sexta-feira, 21 de maio de 2010

Por que a biblioteconomia brasileira é envergonhada?

IBLIOTECONOMIA ENVERGONHADA**
[*Setembro/2009*]

*Eliane Serrão Alves Mey*

Revisão de: Marília Motta Ludgero da Silva (a quem agradeço as correções da
língua portuguesa e dos excessos).

A Biblioteconomia é das profissões mais antigas do mundo.

A primeira, certamente, foi a de tradutor, ou intérprete, quando os
agrupamentos humanos se comunicavam entre si, ou quando o tradutor, dentro
de um agrupamento, interpretava a vontade dos deuses. Aquela outra
profissão, dita mais antiga, corresponde ao surgimento de bens materiais e
valores individuais, não coletivos. Apenas a existência da posse e da
herança faz com que a mulher se torne propriedade de um indivíduo, e não
parte de um clã (1).

Quanto à antigüidade da Biblioteconomia, pode-se afirmar que seus
fundamentos permanecem semelhantes ao longo dos milênios, embora suas
técnicas, seus e quipamentos, a produção e o uso de seus instrumentos, seus
focos, seus usuários e seus estudos se hajam modificado com relativa
freqüência.

E como se pode definir Biblioteconomia? Alguma literatura sobre o assunto
(2), embora não amplamente revista e citada, permite resumir certas
definições. Encontram-se os seguintes pontos essenciais, que a constituem,
de modo geral: a) aquisição dos registros do conhecimento (desde a coleta de
materiais tangíveis à criação de acervos digitais); b) organização dos
registros do conhecimento (inclui análise, representação, criação de
instrumentos de análise e representação, estudos teóricos e práticos, os
mais variados); c) disseminação dos registros do conhecimento (abarca tanto
os instrumentos de disseminação como os estudos sobre os usuários dos
registros e outros aspectos teóricos e práticos).
Existem problemas iniciais com o termo Biblioteconomia, que se podem
explicar, mesmo que não justificar:

a) a raiz *biblio*, derivada de *biblion*, não significa absolutamente
livro; origina-se do grego, quando nem remotamente existia algo assemelhado
a um livro; porém, referia-se à cidade de Biblos, produtora do papiro,
material utilizado para escrita à época, em rolos (tipo barra de rolagem,
como diz Manguel (3));

b) a palavra grega *théke *significa "caixa"e, por extensão, qualquer
contêiner onde o material bibliográfico se encontre: estante, sala, edifício
(cf. Edson Nery da Fonseca (4));

c) os sufixos *-nomo*, *-nomia* e *-nômico* derivam-se do grego -*nomos, -
nomia, -nomikos*, e se aplicam a normas, regras, administração (por exemplo:
agronomia, economia).

Portanto, a grosso modo, pode-se dizer que, segundo sua origem
etimológica, a *Biblioteconomia* consistiria no conjunto de normas, regras
ou leis para locais onde se guardam registros do conhecimento, ou na
administração destes. Venhamos e convenhamos, uma definição muito pobre e
acanhada para uma profissão de tal importância, respeitada no mundo inteiro
(aqui já é outra conversa, à qual se espera chegar).

Talvez por sua origem etimológica, talvez pelas veneráveis instituições
físicas, marcos arquitetônicos de prestígio, poder e cultura das nações, a
Biblioteconomia continuou sempre, até o final do século XX, com sentido
geográfico, espacial, vinculado aos edifícios-bibliotecas (5). A Profa.
Cordélia Robalinho Cavalcanti, certa vez, disse que chamar os profissionais
da Biblioteconomia de bibliotecários corresponderia a chamar os médicos de
"hospitalários". (Durante a Idade Média, de fato, houve uma ordem monástica
e guerreira, de hospitalários, cujos mosteiros deveriam abrigar peregrinos,
doentes e feridos.) Assim, as bibliotecas, ao longo da História,
destinavam-se à guarda, preservação e, até mesmo, disseminação de objetos
físicos, tangíveis. Ou seja, um local *para onde* os usuários se deslocavam
(ainda que para tomar emprestados os documentos), e não *de onde* se
de slocavam os materiais até os usuários – função hoje exercida pelos
arquivos eletrônicos na rede mundial de computadores.

Por fim, do mesmo modo, devido talvez a suas origens etimológicas, a
Biblioteconomia caracterizou-se por conjuntos de normas, regras e, durante
algum período ao final do século XX, pela administração. Nada tão enganoso,
porque tais conjuntos de normas e regras mostram-se mais mutantes e mutáveis
do que as roupas no dia-a-dia. E Biblioteconomia não é administração, mas
esta se torna parte da multidisciplinaridade biblioteconômica.
Estaríamos, então, diante de uma área com nome falso? Erro de identidade?
Amnésia profissional?

A partir do avanço significativo da eletrônica, durante e após a Segunda
Guerra Mundial (uso bélico), até chegar ao uso institucional civil (décadas
de 1970 e 1980) e ao uso individual (décadas de 1980, 1990 e neste início de
século), formou-se um novo conceito, o de "ciência da informação", com
inúmeros significados. Cabe aqui dizer que, como a "informação" é uma
espécie de cortesã requisitadíssima, com uma corte numerosa e nenhum senhor,
torna-se quase impossível determinar-lhe as características. Ela sempre
muda, de acordo com o requisitante de seus favores no momento.


Lógico, hoje o mundo vive de informações. Mas será que estamos em uma
sociedade da informação? Não creio!

Bem, talvez o mundo viva de conhecimento. Será que estamos em uma sociedade
do conhecimento? Creio menos ainda!

Na verdade, a informação pura e simples, ou seja, o conjunto de signos que
possui algum sentido, é manipulada, vendida, difundida, de acordo com
interesses específicos, desde sua produção até seu consumo.
Há algumas semanas, por exemplo, avassalam-nos diariamente "informações
sobre a gripe H1N1", por meio de boletins, notícias, entrevistas,
publicidade, entre outros. Nenhum deles, porém, repasso u-nos informações
corretas e significativas. Se a mídia é contra o governo, apenas apresenta
as mortes, para subentender que o governo não faz nada. Se os entrevistados
são a favor do governo, tentam minimizar o quadro. Por um lado, fecham as
escolas; por outro, continua o campeonato brasileiro de futebol, com
milhares de pessoas concentradas em um estádio. Ouseja, uma quantidade
massiva de informações manipuladas, de pouca valia para nós, cidadãos
comuns. Sociedade da informação? Que falácia!

Da mesma forma, a "sociedade do conhecimento" faz-se para poucos.
Historicamente, a "sociedade agrária" fazia-se para os donos da terra, e não
para os servos-camponeses que nela trabalhavam; a "sociedade industrial"
fazia-se para os donos das indústrias, e não para os operários que nelas
trabalhavam; a "sociedade do conhecimento", ou a terceira onda de Toffler
(6), faz-se para os poucos que detêm a posse ou os direitos (patentes) sobre
o conhecimento e a informação, não para aqueles que com elas trabalham (um
químico em uma indústria não usufruirá de seu conhecimento do mesmo modo que
o conjunto de acionistas majoritários). Bill Gates talvez seja um dos únicos
no mundo a desfrutar de seu próprio saber, em meio a bilhões. Sociedade do
conhecimento? Mais uma falácia!

Como todas as falácias globalizadas, a Biblioteconomia e a Documentação
internacionais mergulha ram de cabeça na Ciência da Informação, esta área
nebulosa, no limiar de várias outras, que ninguém sabe exatamente o que é.

O tesauro da Unesco, de 1975 (7), também confuso, na era pré-internet
estabeleceu sutis diferenças entre "ciência da informação" e "ciências da
informação". A Biblioteconomia seria um termo específico (TE) para Ciências
da Informação e um termo relacionado (TR) à Ciência da Informação. A
literatura sobre o tema é vastíssima e não nos preocupamos em citá-la.
Destaca-se Buckland (8), em texto clássico, que distinguiu três tipos de
informação: "como processo", "como conhecimento" e "como coisa"

Parece bastante claro que a informação, usada por biólogos, estatísticos ou
jornalistas, por exemplo, serve de base para a elaboração de um conhecimento
e seu conseqüente registro – só se pode tornar acessível, atingir o fim
último de disseminação, a partir de seu registro, mesmo em ambientes
naturais. (Um jardim botânico se diferencia substancialmente de um bosque,
mesmo que ambos se mostrem indispensáveis à humanidade) Neste caso,
portanto, a informação seria o fundamento para a produção de conhecimento e
de registros do conhecimento. Nós, profissionais bibliotecários, também o
geramos, dentro de nossa área; por exemplo: uma análise sobre comportamento
dos usuários frente a catálogos automatizados, ou bibliotecas digitais.
Informação, neste caso, caracterizar-se-ia como alicerce, ou como informação
basilar.

