abóbora, arroz doce, bolo de fubá... Tem uma música super legal que diz : “McDonalds não tem pamonha, McDonalds não tem Curau... McDonalds não ta com nada!”. Guarde uma imagem de Nossa Senhora, de Santo Expedito em pedra sabão.
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Se você é da Região Sul: escute sobre o “lagarto encantado”, “como surgiu a noite”, o “paiquerê”, o “negrinho do pastoreio”. Dance uma “Chula”, um “pau de fita”, um “chimarrita”, conheça a “marcha de fandago”. Assuste-se com o lobisomem, mas saiba que sal grosso afasta. Delicie-se com um “marreco com repolho roxo”, um “mandeltort”.
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E aí, acredito que com essas sugestões já dá para deixar de lado a submissão cultural e a preguiça que estamos acostumados a ter, e começar a colocar sentido nas coisas que celebramos de acordo com a nossa própria cultura. Tendo identidade. Conhecendo um pouquinho de nós, nossa história e fé, e manifestando isso com a mesma intensidade com que os jornais fazem as edições especiais de culturas importadas, os pedidos de pesquisa aos alunos que não fazem sentido, poderemos enfim dizer: Halloween... aaaaahhhhhhhhhh!!!!!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Por que será? - Por Adriano Goulart

Oi Pessoal! Tudo bem?

Olha só, em 25 de julho de 1997, cismei que era poeta para testar a minha máquina de escrever que tinha acabado de comprar...
E o que escrevi ficou bem legal.

Assim, encontrei o original e publico aqui o texto para vocês...

Por que será?

Por que será,
que eu estoiu aqui escrevendo.
Uma coisa que ninguém vai ter paciência de ficar lendo.
E que mesmo assim sabendo,
eu continuo aqui,
olhando e temendo,
a possível risada de um amigo.
Mas que amigo?
Aquele que inventaram que tinha de me ajudar,
quando crio a cisma "ser e estar",
ainda mais, quando ele não queria nem estar lá,
quanto mais, aqui , a me malhar.

Por que será,
que estou aqui, ainda preso,
com tosos os princípios e medos,
já que eu deveria estar enfim, ileso
a todas as críticas que para o adolescente,
tem peso,
mas quw para mim, mesmo,
deveriam desaparecer, sumir da imensidão.

Por que será,
que eu, no auge da adolescência,
ainda tenho a inocência,
de escrever uma coisa que para a vivência,
não me trará nada, porém tudo,
tudo daqui pra frente vai mudar,
pois com isso eu vou pensar,
que criei uma coisa que vai me ajudar,
a pensar e perguntar,
por que será?

Adriano Goulart