quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A praça da alegria (Por Adriano Goulart)


Ontem houve um debate entre os candidatos a presidente do Brasil para o ano de 2014. Tudo nos conformes. Um candidato atacando, e dizendo que faria aquilo que o outro não fez, outro se defendendo e dizendo que fez, e que fará mais, e os outros, vários, falando e falando da forma peculiar que adquire um político durante as eleições. Tudo normal. Que alegria!
Hoje nas redes sociais e na internet como um todo, as impressões do debate foram a tona. “Candidato X foi agressivo!”. “Candidato Y enrolou demais e não falou nada!”. “O meu candidato foi melhor!”. “O seu foi pior e fraco!”. Quanto diálogo! Uma praça!

Daí eu me lembrei de quando estudava no curso de comunicação a disciplina de opinião pública. Que fantástico ver uma teoria da área de psicologia-social ser aplicada na prática, para uma quantidade tão grande de pessoas. Acredito que no Brasil estamos perto de 100 milhões de eleitores e isso torna a observação disso ainda mais interessante.

Resumindo de maneira feia, trata-se do seguinte: os grupos de interesse econômico, social e político já estão formados e predispostos a se alinhar a uma das correntes. Os critérios dos membros desses grupos para escolha e participação tem haver com o nível de acesso ao poder público e benefícios que se obterão caso seu candidato seja eleito. No entanto esses grupos sozinhos não garantem os votos suficientes para eleger seus candidatos. Dessa forma, precisam conquistar os votos da maioria esmagadora da população que não tem vínculos diretos com nenhum grupo partidário, são indiferentes ao processo eleitoral e vazias de critérios objetivos que as façam escolher devidamente entre as opções, aqueles candidatos que possam desenvolver o melhor trabalho. 

Assim, estabelecido esse pressuposto, ambas as correntes partem para buscar os eleitores. Essa população “alvo” por uma série de razões tende a optar pelo continuísmo. Pelo governo atual. Porque estão num estagio de comodidade tal, que não há necessidade de mudar nada. Nem melhorar. A não ser que suas vidas diretamente estejam afetadas e caóticas do ponto de vista de suas necessidades básicas, e principalmente que isso seja recente. 

Dessa forma, todo um teatro é organizado de forma que a corrente da oposição, que quer chegar ao poder faz um esforço enorme para demonizar as ideias e as práticas do governo atual, tentando buscar uma sensação de caos e incerteza para o futuro, enquanto que a corrente da situação ignora sumariamente as manifestações e reza para que o pleito acabe logo, e as críticas não tomem uma proporção que afete o imaginário indiferente da população alvo e as faça mudar de ideia na hora do voto. Começa enfim a campanha eleitoral! A verdadeira praça da alegria. E como diverte!

Fica engraçado observar os vários interesses, explícitos, pessoais, de pessoas esbravejando-se na ágora que é a internet e também nas ruas. Coitadas, não conseguem discutir efetivamente sobre assuntos importantes por 15 minutos seguidos durante sua vida toda. Mas seus brados de indignação e revolta durante esse período eleitoral não duram esse tempo todo, portanto fica fácil ser “politizado” naquele momento e participar dessa encenação de alegria ou descontentamento. Quando observamos com uma ótica de que o ser humano é um ser cênico é mais engraçado ainda. Como é fantástico tentar imaginar o que está debaixo da máscara de cada um desses atores.

Porém uma análise política brasileira deveria ser mais séria e complexa. No meu entender ao contrário do que as estratégias publicitárias dos grupos de interesse procuram dizer, não temos direitas ou esquerdas fortes por aqui. As diferenças entre identidades que visam individualidades, concentração do poder e manutenção da propriedade privada de um lado e os favoráveis a coletividade em detrimento da autonomia ou uma suposta liberdade do outro, os entendimentos de sociedade democrática e disseminação de benefícios de maneira igualitária por vezes se misturam e não são fáceis de perceber claramente nos antagonismos dos personagens. 

Não há uma polarização específica. O que existe são grupos caricatos desses dois lados.  Representados por militares raivosos loucos para que a ditadura volte para poder torturar e coagir pessoas, conforme suas conveniências, aliados a uma elite econômica que quer a manutenção de seu privilégio econômico, de preferência submetendo o resto da população as mesmas históricas humilhações que expõem os contrastes, e que mantém a devida distancia entre os que têm, e o que não têm. E no seu inverso, grupos radicais de pessoas presas no tempo de Lenin e Marx, que ainda tem a certeza (falsa e deturpada) de que a revolução comunista fez bem para a humanidade, aliados a uma turma de “soldados do caos” que adoram “apagar fogo com gasolina”. Querem desordem e anarquia por si só. Sem sentido.