Muito diferente apresenta-se a "informação" com a qual trabalhamos, que
organizamos e disseminamos, a matéria-prima da Biblioteconomia, da
Documentação e de todas as ciências afins. A propósito, Muela Meza (9) nos
denomina "profissionais da informação documental". Não há como confundir a
informação basilar com a informação matéria-prima, ou informação documental,
ou registro do conhecimento. Na verdade, produzimos meta-informação; isto é,
informações sobre informações documentais ou registros do conhecimento.
Existem, ainda, outros tipos de "informação", como os bits e bytes e outros
fenômenos físicos da ciência da computação e das telecomunicações, que nos
interessam apenas na medida em que afetam ou facilitam nosso trabalho.

Ao partir da leitura de alguns textos internacionais sobre formação em
Biblioteconomia (10), verificam-se dois pontos-chave: a
Biblioteconomia continua valorizadíssima no exterior e cada vez mais os
cursos se denominam Ciência da Biblioteca e da Informação [Library and
Information Science, ou LIS].

Um parêntese: há algumas décadas, existiam dois termos para
Biblioteconomia em inglês: *Librarianship** *[*librarian *= bibliotecário; *
-ship *= sufixo para profissão; donde, Profissão de Bibliotecário] e *Library
Science* [Ciência da Biblioteca]. Quando a Biblioteca deixou de ser
geográfica para abarcar, também, o intangível,
acrescentou-se*Information* [Informação]
à Ciência da Biblioteca, gerando a LIS, sem abandonar a *Library*.

Após o Protocolo de Bolonha (11), já implementado em alguns países europeus
(embora com inúmeras críticas e restrições), as universidades apresentam o
modelo idêntico ao brasileiro: graduação, mestrado e doutorado. Os
bibliotecários formam-se na graduação, com possibilidade de adquirir o
certificado por outras vias, como mestrado ou especialização em
Biblioteconomia (não em Ciência da Informação), após a graduação em outra
área. Ou seja, a Biblioteconomia tem características próprias, arcabouços
teórico e prático próprios, que exigem formação específica. O que não
significa uniformidade nos currículos.

A França revela-se um caso à parte, ao proporcionar formações diferentes
para tipos diversos de atuação, embora permaneça com a Biblioteconomia. Há
duas associações profissionais de bibliotecários franceses: associação dos
propriamente ditos e associação dos bibliotecários especializados e
documentalistas. Oferece também um número significativo de cursos de
pós-graduação voltados à área de tecnologia da informação e comunicação, ou
seja, ao sentido amplo de Ciências da Informação.

O que acontece, no Brasil, que torna a Biblioteconomia tão envergonhada? Os
bibliotecários não querem ser bibliotecários, mas "cientistas da informação"
(qual das informações?), ou documentalistas, ou profissionais da informação
etc. Por que não queremos ser "simplesmente" bibliotecários? Existe o
estigma da palavra biblioteca; existem as bibliotecas escolares e públicas,
regra geral precárias ao extremo. Essas não são causa, porém efeito, ou
melhor, sintomas de doença social. Bibliotecas ruins implicam descrédito e
menosprezo aos bibliotecários, criação de barreiras contra a leitura e
contra o uso coletivo do conhecimento, contra a possibilidade de opção por
alternativas e caminhos vários.

E como se demonstra este desprezo profissional no Brasil, esta gritante
baixa-estima? Não apenas por trabalhos sérios e científicos (ver a tese
de Tereza Walter (12), entre outros grupos de estudos e pesquisas), porém
desde os cursos de Biblioteconomia em si. Certos profissionais de outras
áreas, mesmo participantes da formação de bibliotecários, julgam-se
superiores e, mais grave ainda, os docentes bibliotecários os aceitam como
tal! Há cursos no Brasil que, de tão descaracterizados pela
pseudo-interdisciplinaridade, por preconceitos medianos e desrespeitosos ao
meio, entraram em colapso, em crise de identidade, originando conseqüências
catastróficas à profissão e aos profissionais. Os desdobramentos iniciam-se
pelo não reconhecimento da cientificidade da área. O que se torna muito
estranho, *mesmo*.

Nós, bibliotecários, há milênios indexamos, criamos classificações do
conhecimento, criamos linguagens documentárias e representação documental;
estudamos comunicação com os usuários, e, pelo menos durante todo século XX,
elaboramos e utilizamos dados estatísticos para avaliação de nossos
instrumentos e seu uso (Otlet já tratava da bibliometria e faleceu em 1944)
(13). Nada disso chegou junto com os computadores, ou com a análise de
sistemas, ou com bancos de dados. Ao contrário, os conhecimentos
biblioteconômicos tornaram-se subsídios para o desenvolvimento de conceitos
teóricos nas áreas computacionais, entre outras.

Fique bem claro que não tenho absolutamente nada contra a computação! Adoro
os equipamentos que facilitam nossa vida, cada dia mais práticos. Quem,
vinte anos atrás, enfrentou filas e mais filas de bancos, ou pagamentos em
carnê nas lojas, ou até cadernos de armazém, sabe o quanto vale um
caixa eletrônico! Nada de voltar à era pré-internet, ou ao início do século
XX, quando tínhamos varíola, gripe espanhola, tuberculose e outros males,
sem vacina alguma, ou sem possibilidade de cura. Nada de saudosismos
baratos! Os séculos XIX e XX têm importância histórica, social, filosófica,
de grandes mudanças e acomodações da humanidade, mas viver no século XXI é
muito melhor...

Nada disso, porém, nos impede de reconhecer que, mesmo mudada, a
Biblioteconomia continua aí, abrindo portas a todos os seres humanos, não
para uma "sociedade do conhecimento", mas para a transformaç� �o, o
crescimento, o aprimoramento ético e social de cada indivíduo.

Por isto, indago: por que a Conferência Geral da IFLA, o mais importante
evento biblioteconômico do mundo, com textos absolutamente essenciais para
conhecimento e atualização dos bibliotecários, não vale pontos, ou quase
nada, no conceito CAPES? Por que o CBBD [Congresso Brasileiro de
Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação] é desprezado pelos
docentes de Biblioteconomia, com mínimo comparecimento? (Parece que a CAPES
também não reconhece este congresso.) Por que temos cursos
"burocrático-contabilistas" (especialmente na pós-graduação), onde se conta
a produção docente em números? Alguém já se deu ao trabalho de investigar se
uma produção excessiva não é fruto do...

Adriano Goulart - Bibliotecário
Blog:
http://adrianoagr.blogspot.com
Twitter: www.twitter.com/adrianoagr

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Análise do discurso midiático da imprensa escrita frente a problemas de segurança pública em comunidades urbanas periféricas e a repercussão social de seus processos comunicativos.

 

Análise do discurso midiático da imprensa escrita frente a problemas de segurança pública em comunidades urbanas periféricas e a repercussão social de seus processos comunicativos.

Adriano Goulart 1

RESUMO:

O artigo busca observar o discurso midiático da imprensa escrita frente a problemas públicos de segurança em comunidades periféricas da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Trás contribuições da discussão sobre o papel social dos média, construção social da realidade e o conceito de acontecimento. Estuda o caso específico da cobertura do Jornal Estado de Minas sobre o acontecimento conhecido como "Toque de Recolher em Contagem", em que o período de observação foi de 06/04/2010 a 12/04/2010. Enfatiza o impacto e o comportamento social em relação a atuação jornalística.

Palavras-chave: discurso midiático, construção social da realidade, papel social dos média.



  1. Introdução:

"Hoje nós estamos acostumados a pensar que os indivíduos que aparecem em nossos televisores pertencem a um mundo público aberto para todos. Podemos sentir certo grau de familiaridade com as personalidades e os líderes políticos que aparecem regularmente na televisão e na mídia. Podemos até considerá-los amigos, e referimo-nos a eles com certa intimidade. Mas sabemos também que eles aparecem diante de milhares ou milhões de outros, que eles são acessíveis a muitos outros além de nós. E por isso, embora possamos ver e ouvir estas celebridades com certa freqüência, é muito pouco provável que alguma vez as encontremos no curso de nossas vidas cotidianas.' (THOMPSON, 2009)



Há também em nossos tempos uma aproximação excessiva entre os meios, ou um processo de complementaridade entre o conteúdo disponibilizado por esses dispositivos de forma que, aquilo que é veiculado em um programa televisivo ou de rádio em geral, é reapresentado daquilo que já foi disseminado em outras fontes, como a imprensa escrita, e vice-versa.

Dessa forma, o fenômeno colocado por Thompson anteriormente, da intimidade e referencialidade que é adquirida por certas celebridades em relação ao seu público, pode ser migrado e observado também nos jornais escritos, por exemplo. Dessa vez, não mais como uma celebridade em questão, mas com um peso institucional que usa do prestígio de seus articulistas e correspondentes, ou mesmo da atuação dos mesmos para reproduzir os acontecimentos estendendo seu pensamento e opinião diante de fatos e problemas públicos.

