Pensar no desaparecimento do livro sendo substituido por novas tecnologias me parece muito pouco provável. Nossa experiência em "novidades" nos mostra que isso em geral não tem acontecido. Ex: O rádio não acabou por causa da televisão. A mesma também não sumiu quando veio a internet e por aí vai..Porém se olharmos atententamente, de fato tais veículos estão mudando em concepção, formato e conceito. Assim, é tarefa dos profissionais da área perceberem os novos rumos e suas tendências.
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As novas tecnologias por mais reluzentes que sejam, já vem amparadas numa lógica volátil. Mal são colocadas no mercado e já estão ultrapassadas. A maior parte dos suportes que vieram após da idéia do livro fizeram até "barulho" em termos de utilidade mas não conseguiram suportar nem sequer algumas décadas (fitas, cds, disquetes, dvds e por aí vai)... Já os livros estão mais que testados quanto ao aspecto de permanencia, durabilidade e relevância.
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Outra reflexão é o fato de que digitalizar um acervo embora seja muito interessante e sua proposta cheia de discursos democráticos e altruístas, ainda demanda de um investimento enorme, pessoal especializado extra e permanente e que a maioria das instituições não estão dispostas a pagar nesse momento. Por isso, sua viabilidade é questionável para um futuro próximo.
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Todas as vezes que leio essa perspectiva considerada por muitos quase que apocalípitca para nós bibliotecários, o primeiro pensamento que tenho é de como nós, profissionais da informação reagimos diante desse contexto. Será que o fato de pessoas substituírem as bibliotecas por novas tecnologias interfere na necessidade de um profissional para ajudar? Será que acaba com a mediação humana na busca por informação e conhecimento? Eu acredito que não.
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Acredito que o exercício de reflexão que devemos fazer é : Quais profissionais queremos ser daqui a 10 ou 20 anos? Isso nós devemos nos preocupar. O que nós faremos? Em qual ambito profissional e social nos colocaremos? Porque a biblioteca tal como ela é tradicionalmente de fato não mais existirá. Alías, a maior parte daquilo que conhecemos como espaços profissionais e suas relações também não. Contabilistas, Jornalistas, Administradores, Economistas e quase todas as profissões também tem essas preocupações. A mudança é natural e inevitável. As novas gerações inclusive dão sinais claros de que terão paradigmas e práticas profissionais bem diferentes daquilo que conhecemos agora.
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Nossos colegas de profissão que atuam não muito antes da década de 90 podem nos ajudar nisso. O que dizer dos catálogos físicos, dos ficharios de autor e assuntos...?E por aí vai. O fato de praticamente não existirem mais tais ferramentas não configurou que a presença de um bibliotecário responsável não fosse mais necessária. Por outro lado exigiu a necessidade constante por atualização e integração com outras áreas de conhecimento.
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No meu entender nosso futuro passa por aí. A biblioteca terá livros sim. Já nós bibliotecários, não poderemos ter como referência esse suporte. Como provocação brinco com o título do artigo: "Bibliotecários, sem livros - Será este o nosso futuro próximo?"
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Adriano Goulart - Bibliotecário
Blog: http://adrianoagr.blogspot.com
Twitter: www.twitter.com/adrianoagr
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Uma biblioteca sem livros - Será este o nosso futuro próximo?
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Com 144 anos de tradição, uma instituição de ensino da região de Boston, EUA, a Cushing Academy, decidiu encerrar as actividades da sua velha biblioteca.
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Parece muito radical numa visão conservadora, mas a Cushing Academy está a desfazer-se de todo o seu acervo bibliográfico com mais de 20 mil livros impressos, para dar lugar a uma biblioteca considerada dentro dos padrões do século XXI. Metade desses livros já foram doados, como romances, poesias, biografias, etc.
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Nas palavras do director da instituição, James Tracy, o suporte em que se baseia um livro está desfasado, e por isso tomou esta decisão com o objectivo de fazer um profundo upgrade tecnológico.
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No lugar das estantes de livros, o intuito é construir uma biblioteca virtual onde os estudantes poderão utilizar e-books, laptops e ecrãs com projecção de conteúdos da internet. No lugar do balcão de referência, haverá uma pequena cantina e uma máquina de capuccino de US$ 12.000.
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É caso para perguntar, será este o futuro próximo das bibliotecas? Irão os livros em papel desaparecer da face do nosso planeta? O que é certo é que a tecnologia avança, diariamente, a um ritmo alucinante. Agora, outra questão que se coloca é a seguinte: onde irão parar todos os livros que forem descartados das bibliotecas? Enfim...
