quinta-feira, 24 de novembro de 2011

285 livros grátis sobre internet, redes sociais...

Fonte: http://www.tecnoartenews.com

285 livros grátis sobre internet, redes sociais, comunicação, TICs, educação, SEO, jornalismo e cultura digital

15/06  -  9:36
O site espanhol Humano Digital compilou links de 285 títulos de livros digitais ou e-books gratuitos (de livre acesso) em espanhol, inglês e português que abordam temáticas relacionadas à comunicação e cultura digital: ciberjornalismo, TICs, literatura digital, redes sociais, marketing digital, cibercultura, we 2.0., posicionamento em buscadores.
Livros digitais e e-books sobre comunicação e cultura digital
Elencamos aqui os títulos em português:
Em portugués (português) 
01. Como escrever para a web (Guillermo Franco)
02. O que é o virtual? (Pierre Lévy)
03. Jornalismo 2.0: como viver e prosperar (Mark Briggs)
04. Web 2.0: erros e acertos (Paulo Siqueira)
05. Para entender a internet (org. Juliano Spyer)
06. Redes sociais na internet (Raquel Recuero)
07. Televisão e realidade (Itania Gomes)
08. Autor e autoria no cinema e televisão (José Francisco Serafim)
09. Comunicação e mobilidade (André Lemos)
10. Comunicação e gênero: a aventura da pesquisa (Ana Carolina Escosteguy)
11. Conceitos de comunicação política (org. João Carlos Correia)
12. O paradigma mediológico: Debray depois de McLuhan (José A. Domingues)
13. Informação e persuasão na web (org. Paulo Serra e João Canavilhas)
14. Teoria e crítica do discurso noticioso (João Carlos Correia)
15. Redefinindo os gêneros jornalísticos (Lia Seixas)
16. Novos jornalistas: para entender o jornalismo hoje (org. Gilmar R. da Silva)
17. O marketing depois de amanhã (Ricardo Cavallini)
18. Branding: um manual para você gerenciar e criar marcas (José R. Martins)
19. Grandes Marcas Grandes Negócios (José R. Martins)
20. Relações Públicas digitais (org. Marcello Chamusca e Márcia Carvalhal)
21. Ferramentas digitais para jornalistas (Sandra Crucianelli)
22. Blogs.com: estudos sobre blogs (org. Raquel Recuero, Adriana Amaral e Sandra Montardo)
23. Mobilize: guia prático sobre marcas e o universo mobile (Ricardo Cavallini)
24. Mídias sociais: perspectivas, tendências e reflexões (e-books coletivo)
25. Manuais de cinema I: laboratório de Guionismo (Luís Nogueira)
26. Manuais de cinema II: gêneros cinematográficos (Luís Nogueira)
27. Manuais de cinema III: planificação e montagem (Luís Nogueira)
28. Manuais de cinema IV: os cineastas e a sua arte (Luís Nogueira)
29. Homo consumptor: dimensões teóricas da publicidade (Eduardo Camilo)
30. Retória e mediação II: da escrita à internet (orgs. Ivone Ferreira e María Cervantes)
31. O conceito de comunicação na obra de Bateson (Maria Centeno)
32. Comunicação e estranheza (Suzana Morais)
33. Néon digital: um discurso sobre os ciberespaços (Herlander Elias)
34. Manual da teoria da comunicação (Joaquim Paulo Serra)
35. Estética do digital: cinema e tecnologia (orgs. Manuela Penafria e Mara Martins)
36. Jornalismo digital e terceira geração (org. Suzana Barbosa)
37. Comunicação e ética (Anabela Gradim)
38. Blogs e a fragmentação do espaço público (Catarina Rodrigues)
39. Sociedade e comunicação: estudos sobre jornalismo e identidades (João Correia)
40. Teorias da comunicação (orgs. José Manual Santos e João Correia)
41. Comunicação e poder (org. João Correia)
42. Comunicação e política (org. João Correia)
43. Manual de jornalismo (Anabela Gradim)
44. A informação como utopia (Joaquim Paulo Serra)
45. Jornalismo e espaço público (João Correia)
46. Semiótica: a lógica da comunicação (Antônio Fidalgo)
47. Informação e sentido: o estatuto espistemológico da informação (Joaquim Serra)
48. Informação e comunicação online I: jornalismo online (org. Joaquim Serra)
49. Informação e comunicação online II: internet e com. promocional (org. Joaquim Serra)
50. Campos da comunicação (orgs. Antônio Fidalgo e Paulo Serra)
51. Jornalistas da web: os primeiros 10 anos (Jornalistas da web)
52. Onipresente (Ricardo Cavallini)
53. O uso corporativo da web 2.0 e seus efeitos com o consumidor (André Santiago)
54. Caderno de viagem: comunicação, lugares e tecnologia (André Lemos)
55. Desenvolvimento de uma fonte tipográfica para jornais (Fernando Caro)
56. Perspectivas do Direito da propriedade intelectual (Helena Braga e Milton Barcellos)
57. E o rádio? Novos horizontes midiáticos (Luiz Ferraretto e Luciano Klockner)
58. Manual de redação do jornalismo online (Eduardo de Carvalho Viana)
59. Jornalismo internacional em redes (Cadernos da Comunicação)
60. Cartilha de redação web: padrões Brasil e-Gov (Governo Federal)
61. A cibercultura e seu espelho (orgs. Eugênio Trivinho e Edilson Cazeloto)
62. Direitos do homem, imprensa e poder (Isabel Morgado)
63. Conceito e história do jornalismo brasileiro na ‘Revista de Comunicação’
64. Tendências e prospectivas. Os ‘novos’ jornais (OberCom)
65. O livro depois do livro (Giselle Beiguelman)
66. A internet em Portugal (OberCom)
67. Memórias da comunicação (orgs. Cláudia Moura e Maria Berenice Machado)
68. Comunicação multimídia (org. Maria Jospe Baldessar)
69. Cultura digital.br(orgs. Rodrigo Savazoni e Sérgio Cohn)
70. História da mídia sonora (orgs. Nair Prata e Luciano Klockner)
71. História das relações públicas (Cláudia moura)
72. Manual de laboratório de jornalismo na internet (Marcos Palacios e Beatriz Ribas)
73. O ensino do jornalismo em redes de alta velocidade (Marcos Palacios e Elias Machado)
74. Retórica e mediação: da escrita à internet (orgs. Ivone Ferreira e Paulo Serra)
75. Design/Web/Design: 2 (Luli Radfaher)
76. A arte de despediçar energia (Ricardo Cavalline)
77. A blogosfera policial no Brasil (orgs. Silvia Ramos e Anabela Paiva)
78. Direitos humanos na mídia comunitária (UNESCO)
79. Do broadcast ao socialcast (Manoel Fernandes)
80. Manual de assessoria de comunicação (FENAJ)
81. Manual de sobrevivência online (Leoni)
82. Olhares da rede (orgs. Claudia Castelo Branco e Luciano Matsuzaki)
83. A democracia impressa (Heber Ricardo da Silva)
84.  Design e ergonomia (Luis Carlos Paschoarelli)
85. Design e planejamento (Marizilda do Santos Menezes)
86. História e comunicação na nova ordem internacional (Maximiliano Martin Vicente)
87. O percurso dos gêneros do discurso publicitário (Ana Lúcia Furquim)
88. Representações, jornalismo e a esfera pública democrática (Murilo Soares)
89. Princípios Inconstantes (Itaú Cultural, com coordenação de Claudiney Ferreira)
90. Mapeamento do ensino de jornalismo cultural no Brasil em 2008 (Itaú Cultural)
91. Mapeamento do ensino de jornalismo digital no Brasil em 2010 (coord. Alex Primo)
92. Dinheiro na internet: como tudo funciona (Katiero Porto)
93. Como criar um blog: de desconhecido a problogger (Paulo Faustino)
94. Futuros imaginários: das máquinas pensantes à aldeia global (Richard Barbrook)
95. Além das redes de colaboração (orgs. Nelson De Luca Pretto e Sérgio Silveira)
96. Guia prático de marketing na internet para pequenas empresas (Cláudio Torres)
97. Políticas, padrões e preocupações de jornais e revistas brasileiros (UNESCO)
98. Teoria e pesquisa no contexto dos indicadores de desenv. da mídia (UNESCO)
99. Qualidade jornalística: ensaio para uma matriz de indicadores (UNESCO)
100. Sistema de gestão da qualidade aplicada ao jornalismo (UNESCO)
101. Manual de sobrevivência no mundo digital (Leoni)
102. Branding 1001: o guia básico para a gestão de marcas de produtos (Ricardo e Fernando Jucá)
103. Marca corporativa: um universo em expansão (Levi Carneiro)
104. Marketing 1 to 1 (Peppers&RogersGroup)
105. Tudo o que você precisa aprender sobre o Twitter (Talk)
106. Cultura livre (Lawrence Lessing)
107. As marcas na agenda dos CEOs (Troiano Consultoria)
108. Guia da reputação online (António Dias)
109. I Pró-Pesq – Encontro nacional de pesquisadores em PP (USP)
110. O ABCD do planejamento estratégico (Lowe)
111. Suprassumo Mídia Boom (Mídia Boom)
112. Vida para consumo (Zygmunt Bauman)
113. As redes sociais na era da comunicação interativa (Giovanna Figueiredo)
114. Escola de redes (Augusto de Franco)
115. Blog: jornalismo independente (Fernanda Magalhães)
116. Vidro e vidraça: crítica de mídia e qualidade no jornalismo (org. Rogério Christofoletti)
117. Smart digital. Conteúdo social (Bruno de Souza)
118. Jornalismo e convergência (orgs. Claudia Quadros, Kati Caetano e Álvaro Larangeira)
119. Perspectivas da pesquisa em com. digital (orgs. Adriana Amaral, Maria Aquino e Sandra Montardo)
120. Open source: evolução e tendências (Cezar Taurion)
121. Redes sociais e inovação digital (org. Gil Giardelli)
122. Radiojornalismo hipermidiático (Debora Lopez)
123. Em busca de um novo cinema português (Michelle Sales)
124. O paradigma do documentário (Manuela Penafria)
125. Cidadania digital (orgs. Isabel Salema e António Rosas)
126. Análise de discurso crítica da publicidade (Viviane Ramalho)
127. Ensaios de comunicação estratégica (Eduardo Camilo)
128. Para entender as mídias sociais (org. Ana Brambilla)
129. Comunicação e marketing digitais (orgs. Marcello Chamusca e Márcia Carvalhal)
130. Mídias sociais e eleições 2010 (orgs. Ruan Carlos e Nina Santos)
131. 11 Insights (Grupo Troiano
Para acessar à lista de títulos em inglês e espanhol, link-se:
- Humano Digital