Identificados com estratégias discursivas e posições de determinados jornais, os leitores desses veículos tendem a referenciar suas posições sobre assuntos diversos baseando-se unicamente nas colocações desses grupos comunicativos, de certa forma, reproduzindo seu conteúdo e legitimando a forma com que as informações são colocadas ao público leitor.

Mas o que acontece quando determinadas informações construídas e disseminadas por essas mídias tidas como veículos de grande credibilidade não são necessariamente expostas com a devida problematização contextual? Como referenciar-se numa notícia veiculada num espaço de tempo determinado se ao analisarmos tais discursos, os mesmos apresentam desvios, omissões ou superficialidades? E qual o comportamento da sociedade que se vê revelada, em um problema público de segurança, na qual a construção da realidade tem como determinante a performance midiática dos veículos informacionais ocorrendo-se através da cobertura de jornais e dispositivos diversos, colocados numa ótica de concorrência midiática em que tudo é espetacularizado?

Nesse ensaio procuramos analisar a cobertura midiática da imprensa escrita de um jornal com grande circulação na região metropolitana de Belo Horizonte. O "Estado de Minas" dos Diários Associados, terá seu discurso observado frente a problemas de segurança pública em comunidades urbanas periféricas e a repercussão social de seus processos comunicativos. Como estudo de caso, observamos o acontecimento intitulado "Toque de recolher na cidade de Contagem (MG)' cuja cobertura do veículo em questão aconteceu entre os dias 06/04/2010 e 12/04/2010.



  1. Sobre o papel social dos média



Numa primeira observação, coloca-se em análise a representatividade dos veículos de comunicação no espaço social. Afinal, tais produtoras de informação podem ser visualisadas como apenas disseminadores de notícias e acontecimentos imprevistos? Ou essas agências são dotadas de intencionalidades pré-determinadas e funcionam como reprodutoras de uma ideologia ou hegemonia cultural?

Questionando-se o propósito da imprensa, a destinação dada aos seus conteúdos e a classe do público a quem os veículos se orientam, o professor 2José Marques de Melo, renomado pesquisador e líder-pioneiro dos estudos de jornalismo comparado no Brasil, citado por Erbolato, M, L., 1991, p.114, escreve:

"Nos países e regiões de baixo nível econômico e, consequentemente , de baixo nível cultural, a imprensa assume o papel de um meio de comunicação de elite, se comparado aos outros meios de comunicação social". "É o caso do Brasil e da grande maioria dos países do chamado Terceiro mundo, onde a leitura dos jornais, por exemplo, é feita regularmente apenas pelas classes abastadas e por setores da classe média." basta analisar a as estatísticas da UNESCO para chegar a essa conclusão". (ERBOLATO, 1991, p.114)

Isso repercute de forma integral na reflexão, uma vez que embora o público leitor interaja com a concepção da notícia, e nesse sentido, conforma ou não tais entendimentos, em geral o conteúdo e a estratégia discursiva utilizada pela mídia impressa vêm carregados de elementos alinhados a uma ideologia elitista e conservadora que congrega interesse dos produtores e patrocinadores dos veículos comunicativos. Mesmo apropriados de certa sutileza, os termos utilizados para veiculação das notícias apresentam muito da visão que é compartilhada sobre os assuntos por uma chamada hegemonia dominante.

Os estudos de Stuart Hall, coloca (MATTELART, 1995), sobre o papel ideológico da mídia e a natureza da ideologia representam um momento importante: Do lado da audiência, a análise de Hall definiu três tipos de decodificação: "dominante, oposicional e negociada". O primeiro corresponde aos modos de ver "hegemônicos", apresentados como "naturais, legítimos , inevitáveis, o senso comum de uma ordem social e de um universo profissional."

O segundo interpreta a mensagem a partir de um "outro quadro de referência" , de uma visão de mundo contrária (por exemplo, traduzindo o "interesse nacional" por "interesse de classe"). O código negociado é uma mescla de elementos de oposição e de adaptação, um misto de lógicas contraditórias que subscreve significações e valores dominantes, mas busca numa situação vivida em interesses categorias por exemplo, argumentos de refutação de definições geralmente aceitas.



  1. A construção social da realidade.

Ao pensarmos que na representação da sociedade, em que aparecem especialmente as rupturas, no eixo do tempo ou no campo social, (LUHMANN, 2005) afirma que de "forma correspondente, conformidade e acordo, repetição sempre das mesmas experiências e constância das condições gerais permanecem subiluminadas." e acrescenta que "prefere-se antes os distúrbios à ordem por força de uma habilidade profissional existente entre os realizadores midiáticos".

Para (TRAQUINA, 1999) "As notícias constituem uma narrativa representativa da cultura. Assim, as notícias ajudam-nos a compreender os valores e os símbolos com significado de uma determinada cultura." Citando 3Paillet, Marc (1985, p.168), Traquina lembra que "a notícia impressa não se parece nunca com o fato visto: as escolhas, as distorções, os múltiplos constrangimentos mais ou menos inevitáveis aparecem de modo evidente". Dessa forma, os jornalistas não são simplesmente observadores passivos, mas ativos no processo de construção da realidade.

Assim, a linguagem utilizada pelos veículos de informação e comunicação por conseguinte, segundo Coward &Ellis citado por Traquina (1999, p.124) é tratada como uma "representação, um reflexo do mundo real". Nisso, a "narrativa realista não parece ser a voz de um autor, ou melhor a sua fonte parece ser a uma realidade autêntica, que fala ao ouvinte. "



  1. Sobre a noção de acontecimento e a notícia



Acontecimento, segundo QUÈRÉ (2005), "não é só um facto no mundo, composto de dados actuais e susceptível de ser explicado causalmente ou interpretado à luz de um contexto. Produz-se contra toda expectativa ou previsão." Dessa forma, ele força a sociedade a olhar para o passado buscando valores e elementos que possam dar um parâmetro de interpretação para a nova ordem.

Um acontecimento inaugura um novo tempo. E nessa busca de entendimento sobre a nova ordem abre-se um campo de novas possibilidades até então não percebidas.

A mídia e os veículos de comunicação têm um papel fundamental nessa nova interpretação da realidade. Ela contribui disponibilizando a sociedade de elementos que favorecem a conexão entre o passado e o ocorrido para fins de restabelecer uma continuidade cognitiva dos fatos.

Para (TRAQUINA, 1999), "acontecimentos noticiáveis são aqueles que parecem interromper as fronteiras de um consenso. O consenso se baseia nos meios de ação legítima e institucionalizada."

Em alguns momentos, o enquadramento dado ao acontecimento pela mídia e a imprensa sugere possibilidades que na medida em que a sociedade culturalmente conforma, estabelece-se novos paradigmas, mas que via de regra, tem caráter conservador e tradicional. O enquadramento normalmente está associado a ideologia produtora da notícia. Ela e as ideologias sociais dominantes estão integralmente ligadas.

A mídia costuma revestir os acontecimentos de emocionalidade, o que constituem um de seus impactos principais. Essa especulação, completa (TRAQUINA, 1999) sugere que "a transmissão de acontecimentos os torna não só diferentes, mas principalmente mais importantes."

Especial atenção dá-se ao foco que o jornalismo dá as chamada "negatividade da notícia". Para (TRAQUINA, 1999) as notícias que apresentam elementos negativos como crimes, por exemplo, "envolvem o lado negativo de um consenso, visto que a lei, nesse caso, define aquilo que a sociedade julga ser tipo de ação Ilegítima" e tendem a conseguir mais audiência, uma vez que sua comunicabilidade ocorre-se sem grandes dificuldades. A sociedade conforma com mais facilidade a itens noticiosos desse perfil. Costuma-se inclusive já previamente ter-se idéia do roteiro dos acontecimentos e a função dos personagens no aspecto performático. Sua repetição costuma estar associada ao impacto na audiência.

Nesse contexto,

"na área das notícias de crime, os media parecem estar mais fortemente dependentes das instituições de controle do crime para as suas "estórias" do que praticamente em qualquer outra área. A polícia , os porta-vozes do Ministério do Inteior e os tribunais constituem um quase monopólio como fontes de notícias de crimes". (TRAQUINA, 1999, P.239)



  1. Análise da cobertura do Jornal Estado de Minas, dos Diários Associados no acontecimento que ficou conhecido como "Toque de Recolher em Contagem".

Observaremos a seguir a cobertura midiática jornalística do acontecimento em questão. Como referência, acompanharemos o discurso midiático escrito, que foi veiculado entre os dias 06/04/2010 e 12/04/2010. Período esse em que houve cobertura desse fato pela mídia televisiva, webjornalismo e sobretudo dos jornais impressos de toda a capital mineira.

Na terça-feira, 06/04/2010, o Jornal Estado de Minas veiculou sua primeira matéria sobre o caso, acompanhando já sua repercussão, uma vez que o acontecimento iniciou-se três antes.