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Esta notícia foi publicada no jornal on-line The Boston Globe, que pode consultar aqui.
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Fonte: http://internetparatodos.blogs.sapo.pt/205351.html
Acesso em: 27 set. 2009
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As novas tecnologias por mais reluzentes que sejam, já vem amparadas numa lógica volátil. Mal são colocadas no mercado e já estão ultrapassadas. A maior parte dos suportes que vieram após da idéia do livro fizeram até "barulho" em termos de utilidade mas não conseguiram suportar nem sequer algumas décadas (fitas, cds, disquetes, dvds e por aí vai)... Já os livros estão mais que testados quanto ao aspecto de permanencia, durabilidade e relevância.
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Outra reflexão é o fato de que digitalizar um acervo embora seja muito interessante e sua proposta cheia de discursos democráticos e altruístas, ainda demanda de um investimento enorme, pessoal especializado extra e permanente e que a maioria das instituições não estão dispostas a pagar nesse momento. Por isso, sua viabilidade é questionável para um futuro próximo.
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Todas as vezes que leio essa perspectiva considerada por muitos quase que apocalípitca para nós bibliotecários, o primeiro pensamento que tenho é de como nós, profissionais da informação reagimos diante desse contexto. Será que o fato de pessoas substituírem as bibliotecas por novas tecnologias interfere na necessidade de um profissional para ajudar? Será que acaba com a mediação humana na busca por informação e conhecimento? Eu acredito que não.
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Acredito que o exercício de reflexão que devemos fazer é : Quais profissionais queremos ser daqui a 10 ou 20 anos? Isso nós devemos nos preocupar. O que nós faremos? Em qual ambito profissional e social nos colocaremos? Porque a biblioteca tal como ela é tradicionalmente de fato não mais existirá. Alías, a maior parte daquilo que conhecemos como espaços profissionais e suas relações também não. Contabilistas, Jornalistas, Administradores, Economistas e quase todas as profissões também tem essas preocupações. A mudança é natural e inevitável. As novas gerações inclusive dão sinais claros de que terão paradigmas e práticas profissionais bem diferentes daquilo que conhecemos agora.
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Nossos colegas de profissão que atuam não muito antes da década de 90 podem nos ajudar nisso. O que dizer dos catálogos físicos, dos ficharios de autor e assuntos...?E por aí vai. O fato de praticamente não existirem mais tais ferramentas não configurou que a presença de um bibliotecário responsável não fosse mais necessária. Por outro lado exigiu a necessidade constante por atualização e integração com outras áreas de conhecimento.
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No meu entender nosso futuro passa por aí. A biblioteca terá livros sim. Já nós bibliotecários, não poderemos ter como referência esse suporte. Como provocação brinco com o título do artigo: "Bibliotecários, sem livros - Será este o nosso futuro próximo?"
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Adriano Goulart - Bibliotecário
Blog: http://adrianoagr.blogspot.com
Twitter: www.twitter.com/adrianoagr
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Uma biblioteca sem livros - Será este o nosso futuro próximo?
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Com 144 anos de tradição, uma instituição de ensino da região de Boston, EUA, a Cushing Academy, decidiu encerrar as actividades da sua velha biblioteca.
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Parece muito radical numa visão conservadora, mas a Cushing Academy está a desfazer-se de todo o seu acervo bibliográfico com mais de 20 mil livros impressos, para dar lugar a uma biblioteca considerada dentro dos padrões do século XXI. Metade desses livros já foram doados, como romances, poesias, biografias, etc.
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Nas palavras do director da instituição, James Tracy, o suporte em que se baseia um livro está desfasado, e por isso tomou esta decisão com o objectivo de fazer um profundo upgrade tecnológico.
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No lugar das estantes de livros, o intuito é construir uma biblioteca virtual onde os estudantes poderão utilizar e-books, laptops e ecrãs com projecção de conteúdos da internet. No lugar do balcão de referência, haverá uma pequena cantina e uma máquina de capuccino de US$ 12.000.
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É caso para perguntar, será este o futuro próximo das bibliotecas? Irão os livros em papel desaparecer da face do nosso planeta? O que é certo é que a tecnologia avança, diariamente, a um ritmo alucinante. Agora, outra questão que se coloca é a seguinte: onde irão parar todos os livros que forem descartados das bibliotecas? Enfim...
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Esta notícia foi publicada no jornal on-line The Boston Globe, que pode consultar aqui.
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Fonte: http://internetparatodos.blogs.sapo.pt/205351.html
Acesso em: 27 set. 2009