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Centenário Tia Cecília


 Estes foram momentos daqueles mais raros e especiais que a vida nos reserva. Em que os anjos que conduzem a felicidade passam por nós rapidamente, e encantados pelos sorrisos humanos, deixam a mostra, por instantes, o portal que conduz a Deus. Neste tempo de amor os sinais são claros e radiantes. 

Os rostos rejubilam-se de alegria,as  famílias confraternizam-se, gerações, das mais diversas, compartilham carinho. Boa música, traduz a linguagem dos corações presentes. Agradeço a Deus por ter me permitido viver esse momento, e me sensibilizado por ele. Pela figura de duas mestres da vida que estavam também presentes , Tia Cecília, a Grande Centenária!, e minha avó, minha Mestre, Eterna e Amada senhora. 

Agradeço pelas crianças presentes, que puderam testemunhar que as relações humanas podem se pautar pelo amor, e que a esperança convivo ao lado daqueles que nela confiam. 

Por último, agradeço aos jovens e adultos, tios, primos, primas (irmãs), que materializaram essa experiêcia divino-temporal em festa, e fizeram acontecer.




domingo, 30 de outubro de 2011

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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Biblioteconomia envergonhada no Brasil

Eliane Serrão Alves Mey 
A Biblioteconomia é das profissões mais antigas do mundo.
A primeira, certamente, foi a de tradutor, ou intérprete, quando os agrupamentos humanos se comunicavam entre si, ou quando o tradutor, dentro de um agrupamento, interpretava a vontade dos deuses. Aquela outra profissão, dita mais antiga, corresponde ao surgimento de bens materiais e valores individuais, não coletivos. Apenas a existência da posse e da herança faz com que a mulher se torne propriedade de um indivíduo, e não parte de um clã (1).
Quanto à antigüidade da Biblioteconomia, pode-se afirmar que seus fundamentos permanecem semelhantes ao longo dos milênios, embora suas técnicas, seus equipamentos, a produção e o uso de seus instrumentos, seus focos, seus usuários e seus estudos se hajam modificado com relativa freqüência.
E como se pode definir Biblioteconomia? Alguma literatura sobre o assunto (2), embora não amplamente revista e citada, permite resumir certas definições. Encontram-se os seguintes pontos essenciais, que a constituem, de modo geral: a) aquisição dos registros do conhecimento (desde a coleta de materiais tangíveis à criação de acervos digitais); b) organização dos registros do conhecimento (inclui análise, representação, criação de instrumentos de análise e representação, estudos teóricos e práticos, os mais variados); c) disseminação dos registros do conhecimento (abarca tanto os instrumentos de disseminação como os estudos sobre os usuários dos registros e outros aspectos teóricos e práticos).
Existem problemas iniciais com o termo Biblioteconomia, que se podem explicar, mesmo que não justificar:

a) a raiz biblio, derivada de biblion, não significa absolutamente livro; origina-se do grego, quando nem remotamente existia algo assemelhado a um livro; porém, referia-se à cidade de Biblos, produtora do papiro, material utilizado para escrita à época, em rolos (tipo barra de rolagem, como diz Manguel (3));
b) a palavra grega théke significa "caixa"e, por extensão, qualquer contêiner onde o material bibliográfico se encontre: estante, sala, edifício (cf. Edson Nery da Fonseca (4));
c) os sufixos -nomo, -nomia e -nômico derivam-se do grego -nomos, - nomia, -nomikos, e se aplicam a normas, regras, administração (por exemplo: agronomia, economia).