Em sua Capa , a chamada era : "Tráfico desafia polícia em contagem." A informação complementar trazia : "A mando de traficantes, comércio e escolas não abrem as portas nos bairros Estrela Dalva e São Mateus, mesma com reforço policia. A ordem foi dada no sábado, depois da morte de dois homens acusados de roubo à mão armada e suspeitos de envolvimento com tráfico.

Nota-se que a princípio apresenta-se um problema de segurança pública em que o embate travado entre polícia e supostos traficantes da região no qual a astúcia dos bandidos colocara toda a eficiência da polícia em cheque e afetara toda população local.

Na mesma edição, na página 22, a manchete trazia meia página superior do jornal, em destaque no alto da página a palavra "MEDO", em caixa alta sugerindo o clima da proposta.

A matéria trazia uma foto central cujo enquadramento se dava em três viaturas da polícia no plano principal e ao fundo, lojas com as portas fechadas. O título: "Toque de recolher imposto por traficantes no Estrela Dalva e São Mateus, em Contagem, na Grande BH, desafia a polícia e mantém os moradores atemorizados desde a noite de sábado. ". Em destaque: "Bairros sem aula e comércio" com letras grandes.

O lead trazia as seguintes informações: "O Comércio não abriu a portas e nas salas de aula as carteiras permaneceram vazias no terceiro dia do toque de recolher imposto por traficantes nos bairros Estrela Dalva e São Mateus, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A ordem foi dada no sábado, depois que a Polícia Militar encontrou os corpos de dois moradores do Estrela Dalva num matagal no Morro do Cabrito, no Bairro Arvoredo II. Segundo a polícia, Wanderson Roque Souza, de 22 anos, e Marvel Ferreira Soares, de 26, tinham passagem pela polícia por roubo à mão armada e eram suspeitos de participação no tráfico de drogas na região".

Nota-se na apresentação, já uma preocupação em obter a versão policial sobre o contexto, que prontamente coloca os jovens citados como meliantes com antecedentes criminais. Versão essa que não será confirmada futuramente.

Os parágrafos seguintes apresentam uma série de informações que contextualizam a notícia e o propósito da matéria, como segue:

Parágrafo 2:

1 – Traficantes ordenaram que o comércio fechasse as portas no sábado, 01/04. (Informação da polícia) / 2 - No domingo, 02/04, um ônibus da linha 2810 (que liga Estrela Dalva ao São Mateus) foi incendiado por quatro homens. (Informação da polícia) / 3 – Esses homens deixaram um bilhete próximo ao coletivo, informando que os ataques e o toque de recolher só iriam terminar quando as mortes de Wanderson e Marvel fossem esclarecidas. (Informação da polícia)

Parágrafo 3:

1 – Cemig esteve no local para fazer reparos. (Informação da polícia) / 2 – Moradores não se arriscam a falar sobre o assunto. (Apuração do jornal) / 3 – Morador "Não identificado" confirmou que houve uma ordem dos traficantes para que o comércio , as escolas e o posto de saúde não abrissem enquanto não fosse dada autorização. (Apuração do jornal)

Parágrafo 4

1 – Escola Municipal Wancleber Pacheco e Escola Estadual Maria de Sales não funcionaram. (Apuração do Jornal) – Obs: Segundo a Secretaria Municipal de Educação de Contagem, a Escola Municipal Wancleber Pacheco fica no bairro Tijuca, e não nos bairros anunciados como vítimas do toque de recolher inicialmente. / 2 – Moradores afirmam que traficantes disseram que as pessoas mataram os jovens foram os policiais. (Apuração do jornal). / 3 – Comerciante (não identificado) afirma que os dois rapazes mortos "eram pessoas trabalhadoras e muito queridas no bairro". (Apuração do jornal)

Parágrafo 5

1 – Polícia dobrou o policiamento nos dois bairros após o toque de recolher (Informação da polícia) / 2 – Além do policiamento comunitário, se juntaram a Companhia de missões especiais, Grupo especializado de policiamento em Áreas de Risco da PM, Grupo Especial de resgate, polícia civil. (Informação da polícia) / 3 – Polícia diz que "tenta garantir a segurança dos moradores, para que a rotina volte ao normal"

Parágrafo 6

1 – Polícia afirma que já identificou os traficantes – "Já estamos no encalço dos suspeitos" / 2 – Polícia afirma não divulgar os nomes para não atrapalhar nas investigações / 3 – Delegacia de homicídios afirma que "esclarecerá o caso nas próximas horas"

Nota-se que no primeiro dia de apuração, há um interesse em compreender e esclarecer a situação e apresenta um discurso que busca atender uma necessidade imediata de resolução do caso. No entanto, a versão oficial da polícia é a de que os jovens mortos (motivos do toque de recolher) tinham antecedentes criminais, mas a população parece transparecer que os jovens não tinham esses problemas com a justiça e contrariamente eram jovens considerados "queridos" pela comunidade. No entanto, privilegia-se a versão da polícia.

Na quarta-feira, 07/04/2010, o jornal cobria novamente o acontecimento, que ainda não havia sido solucionado. Em sua página 25, na seção "Gerais", meia página inferior foi dedicada ao assunto. Em destaque no alto da notícia a chamada "toque de recolher". Duas foto centrais chamavam atenção a matéria e o enquadramento da foto 1 apresentava uma senhora idosa com a mão na cabeça (Legenda informa que ela tem dores no corpo, tem 91 anos e achou a unidade "lacrada"), sem informar qual unidade seria essa. A foto 2 trazia em seu enquadramento uma rua com várias viaturas da polícia. O título trazia: "No quarto dia do terror imposto por bandidos em dois bairros de Contagem, lojas e escolas não abrem e PM reforça a vigilância". Em destaque: "Até posto de saúde é fechado pelo tráfico".

O lead da notícia era: "Moradores dos bairros São Mateus e Estrela Dalva na Grande BH, viveram ontem mais um dia de medo devido ao toque de recolher imposto por traficantes. O comércio não abre as portas desde sábado e pelo menos mil alunos da rede municipal de ensino estão com as aulas suspensas. O posto de saúde também foi fechado ontem. Nas rodas de conversa nas praças e nas esquinas, o assunto é o terror espalhado pelos traficantes. Ontem, o secretário municipal de Educação Lindomar Diamantino, percorreu duas escolas municipais e pediu que a Polícia Militar reforçasse a segurança nas Instituições para que as aulas tenham início hoje. Mesmo com medo, alguns professores teriam se comprometido em retornar as salas de aula. "

Na sequência, o clima de "terror" é enfatizado:

Parágrafo 2

1 – Vaivém de policiais armados lembra 'cenário de guerra." (Não houve apuração de sequer um embate entre a polícia e os supostos traficantes) / 2 – Moradores suspeitos são abordados (Apuração do jornal) / 3 – Moradores vêem a movimentação das janelas de suas casas. (Apuração do jornal) / 4 – Dois ônibus foram depredados e um incendiado ontem. (A apuração policial constatou que embora os incidentes tenham de fato acontecido, apenas um deles aconteceu realmente na região do acontecimento em questão. Houve então, uma apropriação da notícia no sentido de ampliar a tese de terror. ) / 5 – Traficantes teriam deixado um bilhete informando que o toque de recolher só acabaria quando as pessoas que mataram os dois jovens forem presos. (Informação policial)

Parágrafo 3

1 – Polícia informa que já tem o nome de 4 suspeitos de impor o toque de recolher. / 2 – Polícia aguarda emissão de mandado de buscas.

Parágrafo 4

1 – No quarto dia do toque de recolher, comerciante (não identificado) afirma que só vai abrir as portas quando os traficantes autorizarem. (Apuração do jornal) / 2 – Uma mulher (não identificada) diz que "já pensa em se mudar" "Aqui a gente não tem paz". (Apuração do jornal)

Parágrafo 5

1 – Posto de saúde tem os portões trancados (Apuração do jornal) / 2 – Senhora (não identificada) pergunta: "até quando isso vai durar?" (Apuração do jornal) /

Parágrafo 6

1 – O jornal retoma a apresentação dos motivos do acontecimento.

No segundo dia da cobertura, o jornal ainda privilegia a informação oficial, e adota uma estratégia de apresentar entendimentos de populares. O fato de alguns moradores não aceitarem se identificar favorece a proposição do jornal de expressar o ambiente de medo. Agora a polícia afirma e os moradores não se identificam.

Na quinta-feira, 08/04/2010, quinto dia da situação, o Jornal Estado de Minas trouxe em sua capa uma chamada na lateral esquerda inferior com destaque "Medo em Contagem – Comércio e serviços públicos fecham pelo quinto dia seguindo em três bairros de Contagem, mesmo com a cavalaria da PM reforçando operação contra o toque de recolher imposto por traficantes".

Na página 24 do caderno "Gerais", novamente meia página superior é dedicada ao assunto. Em destaque no alto da notícia a chamada "Domínio do Tráfico". Duas fotos laterais – 1 grande e outra pequena – traziam em seu enquadramento 1 (foto grande) : Cavalaria da polícia em uma rua do bairro, ao fundo, espaços com portas fechadas. (na legenda da foto: Cavalaria da Polícia Militar reforçou ontem o policiamento ostensivo para garantir a segurança à população nas ruas do bairro Estrela Dalva"). No enquadramento 2: Presença da polícia num espaço público, aparentemente uma praça (na legenda – Agentes ocuparam também o Bairro Tijuca, onde lojas foram fechadas) .

No título da matéria: "PM monta operação de guerra, ocupa ruas e becos, mas não consegue pôr fim ao fechamento, pelo quinto dia consecutivo, do comércio e de serviços públicos em três bairros de Contagem".Em destaque: "Toque de recolher se alastra".

No lead: "A Polícia Militar armou uma operação de guerra para tentar por um fim ao toque de recolher imposto sábado por traficantes nos bairros São Mateus e Estrela Dalva , em Contagem, na Grande BH. Na operação , homens da cavalaria e do Batalhão de Policiamento de eventos se juntaram ontem ao efetivo do tático móvel, à Companhia de Missões Especiais, ao Grupo Especializado de Policiamento em Áreas de Risco e ao Grupo especial de Resgate. Quem entra e sai dos bairros afetados é abordado. As ruas e becos foram tomadas por policiais fortemente armados."

Parágrafo 2

1 – Comerciantes do bairro tijuca fecham as portas com medo de retaliações. (Apuração do jornal – nota-se que não houve nenhum incidente nesse bairro.) / 2 – Possibilidade de acontecer o toque de recolher nos bairros Confisco e Pedra Azul (Apuração do jornal) / 3 – Polícia prende um suspeito de ter incendiado o ônibus no domingo. (Informação policial)

Parágrafo 3

1 – Escolas e posto de saúde não funcionam no quinto dia consecutivo. (Apuração do jornal) / 2 – Comerciante (não identificado) diz que perdeu R$20,000 em frutas e hortaliças. (Apuração do jornal) / 3 – Morador (não identificado) afirma que para fazer comprar, tem de ir a outras regiões de Contagem. (Apuração do jornal)

Parágrafo 4

1 – Comerciantes afirmam que só vão abrir as portas sob autorização dos traficantes (Apuração do jornal) / 2 – A PM afirma ter o nome de suspeitos de comandarem o tráfico de drogas

Parágrafo 5

1 – Um dos supostos envolvidos seria um adolescente de 15 anos. (Apuração do jornal) / 2 – A polícia afirma garantir a segurança dos comerciantes, mas estes insistem em não abrir. (Informação policial) / 3 – A polícia afirma que irá fazer um trabalho de prevenção com os moradores logo que a situação for normalizada.

Parágrafo 6

1 – Pais de alunos de escolas municipais não mandam os filhos para as aulas, mesmo com a garantia de segurança. (Apuração do jornal) / 2 – Professores das escolas locais em reunião afirmam só voltar as aulas na próxima segunda feira. (Apuração do jornal) / 3 – Moradora (não identificada) diz: "A gente não sabe se pode ocorrer um tiroteio a qualquer momento. Vou aguardar as coisas melhorarem para o meu filho voltar a estudar". (Apuração do jornal) / 4 – O jornal retomou a apresentação dos motivos do acontecimento do dia 06/04. / 5 – Ivan Vieira de Sá, 18 anos, foi autuado por porte ilegal de munição, apontado em denúncias anônimas como homem que incendiou o coletivo no domingo. (Informação policial)

Parágrafo 7

1 – Prefeitura de Contagem remanejou médicos, enfermeiros e auxiliares para unidades de saúde de bairros próximos. (Apuração do jornal) / 2 – Cartazes com informações sobre o atendimento de saúde foram distribuídos (Apuração do jornal). / 3 – Secretaria de Estado de Defesa social divulgou nota oficial, afirmando que as áreas de inteligência estão em processo de investigação para pro fim ao toque de recolher.

Nota-se que a partir desse dia, já há uma repercussão do acontecimento cujo comportamento das comunidades vizinhas foi afetado. A reportagem já demonstra certa inquietação com a situação. Embora, de fato concreto, apenas o acontecimento do ônibus incendiado tivesse realmente ocorrido e felizmente sem vítimas, a população, provavelmente alardeada pelo clima tenso provocado pela presença ostensiva da polícia e assustada com a cobertura da mídia, que repetidas vezes propõe os termos "terror" e "medo", adota um comportamento de prudência e reproduzem o clima construído pela imprensa, fechando suas portas. Dessa forma, geograficamente a área de abrangência do toque de recolher se amplia sem nenhum ato de violência, ou imposição de traficantes confirmados. Percebe-se aqui uma construção da realidade que incide diretamente no comportamento da população.

Na sexta-feira, 09/04/2010, a cobertura continua com a manutenção da estratégia espetacularizada. A capa veicula uma chamada na parte inferior – "Medo em Contagem: PM prende um dos suspeitos de ordenar toque de recolher". Em seu caderno "Gerais", na página 28 novamente utiliza-se de meia página superior cujo destaque no alto da notícia lembra o "toque de recolher". Como elementos visual, uma foto lateral, no qual o enquadramento focaliza um policial de costas e viatura da PM. Ao fundo, lojas com as portas fechadas.

Como título: "Acusado de incendiar ônibus e impor fechamento de lojas e serviços públicos em três bairros de Contagem, jovem é detido e nega crime. PM investiga assassinatos e prefeitura exige soluções". Em destaque: "Polícia prende suspeito".

O lead na matéria apresenta: "A Corregedoria da Polícia Militar instaurou inquérito para apurar o suposto envolvimento de PMs no assassinato de dois jovens no Morro do Cabrito, no Bairro Arvoredo II, em Contagem, na Grande BH. Os crimes teriam motivado o toque de recolher imposto há seis dias por traficantes de drogas nos bairros Estrela Dalva, São Mateus e Tijuca, exigindo a apuração dos crimes, fechamento do comércio e serviços públicos".

Na sequência: Parágrafo 2

1 – Houve comentários sobre a participação de militares no homicídio dos jovens (Apuração do jornal) / 2 – Comando da Polícia resolveu apurar, mesmo sem haver denúncia formal. (Informação policial) / 3 – Segundo comandante, "acusações sem fundamento". (Informação policial)

Parágrafo 3

1 – Polícia prende suspeito de ter incendiado um ônibus (Informação policial)

Parágrafo 4

1 – Com o suspeito foi apreendido munições de calibres 380 e 9 mm. (Informação policial)

Parágrafo 5

1 – Polícia mantém sua tropa na região do Estrela Dalva , abordando suspeitos (Informação policial)

Parágrafo 6

1 – Prefeita de Contagem, Marília Campos, reuniu-se com os comandos das policiais civil e militar, exigindo uma resposta imediata para os problemas. (Apuração do jornal)

Parágrafo 7

1 – De três escolas municipais, uma continua fechada por causa do toque de recolher. (Apuração do jornal). Segundo a Secretaria Municipal de Educação de Contagem, nos bairros afetados diretamente só há uma escola municipal, no bairro Tijuca. As outras são escolas estaduais.

A cobertura desse dia trouxe elementos reveladores da situação, que foi o reconhecimento por parte do Comando da Polícia da existência real de denúncias sobre a participação do seu efetivo na morte dos dois jovens, que seriam a motivação para a imposição do toque de recolher. Interessante o fato de que a abordagem aos moradores "não identificados" já não aparece na cobertura jornalística. O cenário de entendimento do acontecimento gera outro universo de possíveis com a abertura de diligência da polícia sobre a participação dos policiais. Note-se também que mesmo com quase uma semana da situação, os supostos traficantes que impuseram o toque de recolher ainda não foram anunciados e os detidos devidamente apresentados.

A estratégia midiática de colocar a PM como fonte primeira de elucidação de um problema de segurança pública esbarra na contextualização de um Estado ausente e ineficiente frente a uma situação inusitada e completamente inesperada. Rapidamente utiliza-se de uma tentativa de resposta retórica, que em médio prazo é confrontado com uma prática ínfima de presença em comunidades não elitizadas.

No sábado, 10/04/2010, o jornal veicula na página 22, meia página superior no qual a chamada ainda é o "toque de recolher". Duas fotos centrais. Uma Foto grande e outra pequena. Enquadramento foto 1 : Policias de costas. Ao fundo, lojas com as portas fechadas (Legenda da foto – apesar do patrulhamento ostensivo no Bairro Tijuca, na Grande BH, o comércio não abriu as portas). Enquadramento foto 2: Rapaz escrevendo a palavra paz numa rua. Ao fundo, aparentemente uma loja com as portas fechadas. (legenda: Pastor Luiz Paulo Terrinha pinta a palavra paz em calçado do bairro).