Portanto, a grosso modo, pode-se dizer que, segundo sua origem etimológica, a Biblioteconomia consistiria no conjunto de normas, regras ou leis para locais onde se guardam registros do conhecimento, ou na administração destes. Venhamos e convenhamos, uma definição muito pobre e acanhada para uma profissão de tal importância, respeitada no mundo inteiro (aqui já é outra conversa, à qual se espera chegar).
Talvez por sua origem etimológica, talvez pelas veneráveis instituições físicas, marcos arquitetônicos de prestígio, poder e cultura das nações, a Biblioteconomia continuou sempre, até o final do século XX, com sentido geográfico, espacial, vinculado aos edifícios-bibliotecas (5). A Profa. Cordélia Robalinho Cavalcanti, certa vez, disse que chamar os profissionais da Biblioteconomia de bibliotecários corresponderia a chamar os médicos de "hospitalários". (Durante a Idade Média, de fato, houve uma ordem monástica e guerreira, de hospitalários, cujos mosteiros deveriam abrigar peregrinos, doentes e feridos.) Assim, as bibliotecas, ao longo da História, destinavam-se à guarda, preservação e, até mesmo, disseminação de objetos físicos, tangíveis. Ou seja, um local para onde os usuários se deslocavam (ainda que para tomar emprestados os documentos), e não de onde se deslocavam os materiais até os usuários - função hoje exercida pelos arquivos eletrônicos na rede mundial de computadores.
Por fim, do mesmo modo, devido talvez a suas origens etimológicas, a Biblioteconomia caracterizou-se por conjuntos de normas, regras e, durante algum período ao final do século XX, pela administração. Nada tão enganoso, porque tais conjuntos de normas e regras mostram-se mais mutantes e mutáveis do que as roupas no dia-a-dia. E Biblioteconomia não é administração, mas esta se torna parte da multidisciplinaridade biblioteconômica.
Estaríamos, então, diante de uma área com nome falso? Erro de identidade? Amnésia profissional?
A partir do avanço significativo da eletrônica, durante e após a Segunda Guerra Mundial (uso bélico), até chegar ao uso institucional civil (décadas de 1970 e 1980) e ao uso individual (décadas de 1980, 1990 e neste início de século), formou-se um novo conceito, o de "ciência da informação", com inúmeros significados. Cabe aqui dizer que, como a "informação" é uma espécie de cortesã requisitadíssima, com uma corte numerosa e nenhum senhor, torna-se quase impossível determinar-lhe as características. Ela sempre muda, de acordo com o requisitante de seus favores no momento.
Lógico, hoje o mundo vive de informações. Mas será que estamos em uma sociedade da informação? Não creio!
Bem, talvez o mundo viva de conhecimento. Será que estamos em uma sociedade do conhecimento? Creio menos ainda!
Na verdade, a informação pura e simples, ou seja, o conjunto de signos que possui algum sentido, é manipulada, vendida, difundida, de acordo com interesses específicos, desde sua produção até seu consumo.
Há algumas semanas, por exemplo, avassalam-nos diariamente "informações sobre a gripe H1N1", por meio de boletins, notícias, entrevistas, publicidade, entre outros. Nenhum deles, porém, repassou-nos informações corretas e significativas. Se a mídia é contra o governo, apenas apresenta as mortes, para subentender que o governo não faz nada. Se os entrevistados são a favor do governo, tentam minimizar o quadro. Por um lado, fecham as escolas; por outro, continua o campeonato brasileiro de futebol, com milhares de pessoas concentradas em um estádio. Ou seja, uma quantidade massiva de informações manipuladas, de pouca valia para nós, cidadãos comuns. Sociedade da informação? Que falácia!
Da mesma forma, a "sociedade do conhecimento" faz-se para poucos. Historicamente, a "sociedade agrária" fazia-se para os donos da terra, e não para os servos-camponeses que nela trabalhavam; a "sociedade industrial" fazia-se para os donos das indústrias, e não para os operários que nelas trabalhavam; a "sociedade do conhecimento", ou a terceira onda de Toffler (6), faz-se para os poucos que detêm a posse ou os direitos (patentes) sobre o conhecimento e a informação, não para aqueles que com elas trabalham (um químico em uma indústria não usufruirá de seu conhecimento do mesmo modo que o conjunto de acionistas majoritários). Bill Gates talvez seja um dos únicos no mundo a desfrutar de seu próprio saber, em meio a bilhões. Sociedade do conhecimento? Mais uma falácia!
Como todas as falácias globalizadas, a Biblioteconomia e a Documentação internacionais mergulharam de cabeça na Ciência da Informação, esta área nebulosa, no limiar de várias outras, que ninguém sabe exatamente o que é.
O tesauro da Unesco, de 1975 (7), também confuso, na era pré-internet estabeleceu sutis diferenças entre "ciência da informação" e "ciências da informação". A Biblioteconomia seria um termo específico (TE) para Ciências da Informação e um termo relacionado (TR) à Ciência da Informação. A literatura sobre o tema é vastíssima e não nos preocupamos em citá-la. Destaca-se Buckland (8), em texto clássico, que distinguiu três tipos de informação: "como processo", "como conhecimento" e "como coisa".
Parece bastante claro que a informação, usada por biólogos, estatísticos ou jornalistas, por exemplo, serve de base para a elaboração de um conhecimento e seu conseqüente registro - só se pode tornar acessível, atingir o fim último de disseminação, a partir de seu registro, mesmo em ambientes naturais. (Um jardim botânico se diferencia substancialmente de um bosque, mesmo que ambos se mostrem indispensáveis à humanidade) Neste caso, portanto, a informação seria o fundamento para a produção de conhecimento e de registros do conhecimento. Nós, profissionais bibliotecários, também o geramos, dentro de nossa área; por exemplo: uma análise sobre comportamento dos usuários frente a catálogos automatizados, ou bibliotecas digitais. Informação, neste caso, caracterizar-se-ia como alicerce, ou como informação basilar.
Muito diferente apresenta-se a "informação" com a qual trabalhamos, que organizamos e disseminamos, a matéria-prima da Biblioteconomia, da Documentação e de todas as ciências afins. A propósito, Muela Meza (9) nos denomina "profissionais da informação documental". Não há como confundir a informação basilar com a informação matéria-prima, ou informação documental, ou registro do conhecimento. Na verdade, produzimos meta-informação; isto é, informações sobre informações documentais ou registros do conhecimento.
Existem, ainda, outros tipos de "informação", como os bits e bytes e outros fenômenos físicos da ciência da computação e das telecomunicações, que nos interessam apenas na medida em que afetam ou facilitam nosso trabalho.
Ao partir da leitura de alguns textos internacionais sobre formação em Biblioteconomia (10), verificam-se dois pontos-chave: a Biblioteconomia continua valorizadíssima no exterior e cada vez mais os cursos se denominam Ciência da Biblioteca e da Informação [Library and Information Science, ou LIS].
Um parêntese: há algumas décadas, existiam dois termos para Biblioteconomia em inglês: Librarianship[librarian = bibliotecário; -ship = sufixo para profissão; donde, Profissão de Bibliotecário] e Library Science [Ciência da Biblioteca]. Quando a Biblioteca deixou de ser geográfica para abarcar, também, o intangível, acrescentou-se Information [Informação] à Ciência da Biblioteca, gerando a LIS, sem abandonar a Library.
Após o Protocolo de Bolonha (11), já implementado em alguns países europeus (embora com inúmeras críticas e restrições), as universidades apresentam o modelo idêntico ao brasileiro: graduação, mestrado e doutorado. Os bibliotecários formam-se na graduação, com possibilidade de adquirir o certificado por outras vias, como mestrado ou especialização em Biblioteconomia (não em Ciência da Informação), após a graduação em outra área. Ou seja, a Biblioteconomia tem características próprias, arcabouços teórico e prático próprios, que exigem formação específica. O que não significa uniformidade nos currículos.
A França revela-se um caso à parte, ao proporcionar formações diferentes para tipos diversos de atuação, embora permaneça com a Biblioteconomia. Há duas associações profissionais de bibliotecários franceses: associação dos propriamente ditos e associação dos bibliotecários especializados e documentalistas. Oferece também um número significativo de cursos de pós-graduação voltados à área de tecnologia da informação e comunicação, ou seja, ao sentido amplo de Ciências da Informação.
O que acontece, no Brasil, que torna a Biblioteconomia tão envergonhada? Os bibliotecários não querem ser bibliotecários, mas "cientistas da informação" (qual das informações?), ou documentalistas, ou profissionais da informação etc. Por que não queremos ser "simplesmente" bibliotecários? Existe o estigma da palavra biblioteca; existem as bibliotecas escolares e públicas, regra geral precárias ao extremo. Essas não são causa, porém efeito, ou melhor, sintomas de doença social. Bibliotecas ruins implicam descrédito e menosprezo aos bibliotecários, criação de barreiras contra a leitura e contra o uso coletivo do conhecimento, contra a possibilidade de opção por alternativas e caminhos vários.
E como se demonstra este desprezo profissional no Brasil, esta gritante baixa-estima? Não apenas por trabalhos sérios e científicos (ver a tese de Tereza Walter (12), entre outros grupos de estudos e pesquisas), porém desde os cursos de Biblioteconomia em si. Certos profissionais de outras áreas, mesmo participantes da formação de bibliotecários, julgam-se superiores e, mais grave ainda, os docentes bibliotecários os aceitam como tal! Há cursos no Brasil que, de tão descaracterizados pela pseudo-interdisciplinaridade, por preconceitos medianos e desrespeitosos ao meio, entraram em colapso, em crise de identidade, originando conseqüências catastróficas à profissão e aos profissionais. Os desdobramentos iniciam-se pelo não reconhecimento da cientificidade da área. O que se torna muito estranho, mesmo.
Nós, bibliotecários, há milênios indexamos, criamos classificações do conhecimento, criamos linguagens documentárias e representação documental; estudamos comunicação com os usuários, e, pelo menos durante todo século XX, elaboramos e utilizamos dados estatísticos para avaliação de nossos instrumentos e seu uso (Otlet já tratava da bibliometria e faleceu em 1944) (13). Nada disso chegou junto com os computadores, ou com a análise de sistemas, ou com bancos de dados. Ao contrário, os conhecimentos biblioteconômicos tornaram-se subsídios para o desenvolvimento de conceitos teóricos nas áreas computacionais, entre outras.
Fique bem claro que não tenho absolutamente nada contra a computação! Adoro os equipamentos que facilitam nossa vida, cada dia mais práticos. Quem, vinte anos atrás, enfrentou filas e mais filas de bancos, ou pagamentos em carnê nas lojas, ou até cadernos de armazém, sabe o quanto vale um caixa eletrônico! Nada de voltar à era pré-internet, ou ao início do século XX, quando tínhamos varíola, gripe espanhola, tuberculose e outros males, sem vacina alguma, ou sem possibilidade de cura. Nada de saudosismos baratos! Os séculos XIX e XX têm importância histórica, social, filosófica, de grandes mudanças e acomodações da humanidade, mas viver no século XXI é muito melhor...
Nada disso, porém, nos impede de reconhecer que, mesmo mudada, a Biblioteconomia continua aí, abrindo portas a todos os seres humanos, não para uma "sociedade do conhecimento", mas para a transformação, o crescimento, o aprimoramento ético e social de cada indivíduo.
Por isto, indago: por que a Conferência Geral da IFLA, o mais importante evento biblioteconômico do mundo, com textos absolutamente essenciais para conhecimento e atualização dos bibliotecários, não vale pontos, ou quase nada, no conceito CAPES? Por que o CBBD [Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação] é desprezado pelos docentes de Biblioteconomia, com mínimo comparecimento? (Parece que a CAPES também não reconhece este congresso.) Por que temos cursos "burocrático-contabilistas" (especialmente na pós-graduação), onde se conta a produção docente em números? Alguém já se deu ao trabalho de investigar se uma produção excessiva não é fruto do prolífico autor "Control-C, Control-V"? Quem indexa e verifica similitudes e repetições, em vez de simplesmente confiar no Google, ou no Google Acadêmico? Alguém já se deu ao trabalho de verificar se não há um Maracanã inteiro de autores em um único texto? Será que o texto é coletivo, ou há uma apropriação indébita de autoria: eu assino seu texto e você assina o meu, ou algo semelhante?
Outro fato esdrúxulo ocorre ultimamente: orientandos de diversos cursos, de graduação ou pós-graduação, em vez de clarearem suas mentes em tais escolas e programas, parece que se obscurecem, tornam-se obtusos e não conseguem escrever nem mais uma linha por si mesmos! Dependem de seu orientador e do nome deste para qualquer texto publicado! Um fenômeno deveras curioso, que requer observação e estudo cuidadosos.
Há um caso difícil: o equilíbrio justo entre docentes bibliotecários e não-bibliotecários. A interdisciplinaridade, quando corretamente aplicada, seguindo preceitos éticos, pode tornar-se profícua e obter bons resultados. Se diferentes especialistas realizam pesquisas conjuntas voltadas à Biblioteconomia, se conhecem não apenas sua área, mas também a Biblioteconomia e seus princípios em profundidade e propõem-se a apresentar um enfoque diferente, existe um ganho indubitável. Porém, as pessoas refletem sua própria formação, sempre. Um número maior de docentes externos à área do que docentes bibliotecários criará sempre um viés desnecessário: seja para a estatística, a administração, a computação, a literatura, a sociologia, a comunicação, ou qualquer outra presente nos cursos, tangentes e necessárias à Biblioteconomia, porém nunca seu cerne. Comprometer futuros profissionais com esses vieses é uma temeridade sem volta e sem conserto (e em concerto desarmônico).
Todos nós, docentes, inclusive os burocratas/contabilistas (não cito o cunhador do termo por discrição) da Ciência da Informação, precisamos colocar a mão na consciência e verificar: o quanto somos culpados pela formação dos nossos alunos? O quanto aceitamos visões de mundo equivocadas? O quanto nos aproveitamos do trabalho alheio? O quanto estamos mais preocupados com a quantidade do que com a qualidade do que publicamos ou orientamos? Por que nós, bibliotecários, não nos impomos como parte de um universo científico, real, aceito por todos os órgãos de fomento, em vez de nos escondermos atrás de disciplinas ambíguas? Por que aceitar apenas o conhecimento desenvolvido em cursos de sentido estrito (e que nem sempre contribuem de modo efetivo para a profissão e para o conhecimento em si) e menosprezar o "saber de experiências feito" (como citaram mais de uma vez o Prof. Edson Nery e a Profa. Cordélia Cavalcanti). Por que tive o privilégio de presenciar aulas ou palestras de professores altamente competentes, cultos, que revolucionaram ou mesmo criaram a Biblioteconomia brasileira, embora sem nenhuma "letrinha após o nome", enquanto muitos estudantes, hoje, assistem às aulas de professores titulados, mas que mal sabem expressar-se em nossa língua materna? Por que os alunos são obrigados a presenciar aulas de docentes que, não apenas desconhecem a profissão, como também a menosprezam? Uma questão de gerações? Ou um desrespeito?
Aqui entre nós: estamos indiscutivelmente habilitados a criar hábitos de leitura, a trabalhar com crianças e jovens, a realizar o papel maior da Biblioteconomia de permitir o acesso público, livre e gratuito aos registros do conhecimento?
Há muito o que pensar, muito o que pesquisar e muito o que escrever. Nesta hora em que parece decidir-se a Educação no Supremo Tribunal Federal (veja-se o caso dos jornalistas), vamos refletir sobre o assunto, unirmo-nos em torno de um objetivo comum e salvar a Biblioteconomia brasileira, na certeza de que se trata de profissão capaz de mudar o mundo.