Com o título: "Comércio, escolas e postos de saúde de três bairros em Contagem continuam fechados, mesmo com megaesquema que envolveu 240 policiais militares e civis. Treze suspeitos foram presos". Em destaque: "Operação não surte efeitos"

No Lead: "Uma megaoperação das polícias Civil e Militar na manhã de ontem, para prender suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas, homicídios e outros crimes, não foi suficiente para resgatar a tranqüilidade nos bairros Estrela Dalva, São Mateus e Tijuca, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Há uma semana, traficantes determinaram o toque de recolher e mesmo com a prisão de 13 suspeitos com comércio e unidades de atendimento à população , como postos de saúde e escolas , permanecem sem funcionar ".

Parágrafo 2

1 – O toque de recolher teria sido motivado pelo assassinato de dois rapazes, crimes atribuídos a policiais militares e que levaram a corporação a abrir inquérito. (Apuração do jornal) / 2 – Polícias fazem ação envolvendo 240 militares e policiais civis. (Informação policial)

Parágrafo 3

1 – Comboios com policiais foram diretos a casa dos suspeitos. (Informação policial) / 2 – Presos foram apresentados a imprensa no DI. (Informação policial) / 3 – Polícia não aponta qual seria a real participação de cada um nos últimos acontecimentos (Apuração do jornal) / 4 – Apenas 3 estariam presentes na ação do incêndio ao ônibus (Apuração do jornal)

Parágrafo 4

1 – Comerciante é advertido pelos policiais por ter colocado faixa em seu estabelecimento com "entendimento contrário" ao dos policias (Apuração do jornal) / 2 – Pastor evangélico organiza uma marcha pela paz, sem data definida, na região (Apuração do jornal)

Parágrafo 5

1 – Pastor e fieis de Igreja Evangélica escreve palavras de paz (Apuração do jornal) / 2 – Polícia afirma que vai continuar na região (Informação policial)

Parágrafo 6

1 – Policia confirma que há denúncias a participação de policiais na morte de jovens que teriam motivado o toque de recolher. (Informação policial) / 2 – Delegada conclama a população a se manifestar através do disque-denuncias 181 (Apuração do jornal)

A análise do noticiário desse dia mostra-nos o discurso reconhecido como oficial apresentando contradições. Embora a ação policial tivesse sido divulgada como "megaoperação", e seu resultado fora a detenção de 13 pessoas, o incômodo social não havia sido resolvido. A polícia também reconheceu que dos mesmos, somente 3 tinham alguma ligação com o caso, através do episódio do incêndio do ônibus.

Nota-se também uma mudança de postura em relação a comunidade local por parte da mídia, que embora ainda sofresse com o toque de recolher, não era mais apresentado como "não identificado". A presença de nomes como o do 'pastor evangélico que pintava palavras de paz na calçada" revela a existência de talvez uma mínima organização local, com lideranças públicas, conscientes, e contrarias a proposição de ser apresentada como uma comunidade carente, pobre e amedrontada.

No Domingo, 11/04/2010, O Jornal Estado de Minas busca elementos que configurassem uma retrospectiva da semana. Dessa vez, apresenta uma foto na Contra Capa de sua edição – Nela, uma Legenda que informava: "Toque e recolher – pão, leite, feijão, verduras e remédio. Tudo isso e muito mais está em falta , há uma semana, para cerca de 60 mil moradores dos bairros Estrela Dalva, Tijuca e São Mateus, em Contagem, na Grade BH. O desabastecimento geral é em função de um toque de recolher imposto por traficantes da região, e mesmo com a presença ostensiva da PM, nenhum estabelecimento comercial abriu as portas, nem mesmo igrejas e lojas de jogo de bicho. Amedrontada a população só fala sem revelar a identidade").

Percebe-se que nessa apresentação, o jornal retoma o caso sem explicar os motivos que a princípio levaram ao problema de segurança pública e nem ao menos sem apreciar o envolvimento da polícia contraditório no caso.

Na segunda-feira, 12/04/2010, a resolução do caso. Capa com chamada lateral: "Violência: Depois de 9 dias , comércio pode voltar a abrir em Contagem – Moradores dos bairros São Mateus, Estrela Dalva e Tijuca dizem ter recebido informação de que toque de recolher imposto dia 3 por traficantes deve ser suspenso hoje. Policia militar mantém efetivo reforçado na região."

Dessa vez, em seu caderno "Gerais", na página 23, o jornal utiliza-se de apenas ¼ da página superior direita para a matéria e coloca chamada "população refém".

Uma foto lateral é apresentada cujo enquadramento: Viatura da polícia em rua do bairro com as pessoas olhando para viatura (legenda : Carro policial fez patrulhamento ontem no Aglomerado Recanto da Pampulha, no Bairro Estrela Dalva).

O título trás: "fechados há nove dias, por ordem de bandidos, lojas, escolas e postos de saúde reabrem hoje, em três bairros de Contagem." Em destaque: "Tráfico suspende toque de recolher".

No Lead: "Depois de nove dias de toque de recolher imposto por traficantes e o cerco geral da Polícia Militar, lojas, bares, oficinas , escritórios, escolas e postos de saúde voltam a funcionar hoje nos bairros São Mateus, Estrela Dalva e Tijuca, em Contagem, na Grande BH. Durante esse período, mais de 60 mil moradores só saíram para o trabalho, sendo obrigados a viajar peara regiões vizinhas para comprar comida e remédios. Mesmo com a presença ostensiva de policiais militares durante o dia e a noite, comerciantes não se arriscaram a abrir ar postas. A ação seria em represália ao assassinato de dois jovens."

Parágrafo 2

1 – comércio não funcionou depois da morte de dois jovens. (Apuração do jornal)

Parágrafo 3

1 – Este toque de recolher foi o mais prolongado da região metropolitana de BH (Apuração do jornal) / 2 – Polícias fez patrulhamento e rondas durante toda a semana, mas ninguém foi preso. (Apuração do jornal) / 3 – Apenas algumas Igrejas Evangélicas e Católicas abriram as portas (Apuração do jornal)

Parágrafo 4

1 – Segundo moradores, circulou uma informação de que traficantes suspenderiam hoje o toque de recolher (Apuração do jornal) / 2 – Jovem disse que tem de ir de ônibus ao bairro Confisco para comprar alimentos. (Apuração do jornal) / 3 – Segundo moradora "o problema aqui é que ninguém confia na proteção da policia e ela (a polícia) , muitas vezes não é nem um pouco simpática. (Apuração do jornal)

Nesse último dia de cobertura do "toque de recolher", a estratégia do veículo de comunicação foi a de propor uma espécie de balanço do acontecimento. Dessa vez, ela estabelece um discurso mais equilibrado no sentido de buscar uma suposta resolução do conflito. No entanto, ao apresentar uma síntese dos fatos, ela omite mais uma vez a problematização do caso, garantindo assim um desfecho simplificado do problema e sobretudo, o impacto que sua cobertura teve principalmente na população local.





  1. Conclusões



Procuramos refletir nuâncias relacionadas a cobertura midiática frente a problemas públicos de segurança. Nessa observação específica, a linguagem utilizada apresentou elementos que confirmam a fala de Pailet, quando adverte que a notícia impressa não se parece nunca com o fato visto. No entanto, a construção da realidade social e o tratamento dado aos fatos pelos profissionais da comunicação responsáveis, frente ao público leitor têm grande relevância no comportamento da comunidade. A mesma tende a referenciar-se na cobertura jornalística com fins de interpretação dos fatos e reintegração da continuidade temporal cognitiva. Portanto, a mídia não determina como será a atuação das pessoas, mas pauta caminhos possíveis de interpretação, em geral favorecendo a uma ideologia muito específica e mercadológica de orientação dos fatos.

Transparece-nos ao decorrer dos dias, elementos do discurso que buscam reforçar conceitos pré-existentes de sociedade e seus agentes, como na fala da polícia colocada como elemento de credibilidade intocável, mas que ao se deparar com situações internas contrárias a esse mecanismo (como exemplo, o envolvimento dos policiais no contexto do problema), omite-se ou ignora-se o acompanhamento no novo fato. O uso de termos como "aglomerado", "becos" "medo", "terror" garantindo a ambientação da proposta e o lugar de comunidades periféricas no entendimento social, e a afirmação inicial de que os jovens em que a polícia afirma ter envolvimento com o crime, mas que não são confirmados, no entanto reforçam a tese da manutenção de uma ordem social não analisada e com a problematização omitida durante o percurso.

À sociedade que conforma e legitimam esses entendimentos, sobretudo as comunidades próximas ao local do acontecimento e mais diretamente afetadas pela cobertura midiática restam-se a convivência com a repercussão que tal noticiário propõe. Bairros a partir daí estereotipados pelo fator violência, medo e terror. O reforço de elementos negativos, que no entendimento de uma cultura elitista, desloca o foco de seus problemas como de segurança pública para comunidades periféricas e garante seu restabelecimento nesses termos, com "bons" e "maus" bem definidos no contexto, mesmo sem a devida apreciação.

Comunidades essas também, que reclamam por não ver suas expressões culturais e sociais positivas acompanhadas com o mesmo interesse pela mídia e a sociedade como um todo. No estudo do caso em questão, não houve ponderações futuras após o ocorrido de como os moradores se colocaram após o término do toque de recolher. Houve manifestações? A polícia revelou ou prendeu os supostos traficantes que impuseram o toque? E a presença de policiais no crime dos dois jovens, que motivou a situação foi apurada ou veio a público? Infelizmente nada foi noticiado até o momento.



  1. Referências



ARMAND E MATTELART. Michele. Indústria Cultural, ideologia e poder, in.: Histórias das Teorias da comunicação . p.73 a 111 - 3º ed. 1995


ERBOLATO, Mario L. As categorias do jornalismo. In. Técnicas de codificação em jornalismo , p.26 a 44, 53 a 78 e 240 a 251 - 5º ed. 1991

Jornal Estado de Minas. Belo Horizonte, 2010. Caderno "Gerais". (06.abr.2010 a 12.abr.2010)

LAGE, Nilson. Estrutura da notícia. São Paulo: (s.n), 1987. 2.ed. p.16-44. (série princípios)

LUHMANN, Niklas. A construção da realidade. In.: A realidade dos meios de comunicação. São Paulo: Paulus, 2005. p.132-144


QUÈRÉ, L. Entre o facto e o sentido: a dualidade do acontecimento. Lisboa: Trajectos, 2005. p.59-75, (n.6)


THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade:uma teoria social da mídia. Petrópolis, Vozes, 2009. 261p.


TRAQUINA, Nelson (Org.). Jornalismo: questões, teorias e estórias. (s.l):veja, 1999. 358p.

1 Especializando do Curso de Pós Graduação em Comunicação: imagens e culturas midiáticas da UFMG -

  Bacharel em Biblioteconomia pela UFMG

2 José Marques de Melo. Comunicação, opinião e desenvolvimento. Petrópolis, Editora Vozes ltda.

3 Paillet, Marc. Jornalismo: 4º poder, p.154




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domingo, 9 de maio de 2010

Conheçam o trabalho de um bibliotecário - Matéria da globo universidade

Conheçam o curso de biblioteconomia - Matéria disponibilizada no Globo Universidade

Conheçam a Biblioteconomia - Matéria publicada pelo Globo Universidade - parte 1

Um pouquinho sobre Belo Horizonte

O essencial de Belo Horizonte



Fonte: http://turismo.ig.com.br/destinos_nacionais/2009/03/31/o+essencial+de+belo+horizonte+++minas+gerais+++guia+++atracoes+++capital+mineira+5225970.html

"É aqui que eu amo, é aqui que eu quero ficar, pois não há, lugar melhor que BH!"

A frase ajuda a pensar como Belo Horizonte é de verdade.
Quinta cidade mais populosa do Brasil, Belo Horizonte já foi eleita pela ONU como a metrópole com a melhor qualidade de vida da América Latina. Essa característica atrai pessoas não apenas para morar como também para visitar a capital mineira.
VEJA GALERIA DE FOTOS DE BELO HORIZONTE

Localizada bem no centro de Minas Gerais, BH, como é carinhosamente chamada, tem clima agradável o ano todo, belas paisagens, um povo hospitaleiro, uma gastronomia pra lá de atraente, além de estar perto de cidades turísticas irresistíveis, como as famosas cidades históricas mineiras.

A arquitetura de Belo Horizonte é uma atração à parte. Ela mistura importantes projetos franceses do começo do século XX com o traço moderno de Oscar Niemeyer. A região metropolitana, formada por 34 municípios, possui uma população de aproximadamente 5 milhões de habitantes.

Principais atrações

1 – Mercado Central

Av. Augusto de Lima, 744 - Centro. (31) 3274 9434 / (31) 3274 9473.

Não tem como ir a Belo Horizonte e não ir ao famoso Mercado Central. Inaugurado em 1929, o mercado é um dos passeios mais tradicionais na capital mineira é tomar uma cerveja bem gelada por lá, aproveitando para experimentar um delicioso tira-gosto nos botecos dos corredores. São mais de 400 lojas, que vendem desde hortifrutigranjeiros, passando pelos famosos doces mineiros, artesanato, ervas e raízes medicinais, entre outros produtos. Bares também não faltam no local. Uma dica é o badalado Restaurante Casa Cheia, que já foi campeão do festival Comida de Boteco mais de uma vez. A "estrela" de lá é o Mineirinho Valente, prato que leva canjiquinha (lá conhecida como quirela), carnes de porco e boi, além de queijo e couve. Imperdível!

2 – Museu de Arte da Pampulha Avenida Otacílio Negrão de Lima, 16585 - Pampulha - Zona 0.

Projetado por Oscar Niemeyer, o Museu de Arte da Pampulha antes era o Cassino da Pampulha e também é conhecido como Palácio de Cristal. Ele faz parte do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, completado pela Igreja de São Francisco de Asssis (também conhecida como Igreja da Pampulha), a Casa do Baile da Pampulha e o Iate Clube. No seu acervo de cerca de 1600 peças estão obras de arte contemporânea brasileira.

3 – Igreja da Pampulha Avenida Otacílio Negrão de Lima, s/n – Pampulha.

A Igreja São Francisco de Assis é mais conhecida como Igreja da Pampulha. Ela integra o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, cartão-postal de Belo Horizonte, às margens da lagoa de mesmo nome. Projeto de Niemeyer, a igreja foi concluída em 1945. O painel de azulejos que enfeita o exterior da igreja é de autoria de Cândido Portinari. Em 2005, ela foi restaurada.

4 – Casa do Baile
Avenida Otacílio Negrão de Lima, 751 – Pampulha.

Inaugurada em 1943, a Casa do Baile também integra o Conjunto Arquitetônico da Pampulha e era sede de um clube de dança popular. Depois que o cassino que funcionava onde hoje é o Museu de Arte foi desativado, a Casa do Baile acabou fechando suas portas, em 1948. As formas sinuosas da construção são seu grande atrativo.

5 – Praça da Liberdade
O agradável passeio até a Praça da Liberdade é um dos indispensáveis em Belo Horizonte. Construída na época da fundação da cidade, a praça é o centro do poder executivo do Estado e foi criada com esse objetivo. Lá fica a maioria das secretarias estaduais, além do Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro.

6 – Palácio das Artes
Avenida Afonso Pena, 1537 – Centro. (31) 3237-7399.

Localizado na região central de Belo Horizonte, o Palácio das Artes é um grande centro cultural que ocupa uma área de 18,5 mil metros quadrados. Lá ficam o Grande Teatro, o Teatro João Ceschiatti, a Sala Juvenal Dias, o Cine Humberto Mauro e as Galerias de Arte.

7 – Museu de Artes e OfíciosPraça Rui Barbosa, s/n – Centro. (31) 3248-8600.

O Museu de Artes e Ofícios – MAO – tem um acervo dedicado a retratar o universo do trabalho, das artes e dos ofícios em geral no Brasil. Lá podem ser vistos objetos e instrumentos de trabalho do período pré-industrial brasileiro. São mais de duas mil peças no acervo.

8 – Mercado das Flores
Avenida Afonso Pena, esqina com a Rua da Bahia.

Construído na década de 20 para ser a sede da Agência de Bondes de Belo Horizonte, o atual Mercado das Flores é mais um projeto de Oscar Niemeyer na capital mineira. Quando os trens movidos à energia elétrica foram desativados, em 1963, o local passou a funcionar como venda de flores, posto de informação turística e até galeria de arte.

9 – Parque Municipal
Avenida Afonso Pena, 1377 – Centro. (31) 3277-4161 / (31) 3277-4882.

Fundado em 1897, o Parque Municipal Américo Renné Gianneti é popularmente conhecido apenas como Parque Municipal. Trata-se do primeiro jardim público de Belo Horizonte. Com 180 mil metros quadrados, ele possui um pequeno parque de diversões, espaço para espetáculos, passeio de barco, de burrinho, entre outras atrações. O acesso é muito fácil, já que ele fica no centro da cidade. O policiamento é constante, fazendo dele um dos pontos mais procurados pelas famílias. A entrada é gratuita.

10 – Catedral da Boa Viagem Rua Sergipe, 175 – Centro.

A construção da Catedral da Boa Viagem foi concluída em 1932. Em estilo neogótico, a catedral tem vitrais belíssimos e seu altar-mor é todo trabalhado em mármore de Carrara.


CLIMA DE BELO HORIZONTE

Em qualquer época do ano Belo Horizonte apresenta um clima agradável.

As temperaturas variam de 16º a 31º, alcançando uma média de 21º.

A localização geográfica da cidade impede a "invasão" dos ventos mais fortes, barrados pela Serra do Curral.