Referências

1 - Engels, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do estado. Trad. de Leandro Konder. 6. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
2 - Alix, Yves; Revelin, Gaël. Les bibliothécaires, combien de divisions? Bulletin des Bibliothèques de France, v. 54, n. 4, 2009. Disponível em: . Acesso em: 07 agosto 2009.
Fonseca, Edson Nery da. Introdução à Biblioteconomia. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 2007.
Shera, Jesse H. The foundations of education for librarianship. New York: Becker and Hayes, c1972.
Há inúmeras outras fontes não referenciadas.
3 -Manguel, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
4 -Fonseca, Edson Nery da. Op. cit.
5 -Afirmado por:
Bauwens, Michel. Le temps des cybérothécaires? Documentaliste-Sciences de l'Information, v. 31, n. 4-5, p. 233-237, 1994. Apud
Cavalcanti, Cordélia R. Da Alexandria do Egito à Alexandria do espaço. Brasília: Thesaurus, 1996. p. 89.
Mais recentemente, no texto de:
Maack, Mary Niles. Place and space as presented in English language library and information science encyclopedias. In: IFLA GENERAL CONFERENCE AND COUNCIL, 74., 2008, Quebec, Canadá. [Proceedings]. Disponível em: . Acesso em: julho 2009.
6 - Toffler, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1982.
7 - Wersig, Gernot; Neveling, Ulrich. Terminology of documentation: a selection of 1,200 basic terms published in English, French, German, Russian and Spanish. Paris: Unesco, 1976.
8 - Buckland, Michael. Information as thing. Journal of the American Society of Information Science, v. 42, n. 5, p. 351-360, June 1991.
9 - Muela Meza, Zapopan Martín. Introducción al pensamiento crítico y escéptico en las ciencias de la información documental. Crítica Bibliotecológica, Monterrey, Mexico, vol. 1, no. 1, jun-dic 2008. Disponível em: . Acesso em: julho 2009.
10 - Por exemplo:
Alix, Yves; Revelin, Gaël. Op. cit.
Audunson, Ragnar. Library and information science education: is there a Nordic perspective. In: IFLA GENERAL CONFERENCE AND COUNCIL, 71., 2005, Oslo, Norway. [Proceedings]. Disponível em: . Acesso em: julho 2009.
Broady-Preston, Judith. Changing information behaviour: education, research and relationships. IFLA GENERAL CONFERENCE AND COUNCIL, 73., 2007, Durban, South Africa. [Proceedings]. Disponível em: . Acesso em: julho 2009.
11 - THE BOLOGNA declaration on the European space for higher education. Disponível em: . Acesso em: julho 2009.
12 - Walter, Maria Tereza Machado Teles. Bibliotecários no Brasil: representações da profissão. 2008. Tese (doutorado)-Universidade de Brasília, 2008.
13 - Fonseca, Edson Nery da (Org.). Bibliometria: teoria e prática. São Paulo: Cultrix, 1986.

Nota:
* Este texto delirante não apresenta referências formais nem citações ao longo da escrita (como preconizado nos meios acadêmicos), mas somente ao final. A vantagem de perdermos as amarras da Academia reside no direito de se escrever o que se quer e na forma desejada, sem perder de vista o "dai a César o que é de César" (Bíblia, Novo Testamento, século I d.C .).
Fonte: Infohome
 
Disponivel em:

sábado, 17 de setembro de 2011

Artigo: Sobre o movimento de greve dos professores da Rede Estadual de Educação.

Para a Globo é fácil dizer que professor é baderneiro e atrapalha o trânsito. A audiência dela não vai cair por isso. 

Para o Governador é fácil dizer que não vai pagar o teto pedido pela classe. Na próxima eleição o dinheiro economizado com um possível aumento na remuneração dos educadores será o mesmo usado para a publicidade de campanha. Que por sinal, tem o propósito justamente de maquiar a lástima que o governo foi.

E para a população é fácil ficar passivo, sem posição definida. Somos educados para sermos conformistas. Aliás, a sociedade só se manifesta quando os problemas que lhe afetam passam justamente na Rede Globo, ou quando os Governos corruptos mudam seus tentáculos para beneficiar outros grupos, que não os da situação.

Um ciclo, lamentável. Misto de passividade burra, e "jeitinho brasileiro", que perpetua o modelo de ignorância e perversidade social, patrocinada por uma elite mais idiota ainda, que infelizmente, compactuamos a cada dia, quando saímos de casa, trabalhamos, estudamos e tentamos viver.

Se os professores não forem 100% duros nessa negociação, infelizmente não vai dar em nada, mais uma vez. O Governo já sabe o que fazer, a Rede Globo também, e a população.... ah a população é o que a Globo quiser que seja. Basta mudar a novela, ou por o jogo do "Corinthians" que todo mundo passa a torcer também.O Governo, representa a população! Bela Ironia. "A Gente se liga em você".. Já vi isso em algum lugar?

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Artigo: Os biblitoecários estão completamente obsoletos?

Extralibris - Informação , cultura e tecnologia.