Os que não suportam chuvas devem evitar Belo Horizonte de outubro a março, quando elas são mais frequentes


COMO CHEGAR A BELO HORIZONTE

Saindo de São Paulo, de carro, o acesso mais fácil é pela rodovia Fernão Dias (BR 381). Quem sair de Brasília chega à capital mineira pela BR 040, passando pelas cidades de Três Marias e Sete Lagoas.

O Aeroporto da Pampulha (Praça Bagatelle, 204 - Pampulha - 31 3490-2001) recebe voos diários, vindos das principais cidades do Brasil.

Quem chega de ônibus desembarca no centro de Belo Horizonte. A Estação Rodoviária fica na Rua Rio Branco, s/n. Informações sobre horários das viagens e preços das passagens podem ser obtidas pelos telefones (31) 3271-3000 e (31) 3271-8933.


ONDE FICAR E O QUE COMER EM BELO HORIZONTE

Hotéis

- Amazonas Palace Hotel
- Boulevard Palace Hotel
- Frimas Hotel
- Hotel Financial
- Normandy Hotel
- Via Contorno Hotel

Albergues

- Chalé Mineiro Hostel
- Sossego da Pampulha
- O Sorriso do Lagarto

Gastronomia

Só de falar na culinária mineira, dá água na boca. Mas Belo Horizonte tem ar cosmopolita e possui opções de culinária que vão desde a tradicional comida do Estado até as mais variadas cozinhas internacionais. Outra coisa que é característica da cidade é a grande quantidade de bares espalhados por BH. "Sem mar, vamos pro bar", diz o bem humorado povo mineiro. As opções são muitas, nos mais variados pontos da capital.



ATRAÇÕES PARA AS CRIANÇAS EM BELO HORIZONTE

Fundação Zoo-Botânica
Avenida Otacílio Negrão de Lima, 8000 - Bandeirantes.

Criada em 1991, a Fundação Zoo-Botânica administra o Jardim Zoológico, inaugurado em 1959, e o Jardim Botânico. Ela ocupa a segunda maior área verde pública de Belo Horizonte e recebe 1,2 milhões de pessoas por ano. As visitas são feitas com acompanhamento de monitores. Entre as atividades que podem ser realizadas na Fundação estão a Trilha do Lobo Guará, uma caminhada em uma trilha dentro da vegetação do Cerrado; a Zooboteca, uma biblioteca interativa sobre os bichos e das plantas; e o Borboletário, estufa com mais de mil borboletas.

Parque das Mangabeiras
Avenida José do Patrocínio Pontes, 580 e rua Caiçara, 900 – Mangabeiras. (31) 3277-8277 / (31) 3277-4882.

Localizado ao pé da Serra do Curral, patrimônio cultural de Belo Horizonte, o Parque das Mangabeiras é um projeto do paisagista Roberto Burle Marx. Sua área é de 2,8 milhões de metros quadrados e entre suas atrações estão 21 nascentes do Córrego da Serra, que integra a Bacia do Rio São Francisco. O parque é muito procurado para atividades de lazer ou simplesmente para uma tarde de descanso. O local recebe cerca de 30 mil pessoas por mês e funciona de terça-feira a domingo, das 8 às 18h.

Parque Municipal Américo Reneé Giannetti
Avenida Afonso Pena, 1377 – Centro. (31) 3277-4161 / (31) 3277-4882.

Fundado em 1897, o Parque Municipal Américo Renné Gianneti é popularmente conhecido apenas como Parque Municipal. Trata-se do primeiro jardim público de Belo Horizonte. Com 180 mil metros quadrados, ele possui um pequeno parque de diversões, espaço para espetáculos, passeio de barco, de burrinho, entre outras atrações. O acesso é muito fácil, já que ele fica no centro da cidade. O policiamento é constante, fazendo dele um dos pontos mais procurados pelas famílias. A entrada é gratuita.

Parque Ecológico da Pampulha Avenida Otacílio Negrão de Lima, 7.111 – Pampulha. (31) 3277-7286.

As crianças se esbaldam, já que no parque é possível encontrar mamíferos soltos, como gambá, capivara, furão e mico-estrela. Aves, répteis e anfíbios também são encontrados no local. Com entrada gratuita, o parque é aberto de terça a quinta-feira, apenas para grupos agendados. O público em geral tem acesso ao Parque Ecológico da Pampulha de sexta a domingo, das 8h30 às 17h.

Museu de Ciências Naturais
Avenida Dom José Gaspar, 290 - Bairro Coração Eucarístico. (31) 3319-4152.

Criado em 1983, o Museu de Ciências Naturais PUC Minas reabriu suas portas em 2002, em um novo prédio feito especialmente para ele. No seu acervo, destaque para a coleção de paleontologia, que exibe descobertas de mamíferos da América do Sul. No primeiro andar fica em cartaz a exposição "A Era dos Répteis". Já no segundo andar o destaque é a História Natural de Minas Gerais. Os mamíferos do mundo são as estrelas do terceiro andar. O horário de visitação é às terças, quartas e sextas-feiras, das 8h30 às 17h; às quintas-feiras, das 13 às 21h; e aos sábados e feriados, das 10 às 18h. O ingresso custa R$ 3.

Transitolândia Avenida Amazonas, 6.227. (31) 2123-1276.

Uma minicidade, onde crianças aprendem a ser cidadãs no trânsito. Assim é a Transitolândia, inaugurada em junho de 1984. O público é formado, em média, por crianças de 4 a 12 anos, que recebem orientações de conduta como pedestres, ciclistas e passageiros de veículos coletivos e de passeio. Funciona de segunda a sexta-feira, das 9 às 11h, e das 14 às 16h. O atendimento ao público em geral é aos sábados, das 13 às 17h.



ARREDORES DE BELO HORIZONTE

- Cidades históricas mineiras

- Inhotim Instituto Cultural

Localizado em Brumadinho, a apenas 60 quilômetros de Belo Horizonte, o Instituto Inhotim é um complexo museológico construído em um parque ambiental. Ele foi criado em 2005 e possui um a acervo de arte contemporânea, que dá prioridade para obras criadas a partir dos anos 60, e uma coleção botânica.

- Região de Macacos

Na estrada que liga Belo Horizonte ao Rio de Janeiro, fica a região de Macacos, com diversas pousadas e restaurantes. Muita gente aproveita o final de semana para visitar a região ou simplesmente fazer um bate-volta e almoçar por lá. A viagem sem trânsito não demora mais do que 40 minutos de carro.

- Serra do Cipó

A 90 quilômetros de Belo Horizonte, a Serra do Cipó tem muitas atrações e belezas naturais. A importância histórica do local também é provada por seus sítios arqueológicos com vestígios que devem ter entre dois e oito mil anos. Entre suas atrações estão o Parque Nacional, várias cachoeiras, o Cânion dos Confins, entre outras. O local atrai também muitas pessoas místicas, que acreditam que a Serra do Cipó seja uma terra rica em cristais e que atraia discos voadores.


COMPRAS EM BELO HORIZONTE

Mercado Central
Avenida Augusto de Lima, 744 - Centro. (31) 3274 9434 / (31) 3274 9473.

Não tem como ir a Belo Horizonte e não ir ao famoso Mercado Central. Inaugurado em 1929, o mercado é um dos passeios mais tradicionais na capital mineira é tomar uma cerveja bem gelada por lá, aproveitando para experimentar um delicioso tira-gosto nos botecos dos corredores. São mais de 400 lojas, que vendem desde hortifrutigranjeiros, passando pelos famosos doces mineiros, artesanato, ervas e raízes medicinais, entre outros produtos. Bares também não faltam no local. Uma dica é o badalado Restaurante Casa Cheia, que já foi campeão do festival Comida de Boteco mais de uma vez. A "estrela" de lá é o Mineirinho Valente, prato que leva canjiquinha (lá conhecida como quirela), carnes de porco e boi, além de queijo e couve. Imperdível!

Feira de artesanato Avenida Afonso Pena.

Muito famosa em Belo Horizonte, a feira acontece aos domingos e tem de tudo um pouco: bijuterias, enxoval para bebê, objetos de decoração, sapatos, roupas, animais, entre tantas outras coisas. São aproximadamente três mil expositores divididos em 17 setores.

Feira de Tom Jobim
Avenida Bernardo Monteiro – Centro.

A feira acontece aos sábados e conta com 85 expositores, que comercializam peças antigas e vários outros objetos. Outro atrativo são as comidas e bebidas típicas.


INFORMAÇÕES TURÍSTICAS SOBRE BELO HORIZONTE

Mercado das Flores Avenida Afonso Pena, esquina com a Rua da Bahia – parte externa do Parque Municipal Américo Renné Giannetti

O posto de informação turística localizado no Mercado das Flores é o recordista de ajuda aos visitantes de Belo Horizonte.

O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 19h, e aos sábados e domingos, das 8 às 15h.


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