Os bibliotecários estão completamente obsoletos?
Artigo de Will Sherman

tradução colaborativa de Moreno Barros, Isadora Garrido, Fabíola Pinudo, Sibele Fausto, Viviane Neves, Polyanha Hudson, Aline Gonçalves e Gustavo Henn

33 razões por que as bibliotecas e bibliotecários ainda se mantêm extremamente importantes
Muitos acreditam que a era digital irá acabar com as estantes públicas e extinguir permanentemente a era centenária das bibliotecas. A desconcertante proeza e progresso da tecnologia fez até um bibliotecário prever a queda da instituição.
Ele pode estar certo.
Porém, se estiver, então a perda será irreparável. Conforme a relevância das bibliotecas entra em questão, elas encaram uma crise existencial em uma época onde elas talvez sejam mais necessárias. Apesar de sua percebida obsolescência em uma era digital, tanto bibliotecas - quanto bibliotecários - são insubstituíveis por várias razões. 33, de fato. Nós as listamos aqui:

1. Nem tudo está disponível na Internet
O incrível volume de informação útil na Web tem, para alguns, engendrado a falsa premissa de que tudo pode ser encontrado online. Isso simplesmente não é verdade. O Google Book Search reconhece isso. Por isso eles tomaram a tarefa monolítica de digitalizar milhões de livros das maiores bibliotecas do mundo. No entanto, mesmo que o Google consiga com sucesso digitalizar toda a soma dos conhecimentos humanos ela é diferente da soma dos autores e editores contemporâneos que não permitem que suas obras sejam gratuitamente acessíveis na Internet. Já é proibido por lei disponibilizar livremente no Google Book Search os livros com direitos autorais vigentes; apenas partes. E levará muito tempo antes que o bestseller recomendado pelo New York Times seja disponibilizado gratuitamente na Internet: as leis de direitos autorais atuais protegem as obras por 70 anos após a morte do autor. Mesmo algumas obras sob domínio público sofrem algumas restrições. Se uma cópia sem copyright incluir prefácio, introdução ou apêndices que ainda estejam sob copyright, a obra toda fica sob o status de copyright.

2. Bibliotecas digitais não são a Internet
Um entendimento fundamental do que a Internet é - e do que ela não é - pode ajudar mais claramente a definir o que uma biblioteca é e por que bibliotecas ainda são extremamente importantes. A Elmer E. Rasmuson Library da Universidade do Alaska em Fairbanks deixou clara a diferença entre "Coleções Online" e "Fontes Web". A Internet, seu site explica, é uma massa larga de materiais não publicados produzidos por organizações, empresas, indivíduos, projetos experimentais, webmasters, etc. "Coleções Online", todavia, são diferentes. São tipicamente oferecidas por bibliotecas e incluem materiais que foram publicados por meio de rigoroso processo editorial. Trabalhos selecionados para inclusão em um catálogo de bibliotecas passaram pelo veto de uma equipe qualificada. Os tipos de materiais incluem livros, periódicos, documentos, jornais, revistas e relatórios que foram digitalizados, armazenados e indexados em uma base de dados de acesso limitado. Mesmo que alguém use a Internet ou um motor de busca para encontrar estas bases de dados, o acesso mais avançado requer registro. Você ainda está online, mas não vai muito lontg na Internet. Você está em uma biblioteca.

3. A internet não é livre Embora o Projeto Gutenberg alardeie 20.000 e-books para download gratuito em sua homepage, somos imediatamente lembrados que esses livros são acessíveis apenas porque eles não estão mais sob direitos autorais. E os livros são apenas a ponta do iceberg. Numerosos trabalhos de pesquisa acadêmica, revistas e outros materiais importantes são praticamente inacessíveis para alguém tentar obtê-los de graça na web. Em vez disso, o acesso é restrito a assinaturas caras, que são normalmente pagas por bibliotecas. Visitar a biblioteca, pessoalmente, ou acessar a biblioteca por meio de sua conta de membro, é, portanto, a única maneira de se obter acesso a recursos documentais essenciais.

4. A internet complementa as bibliotecas, mas não as substitui
Para orientar as pessoas a achar informação, a Universidade de Long Island fornece uma explicação útil de quais tipos de recursos podem ser acessados por meio da biblioteca. Estes incluem notícias, periódicos, livros e outros recursos. Curiosamente, a World Wide Web está entre estes recursos como mais um meio para encontrar informações. Mas não é uma substituta. A página diferencia e explica as vantagens das bibliotecas em relação à busca pela internet. Cita os benefícios da internet, includindo "amostras de opinião pública", uma coletânea de "fatos rápidos" e "uma ampla gama de idéias". De forma geral, o ponto é bem correto: bibliotecas são instituições completamente diferentes da web. Sob essa ótica, falar sobre uma substituindo a outra começa a parecer absurdo.
5. Bibliotecas escolares e bibliotecários melhoram as pontuações médias dos estudantes em testes Um estudo de 2005 das Bibliotecas Escolares do Illinois mostra que os estudantes que visitam frequentemente bibliotecas escolares com acervos bem abastecidos e com boa equipe terminam com pontuações mais altas em testes ACT e um melhor desempenho em exames de leitura e escrita. Interessantemente, o estudo aponta que a tecnologia de acesso digital desempenha um papel importante nos resultados dos testes, observando que "escolas com computadores que se conectam aos catálogos de bibliotecas e bases de dados obtêm uma média de 6,2% de melhora nas pontuações de testes ACT". Ver a notícia aqui.

6. Digitalização não significa destruição
A avidez com que as bibliotecas investiram na parceria com o Google Book Search não é o trabalho de uma mentalidade impulsiva. Bibliotecas incluindo a Universidade de Oxford, da Universidade de Michigan, Harvard, da Universidade Complutense de Madri, a Biblioteca Pública de Nova York, a Universidade do Texas, da Universidade da Califórnia e muitos outros se uniram ao projeto do Google, em vez de evitá-lo. Na abertura de seus acervos, essas bibliotecas terão todos os seus livros eletronicamente disponíveis para seus usuários. Embora se possa esperar que livros sem direitos autorais, que em muitas ocasiões são totalmente disponíveis ao público, os materiais protegidos por direitos autorais - incluindo assinaturas de periódicos - ainda serão mantidos sob acesso restrito. A razão para isto é, em parte, porque as cláusulas indenizatórias do Google Book Search não chegam muito longe; o Google Book Search não isenta as bibliotecas de qualquer responsabilidade que possa incorrer caso elas ultrapassem os limites do direito autoral. E há uma causa real para esta cautela - o Google Book Search está enfrentando atualmente dois processos importantes de autores e editores.

7. Na verdade, digitalização significa sobrevivência
Daniel Greenstein da Universidade da Califórnia cita uma razão prática para a digitalização de livros: em formato eletrônico os livros não estão vulneráveis aos disastres naturais ou à "pulverização" causada pelo tempo. Ele ainda cita a destruição de bibliotecas pelo furacão Katrina como um importante lembrete da vulnerabilidade da "memória cultural".

8. A digitalização levará algum tempo. Um bom tempo.
Enquanto a digitalização desenvolveu um ar de movimento incessante rapidamente acabando com as paredes das bibliotecas e expondo tesouros intocados, ela está bastante longe de alcançar seu objetivo. Com um número estimado de 100 milhões de livros impressos desde a invenção da imprensa, o processo dificilmente fez progresso. Digitalizar é caro e complicado, e até então o milhão de livros digitalizados do Google é apenas uma gota no oceano. "A maior parte da informação", diz Jens Redmer, o diretor europeu do Google Book Search, "está fora da internet".
Mas quanto tempo levará para indexar o conhecimento do mundo todo? Em 2002, Larry Page disse que o Google poderia digitalizar aproximadamente sete milhões de livros em seis anos. Desde 2004 o
Google Book Search tem lidado com uma série de encaixes e começos. Em 2007, eles conseguiram indexar um milhão de livros. Então, numa média de aproximadamente meio milhão de livros por ano, digitalizar 100 milhões de livros levaria cerca de 200 anos. Assumindo que o Google saberia lidar com os desafios logísticos e legais e finalizasse 7 milhões de livros a cada 6 anos, o ano mais aproximado do término ainda seria 2092. No meio tempo, uma base usuária mais ampla se apoiará em bibliotecas, ou coleções online do que já foi digitalizado. Jogar fora bibliotecas físicas antes da digitalização ser completa deixaria os clientes da biblioteca no limbo.

9. Bibliotecas não são só livros
A tecnologia está se integrando aos sistemas de bibliotecas, e não os intimidando. Levando esse assunto ao seu extremo lógico (embora isso seja pouco provável de não acontecer), nós poderíamos eventualmente ver prateleiras inteiras de bibliotecas relegadas a bases de dados, e ter livros apenas acessíveis digitalmente. Então como isso deixa os bibliotecários? Eles estão sendo dominados pela tecnologia, a inimiga sem fim do trabalho? Não dessa vez. Na verdade, a tecnologia está revelando que o verdadeiro trabalho dos bibliotecários não é apenas colocar os livros na estante. Ao invés disso, seu trabalho envolve guiar e educar visitantes em como encontrar informação, independente se estiver em livros ou em formato digital. Tecnologia provê melhor acesso a informação, mas é uma ferramenta mais complexa, geralmente requerindo know-how especializado. Essa é uma especialidade do bibliotecário, uma vez que eles se dedicam a aprender as técnicas mais avançadas para ajudar visitantes a acessarem a informação efetivamente. Isso está em sua descrição de trabalho.

10. Dispositivos móveis não são o fim dos livros ou das bibliotecas
Previsões sobre o fim do livro são uma resposta previsível para a digitalização e outras tecnologias, e a bola de cristal de alguns que são pró-papel parecem também revelar um concomitante desmoronamento da civilização. Uma das últimas ameaças obscuras ao papel (e à sociedade) parece ser o plano do Google de tornar e-books disponíveis para download para dispositivos móveis. A versão iPod do romance chegou. O Google já escaneou um milhão de livros. Usuários dos trens japoneses estão lendo bestsellers inteiros em seus celulares. O fim está próximo. Mas se o e-book movel é um hit e um fenômeno duradouro, é improvável que eles serão uma transição para todos os tipos de leitores. O rádio continuou a viver apesar da TV, o cinema ainda tem alta demanda apesar do vídeo, as pessoas ainda falam no telefone apesar do e-mail. Pessoas que gostam de livros de papel continuarão a ler livros de papel mesmo se downloads móveis induzir a maioria dos editores a liberarem e-books ao invés de papel. Afinal, uma imensa reserva de livros impressos ainda será acessível aos leitores. Aonde quer que as bibliotecas se enquadrem ao supor que e-books móveis realmente substituam os livros impressos, a presença da biblioteca digital continuará a ser extremamente importante, seja baseada em papel ou eletronicamente.

11. O hype de repente é só hype
Os livros impressos não estão exatamente condenados, mesmo anos depois da invenção do e-book. Na verdade, ao se contrastar os méritos do e-book com os de um livro impresso, poderia-se argumentar que os livros em papel são de fato um produto melhor. Seria prematuro apagar as bibliotecas os seus livros grátis em função das previsões sobre a eminente proeminência dos e-books. A sociedade poderia perder um valioso acesso a um meio confiável - mesmo se os e-books vingarem.

12. O atendimento das bibliotecas não está fracassando - é apenas mais virtual agora
Com aproximadamente 50,000 visitantes por ano, a visitação aos Arquivos da História Americana (American History Archives) na Sociedade Histórica de Wisconsin (Wisconsin Historical Society) caiu 40% desde 1987. Essa estatística, quando colocada sozinha, pode se provar suficiente para qualquer pessoa que casualmente prevê o colapso das bibliotecas. Mas é apenas metade da história. Os arquivos também foram digitalizados e disponibilizados online. Todo ano a biblioteca recebe 85,000 visitantes únicos online. O número de escolas online oferecendo graduações online está constantemente aumentando também. Várias dessas escolas estão melhorando também suas bibliotecas virtuais.

13. Como as empresas, as bibliotecas digitais ainda precisam de recursos humanos Mesmo as empresas online contam com suporte de qualidade para as melhores vendas e satisfação do cliente. A disponibilidade de e-mail, telefone e chat ao vivo melhoram a experiência de pessoas que procuram produtos e serviços. O mesmo vale para as pessoas que procuram informações. Em
troca do pagamento de impostos ou taxas da biblioteca embutidos nas mensalidades da universidade, os membros da biblioteca devem esperar um confiável "suporte ao cliente" em troca de seus pagamentos. Os bibliotecários são de fato muito importantes no atendimento aos seus visitantes. E ainda hoje não há nenhum substituto equivalente para a biblioteca, que fornece acesso a montanhas de conteúdo que não está disponível através de motores de busca ou mesmo o Google Books Search, que só oferece trechos e links para lojas onde os livros podem ser comprados.

14. Nós simplesmente não podemos contar com bibliotecas físicas desaparecendo Bibliotecas físicas nunca irão desaparecer. Mesmo que o Google Book Search pegue o ritmo e as bibliotecas financiem seus próprios projetos de digitalização, o futuro do espaço físico das bibliotecas continua a ser necessário. Isso ocorre porque muitas bibliotecas ainda não estão digitalizando e muitas nunca poderão digitalizar. Há uma boa razão: este processo é caro. Numa estimativa baixa de 10 dólares por livro (e provavelmente muito mais para obras mais antigas, mais delicadas), digitalizar uma biblioteca inteira de, digamos, mais de 10.000 livros - bem, é bastante caro. E para muitos usuários da biblioteca, eles ainda dependem da tradicional abordagem eficaz para localizar informações com computadores no local ou bibliotecários disponíveis para ajudá-los.

15. O Google Book Search "não funciona" Se a indexação ao estilo do Google para os livros de todo o mundo espelhasse o bem conhecido serviço de busca da empresa, isto valeria como um forte argumento contra a manutenção das bibliotecas. Afinal, o Google tem uma grande tecnologia para pesquisar na web, certo? Nós não poderíamos simplesmente ignorar as bibliotecas? Mas os especialistas lembram que o Google Book Search está longe de garantir tais facilidades como é experienciado com o serviço de busca na internet da companhia. Os elevados ideais da informação-para-todos são impedidos não só por conta das ações judiciais, mas pelo próprio desejo do Google de ser o poderosos chefão. Eles não estão prestes a entregar o seu índice para os outros concorrentes, como a Microsoft, Yahoo, Amazon e outros projetos independentes de digitalização. O usuário perde por não ser capaz de acessar tudo através do seu serviço preferido de busca por livros digitalizados. Ao não conceder os arquivos digitais aos seus concorrentes, as empresas que assumem esta abordagem competitiva e corporativa em relação ao processo de digitalização, arriscam a sumirem do mapa, para bem longe da filosofia da biblioteca pública. Enquanto isso, as bibliotecas devem permanecer intactas e disponíveis ao público em geral.

16. Bibliotecas físicas podem se adaptar às mudanças culturais
A Comissão Nacional de Bibliotecas e Serviços de Informação dos Estados Unidos (NCLIS) é uma entre os muitos grupos que estudam e debatem a função das bibliotecas físicas na era digital. Em um simpósio da NCLIS, no ano de 2006, foi criado um relatório que clama por uma redefinição do que é o espaço físico da biblioteca. Menos como "depósitos", foi uma das conclusões, e mais como uma junção de trabalho, aprendizado, ensino e novos tipos de programas.

17. As bibliotecas físicas estão se adaptando à mudança cultural Qualquer pessoa subscrevendo as teorias do pensador do século 20 Marshal McLuhan poderia dizer que, junto com as mudanças no padrão de vida provocadas pelas tecnologias eletrônicas, o conhecimento que já foi encerrado em livros e compartimentado em áreas temáticas, está agora a ser livremente divulgado em uma explosão de democracia, tornando obsoleto a austeridade do solitário, ecoando os corredores da Biblioteca. Curiosamente McLuhan, que morreu em 1980, ainda disse certa vez: "O futuro do livro é a sinopse".
Na verdade, esta mudança cultural antecede o uso generalizado da internet, bem como o Google Book Search. Por décadas a sociedade vem buscando uma compreensão mais holística do mundo, e maior acesso à informação. A busca por novos métodos de organização das estruturas educativas (incluindo as bibliotecas) tem sido ativa. E apesar de as bibliotecas não estarem em muitas das listas pessoais de "10 Mais Inovadoras", elas têm se adaptado.
A diretora de bibliotecas da Washington State University, Virginia Steel, por exemplo, é uma defensora de maximizar a natureza social e interativa do espaço físico da biblioteca. Grupos de estudo, exposições de arte, lanchonetes e cafés - falar, e não sussurrar; esta é a nova biblioteca. Não é obsoleta, é apenas mudanças.

18. Eliminar bibliotecas representaria um corte no processo de evolução cultural A biblioteca que estamos mais familiarizados hoje - uma instituição pública ou acadêmica que empresta livros gratuitamente - é um produto da democratização do conhecimento. Anteriormente, os livros nem sempre eram tão acessíveis, e as bibliotecas privadas ou os clubes do livro, eram um privilégio dos ricos. Isso começou a mudar durante o século XVII, com mais bibliotecas públicas surgindo e a invenção do sistema de Classificação Decimal de Dewey para padronizar os catálogos e índices. As bibliotecas começaram a florescer sob o olhar do presidente Franklin Roosevelt, em parte como uma ferramenta para diferenciar os Estados Unidos dos nazistas queimadores de livros. Este aumento do interesse na construção de uma sociedade mais perfeita e liberal culminou em 1956 com o Ato dos Serviços de Bibliotecas, que introduziu o financiamento federal pela primeira vez. Hoje, existem dezenas de milhares de bibliotecas públicas nos Estados Unidos. (Mais informações sobre a história das bibliotecas aqui).

19. A internet não é "faça você mesmo"
É possível dizer que a internet presenteou a sociedade com um senso vertiginoso de independência. Acesso a informação do mundo todo - e máquinas de buscas gratuitas para poder pesquisar - traz a tona a questão da necessidade de bibliotecários, moderadores e outros mediadores; a rede, como parece, é um meio "faça você mesmo".
Mas uma rápida olhada nas forças motrizes da internet de hoje em dia nos mostra algo diferente. A internet é intensamente social e interativa, e criou comunidades de usuários que geralmente são bem organizadas e integradas uma vez que são grandes. A internet está servindo como ferramenta para que humanos preencham seus instintos naturais de criação de comunidades - compartilhando, interagindo e fazendo negócios.
A economia online é dirigida em grande parte pela filosofia da web 2.0 de interação humana, revisão por pares e a democratização de conhecimento e análise. Máquinas de buscas fazem o ranking de páginas baseados em popularidade, plataformas de redes sociais atraem milhões de visitantes por dia e a enciclopédia mais popular da internet é escrita pelas mesmas pessoas que a lêem.
Como a Wikipedia, as terras online de encontro mais populares são geralmente as mais bem moderadas. Uma vez que bobagens e spammers são uma parte inevitável de qualquer sociedade (física ou virtual), o controle de qualidade ajuda a contribuir à melhores experiências online. Boa cidadania entre comunidades online (contribuição inteligente para a discussão e não spam) é um modo muito seguro de melhorar sua reputação como um membro útil do grupo. Para ser adotado, esse tipo de ambiente deve ser moderado.
Interessantemente, o papel do moderador é muito paralelo ao do bibliotecário: para salva-guardar um ambiente no qual o conhecimento pode ser acessado e idéias possam ser partilhadas.
A noção de que bibliotecas são algo do passado e que a humanidade abriu suas asas e vôou para uma nova era de verdade auto-guiada nada mais é do que ridícula. Infelizmente, é esta mesma noção que levaria ao desmembramento das bibliotecas como bagunçadas e datadas. Na realidade, a qualidade da rede depende da direção de um modelo acadêmico, um modelo de biblioteca. Enquanto os moderadores tem como melhorarem o novo e selvagem cenário cibernético, os bibliotecários já trilharam partes significantes desta viagem.

20. A sabedoria das multidões não é confiável, por causa do ponto de desequilíbrio
A alta visibilidade de certos pontos de vista, análises e mesmo fatos encontrados online através dos sites de redes sociais e wikis é construída - idealmente - para ser o resultado do consenso do grupo. O algoritmo do Google também se baseia nesse princípio coletivo: no lugar de um expert arbitrariamente decidir qual recurso é o mais "importante", deixe que a web decida. Sites com alta popularidade de links tendem a ser os primeiros do ranking nos motores de busca. O algoritmo é baseado no princípio de que o consenso do grupo revela uma melhor e mais acurada análise da realidade do que um único expert poderia fazer. O escritor James Surowieki chamou isso de "sabedoria das massas".
Em um vácuo, as multidões são provavelmente muito sábias. Mas muitas vezes nós percebemos a advertência da sabedoria das multidões de James Surowiecki no "ponto de desequilíbrio" de Malcolm Gladwell, que, neste contexto, explica que os grupos são facilmente influenciados pela sua vanguarda
- aqueles que são os primeiros a fazer alguma coisa e que têm automaticamente influência extra, mesmo que o que estejam fazendo não seja necessariamente a melhor idéia. A natureza altamente social da web, portanto, torna altamente suscetível, por exemplo, o sensacionalismo, a informação de baixa qualidade, com o único mérito de ser popular. Bibliotecas, em contrapartida, fornecem controle de qualidade na forma de um substituto a esta questão. Apenas a informação que é cuidadosamente analisada é permitida. As bibliotecas são propensas a permanecer separadas da Internet, mesmo que elas possam ser encontradas online. Portanto, é extremamente importante que as bibliotecas continuem vivas e bem, como um contraponto ao populismo frágil da web.

21. Bibliotecários são as contrapartes insubstituíveis dos moderadores da web Os indivíduos que, voluntariamente, dedicam o seu tempo para moderar fóruns e wikis estão desempenhando um papel semelhante aos bibliotecários que supervisionam as estantes - e aqueles que visitam as estantes. A principal diferença entre os bibliotecários e os moderadores é que, enquanto os primeiros guiam os usuários através de um conjunto de obras altamente autoritativas, publicadas, o moderador é responsável por tomar o leme quando o consenso é criado. Apesar de os papéis serem distintos, cada um está evoluindo junto com o crescimento rápido da Internet e a evolução das bibliotecas. Ambos moderadores e bibliotecários terão muito a aprender uns com os outros, por isso é importante que ambos se aproximem.

22. Ao contrário dos moderadores, os bibliotecários devem delimitar a linha entre bibliotecas e a Internet Evidentemente, as bibliotecas já não são tanto do ponto de partida e término de toda a pesquisa acadêmica. A Internet está efetivamente puxando os alunos para longe das estantes e revelando uma riqueza de informações, especialmente para quem está equipado com as ferramentas para encontrá-la. Na verdade, o sonho de eliminar o intermediário é possível de atingir. Mas a que preço? A literacia mediática, apesar de ser um ativo extremamente importante para os estudiosos e pesquisadores, está longe de ser universal. Quem vai realizar a educação midiática? Muitos argumentam que os bibliotecários são os mais indicados para educar as pessoas sobre a web. Afinal, os moderadores da web estão preocupados principalmente com o ambiente que eles supervisionam e menos com o ensino de habilidades web para estranhos. Os professores e os pesquisadores estão ocupados com suas disciplinas e especializações. Os bibliotecários, portanto, devem ser os únicos que atravessam a internet para tornar a informação mais facilmente acessível. Em vez de eliminar a necessidade de bibliotecários, a tecnologia está a reforçar a sua validade.

23. A internet é uma bagunça Como um website pró-bibliotecário coloca, "A internet em pouquíssimas maneiras se assemelha a uma biblioteca. A biblioteca oferece um conjunto claro e padronizado de recursos facilmente recuperáveis". Apesar da natureza um pouco combativa desta frase, sua premissa é essencialmente correta. Apesar das melhorias na tecnologia de pesquisa e a criação de sites surpreendentemente abrangentes como a Wikipedia, a internet ainda é, em muitos aspectos, um vale-tudo. Inundada com sites provenientes de todos os tipos de fontes que, inexplicavelmente, definham ou galopam por posições no topo dos rankings, a web é como um velho oeste super populoso. Muitas pessoas confrontam este caos com exemplos populares de sites de redes sociais ou grandes, complexos e altamente bem sucedidos esforços de organização da informação(Google, Wikipedia, et al). Mas, apesar desses esforços, um volume de páginas questionáveis ainda tende a ser oferecido em muitos resultados de pesquisa, e a credibilidade de cada fonte inerentemente acessada deve ser questionada. Não que isso seja uma coisa ruim. Os oceanos da informação, a incerteza e a espontaneidade na web pode proporcionar uma experiência excitante e enriquecedora. Mas se você precisa limitar a sua pesquisa aos recursos logicamente indexados que foram publicados e avaliados por uma equipe de profissionais, a biblioteca ainda é a melhor aposta.

24. A internet está sujeita à manipulação Ao mesmo passo que as mentes brilhantes por trás do Google estão vindo acima com um algoritmo de busca melhor, as mentes brilhantes de otimizadores de motores de busca continuarão a burlá-lo. Isto poderia envolver estar em conformidade com as normas de qualidade do Google, ou, em muitos casos, contornando-as. É importante que o usuário tenha em mente as limitações do Google. Em muitos casos, o gigante das buscas é bem sucedido ao servir boa informação. Mas em muitos casos, ainda está aquém. Em contraste, é extremamente difícil penetrar nos índices das bibliotecas. Livros, periódicos e outros recursos devem ser nada menos do que material publicado de alto calibre. Se não forem, eles simplesmente não entram. Além disso, o incentivo econômico para manipular as coleções de bibliotecas é muito menos intenso do que na internet. Estima-se que apenas 4% dos títulos de livros sejam rentabilizados. Enquanto isso, o Google sozinho consegue ganhos incríveis com publicidade online, para não mencionar todos os outros se posicionando por um pedaço da torta da Internet. Mas as bibliotecas simplesmente não estão enfrentando esse tipo de pressão. Sua maneira de fornecer informações, portanto, será menos influenciada por interesses corporativos.

25. As coleções de bibliotecas empregam um sistema bem formulado de citações Livros e revistas encontrados em bibliotecas foram publicados sob diretrizes rigorosas de citação e precisão e, assim, são permitidos em coleções das bibliotecas. Estes padrões simplesmente não são impostos aos sites. Eles podem aparecer nos resultados de pesquisa independente de fornecerem citação. Com bastante pesquisa, a precisão dos recursos da web muitas vezes podem ser determinados. Mas perde-se muito tempo. As bibliotecas realizam pesquisas muito mais eficientes.

26. Pode ser difícil isolar informações concisas na internet Determinadas áreas, como condições médicas ou aconselhamentos financeiros são muito bem mapeados na web. Sites de qualidade para áreas mais marginais, no entanto, são menos fáceis de encontrar através de pesquisa na web. Seria preciso saber qual site se deseja visitar, e o Google não vai necessariamente servir exatamente o que você está procurando. A Wikipedia, que possui um bom ranking para uma ampla variedade de áreas especializadas, está melhorando a concisão da web. Mas a Wikepedia é apenas um site, que qualquer pessoa pode editar, e sua veracidade não é garantida. Bibliotecas mantêm coleções indexadas de materiais de pesquisa muito mais abrangentes e concisas.

27. As bibliotecas podem preservar a experiência do livro Consumir 900 páginas sobre a história intelectual da Rússia é uma experiência única para o livro. Em geral, o livro fornece um foco de estudo, porém abrangente, que resume anos de pesquisa de um autor - ou a equipe de autores - que dedicaram sua vida acadêmica a uma área temática específica. Através do Google Book Search, a internet pode ser uma ferramenta para descobrir onde comprar um livro. Resultados da buscas normais revelam também uma variedade de revendedores de livros, cursos acadêmicos ou projetos web a serem apresentados. Mas mesmo quando a internet oferece conteúdo real (como em uma pesquisa sobre a história da Rússia) a informação é muitas vezes pequena ou superficial - uma espécie de consulta de referência rápida. O conhecimento pode ser encontrado, mas a experiência de mergulhar em um livro de centenas de páginas não acontece online. A preservação das estantes, consequentemente, ajudará a preservar o acesso a esta forma de aprendizagem e a forma mais tradicional de aprendizagem pode continuar lado a lado com a novo.

28. Bibliotecas são estáveis, enquanto a Web é transitória Em um esforço para melhorar o seu serviço e derrotar os spammers, os motores de busca estão constantemente atualizando seus algoritmos. Muitas vezes, porém, os danos colaterais irão nocautear sites inocentes, incluindo, talvez, recursos autoritativos. Além disso, sites comumente saem do ar ou alteram seus endereços. Outros sites que apontam para esses recursos (que eram bons) podem facilmente e sem querer agrupar um sem número de "links quebrados". Esses sites podem permanecer sem qualquer edição por anos. As bibliotecas, por outro lado, tem um estoque seguro de
recursos disponíveis e um sistema de indexação padrão que oferece resultados estáveis e confiáveis de forma consistente.

29. As bibliotecas podem ser surpreendentemente úteis para as coleções e arquivos de notícias Em muitos aspectos, as bibliotecas ficam aquém da Internet quando se trata de agregar conteúdo de notícias. A TV, rádio e jornais online - para não mencionar a abundância de blogs referenciando e comentando sobre os acontecimentos diários em todo o mundo - muitas vezes pode saciar qualquer pessoa. Enquanto isso, as bibliotecas continuam a assinar e armazenar uma determinada lista de jornais, e arquivam as edições anteriores. Este esforço pode parecer humilde ao lado dos longas listas de agregadores de notícias online e acesso instantâneo a artigos publicados em tempo real.
No entanto, a catalogação de notícias por uma biblioteca pode fornecer uma série de vantagens. Para começar, muitas publicações continuam a existir offline. Para quem procura um artigo específico de um jornalista específico, uma biblioteca poderia render melhores resultados - mesmo que a publicação tenha que ser rastreada através de empréstimo entre bibliotecas. Bibliotecas frequentemente fornecem livremente exemplares de periódicos importantes que de outra maneira exigem assinaturas on-line, como muitas seções do New York Times. Além disso, normalmente os arquivos desaparecem offline, ou tornam-se cada vez mais caros online. (Experimente a busca do Google News Archive). Isto pode deixar as bibliotecas com as únicas cópias acessíveis.

30. Nem todo mundo tem acesso à internet
Nas nações menos desenvolvidas ou mesmo nas regiões mais pobres dos Estados Unidos, acessar a biblioteca é quase sempre o único jeito de um indivíduo realizar uma pesquisa séria. Há pelo menos duas principais razões pelas quais a internet talvez não seja sequer uma alternativa ilusória às bibliotecas. Primeiramente, acesso online pode ser muito mais difícil do que o acesso à biblioteca. Uma biblioteca pública pode ter pelo menos um computador, enquanto outros pontos de acesso à internet podem cobrar alguém que simplesmente não possui meios de pagar pelo acesso. Em segundo lugar, mesmo se o acesso à internet for obtido, o lapso de educação tecnológica nas áreas pobres do mundo irá deixar a tecnologia muito menos útil do que seria para uma pessoa com mais experiência de navegação na web.

31. Nem todos podem pagar pelos livros Fora dos países desenvolvidos, os livros são mais raros e muitas vezes mais caros do que suas contrapartes de primeiro mundo. Compondo o problema está um incrivelmente baixo salário mínimo, tornando o custo real dos livros astronômicos. A biblioteca pública, sempre que ela existe, portanto, torna-se muito mais crucial para a democratização da informação. Como os Estados Unidos tende a ser um líder de tendências, especialmente em termos tecnológicos, deve ressaltar a importância das bibliotecas, mesmo quando a tecnologia avança. Divulgar a cultura de aparelhos eletrônicos sobre os livros pode colocar em risco a existência de bibliotecas tradicionais, deixando os pobres sem livros ou estas tecnologias.

32. As bibliotecas são um substituto para o anti-intelectualismo Não é que a internet seja anti-intelectual; suas raízes acadêmicas e a imensa quantidade de sites acadêmicos com certeza atestam que seja um meio inteligente. Mas para alguns, o imediatismo sedutor da internet pode levar à falsa impressão de que apenas a discussão imediata, interactiva e simultânea possui valor. Livros empoeirados em prateleiras altas parecem então representar o conhecimento estagnado, e seus curadores (bibliotecários), ultrapassados. Os livros e a leitura fácilmente são considerados elitistas e inativos, enquanto o blog torna-se o aqui e agora. Mas, como mencionado anteriormente, nem tudo está na internet. O acesso aos livros e teorias de centenas de anos de história cultural é essencial para o progresso. Sem isso, a tecnologia poderá se tornar a ferramenta irônica das tendências culturais sensacionais e retrógradas. Preservar bibliotecas para armazenar o conhecimento e ensinar as limitações da tecnologia pode ajudar a evitar a arrogância e o narcisismo da novidade tecnológica.

33. Livros antigos são valiosos A idéia de uma biblioteca se tornar um "museu de livros" na era da digitalização é, às vezes, lançada
como um discurso apocalítico. Isso é um pesadelo real para os bibliotecários. O termo insinua que, ao invés de se tornar contemporânea e útil, as bibliotecas poderiam se transformar em fetiches históricos como discos de vinil ou máquinas de escrever. Em vez de se manterem como profissionais de pesquisa, os bibliotecários seriam forçados a se tornar "curadores de museus" - ou, mais provavelmente, perderiam seus empregos. Mas se a evolução da biblioteca caminha no sentido de se tornar um lugar interativo para eventos culturais e troca de idéias, a preservação e exibição de relíquias literárias poderiam ser mais uma faceta da sua importância (e também, intriga). De fato, livros antigos não têm somente valor momenetário, mas são parte da memória cultural e histórica que não deve ser perdida para a digitalização.

Conclusão
A sociedade não está pronta para abandonar a biblioteca, e provavelmente nunca estará. Bibliotecas podem adaptar-se as mudanças sociais e tecnológicas, mas elas não são substituíveis. Enquanto que as bibliotecas são distintas da internet, os bibliotecários são os melhores profissionais para guiar acadêmicos e cidadãos para um melhor entendimento de como encontrar informação de valor online. Certamente, existe muita informação online. Mas ainda existe muita informação em papel. Ao invés de taxar as bibliotecas como obsoletas, os governos estaduais e federais deveriam aumentar os recursos para garantir melhores funcionários e tecnologias. Ao invés de galopar cegamente através da era digital, guiado apenas pelos interesses corporativos da economia da web, a sociedade deveria adotar uma cultura de guias e sinalizações. Hoje, mais do que nunca, as bibliotecas e os bibliotecários são extremamente importantes para a preservação e melhoria da nossa cultura.

Artigo original: Are Librarians Totally Obsolete?
Disponível em: http://www.degreetutor.com/library/adult-continued-education/librarians-needed