E no centro dessa esquerda ou direita desses grupos estamos nós, meros mortais. Que ora estamos ligados aos interesses pontuais, ora nem um pouco atentos ao desenrolar histórico. Sem esquecer dos alienados e indiferentes. Esses vieram só a passeio.

Nesse país os partidos atendem as ideais momentâneos. Proliferam-se. Aqueles que hoje protagonizam essa suposta polarização partidária, há menos de 30 anos estavam do mesmo lado lutando contra uma ditatura. No mesmo palco. E hoje, prós e contra aquilo que se lhes impunha terror há um tempo atrás (e sinistro), estão juntos e bastante misturados em seus gabinetes e assessorias com um interesse atual específico. A continuação de sua carreira política nada saudável.  Não há valor por aqui que dure tanto tempo. Não há concepção clara e coerente. O que há são interesses. 

Políticos mudam de partidos na medida em que suas chances de eleição num novo pleito melhoram ou pioram. Os ideais? O projeto político? Esquece!  Os grandes caciques políticos perpetuam-se no poder, independente das alianças que façam. E são eles que garantem o poder. Esse para mim é o que mais a política brasileira tem de obscura e triste. A perpetuação de grupos políticos tão antigos e terríveis. Em cada localidade há uma família que domina o poder político desde o império até hoje. As gerações se alternam-se nos governos. Enquanto escrevo isso a prova acontece. Um carro de som passa a minha janela divulgando o nome do candidato a deputado “xxyy Junior”.  São Sarneys, Melos, Neves, Malufs, Matarazzos, Alkmins, Lernes, Cardosos, Silvas, Barbalhos, Magalhães, etc...
O que muda? Nada. O interesse pelo poder é o mesmo, as articulações são as mesmas sempre no sentido de beneficiar esses grupos, são eles que ditam as regras e as impõe sobre a população que os circunda. 

No fundo, assimilamos isso e concordamos. O povo brasileiro é corrupto também e beneficia-se dessa sucessão descabida, sempre na espera de que seremos os beneficiados da vez. O que nunca acontece. Uma troca justa? Divulgam-se os candidatos para manter-se no emprego público, balança-se bandeirinhas coloridas nas esquinas em troca de 20,00 reais pelo dia. Isso na cidade. No interior do país, morre-se pelos candidatos. 

A dinâmica do processo eleitoral é tão absurda que desenvolve uma estratégia esplêndida de visibilidade dos candidatos ao executivo, mas paralelamente e não menos importante temos a disputa por cargos do legislativo, onde a corrupção histórica corre solta. A rotina em si é imoral e suja.  Não são os políticos que fazem isso. Somos nós. Pois o mantemos nessas esferas de poder. A cada 2 anos por aqui há um processo eleitoral e o que acontece é que nem um terço desses grupos políticos se renovam. Resultado: as mesmas histórias e a mesma podridão. Não é irônico?  Não.

O programa “Praça da a
legria” foi uma atração humorística que existiu na TV brasileira desde 1957. Concebido por Manuel de Nóbrega, que fazia o personagem de um senhor que sentava em uma praça e dialogava com diversos tipos engraçados. O autor se inspirou durante uma viagem à Argentina, quando, da janela do seu hotel em Buenos Aires, observava, diariamente, um homem sentado num banco de praça conversando com diversas pessoas. Isso o fazia rir. Até hoje, seu filho, Carlos Alberto de Nobrega que sucedeu seu precursor no programa, diverte as famílias com piadas que de inocente nada tem, mas que se contextualizam e se moldam na medida em que o tempo vai passando. O humor é o mesmo, considerado ultrapassado e antigo por muitos, mas ainda faz as pessoas riem e se identificarem com a mensagem. Porque no fundo são caricatas como os personagens.

É interessante como a política brasileira se comporta de maneira parecida. Criticamos de forma agressiva (sempre durante o processo eleitoral), ora defendemos o candidato tal, ora o exaltamos, mas ao final o mesmo continuísmo de sempre. Os mesmos grupos de sempre. Nada muda.

No inicio do programa praça da alegria, sempre havia uma música de apresentação que fazia o ambiente próximo e aconchegante. Mas um trecho dela em específico me chama atenção pois é a essência da ironia, e também da histórica política brasileira:
“A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim. Tudo é igual, estou tão triste, porque eu não tenho, você perto de mim”.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O lírio, o Pedro. (Por Adriano Goulart)


Porque chegou o dia em que os olhos de quem o ama estão fitados em você.
E as lágrimas tem brilho de alegria.

Há céu azul, noite estrelada e muita luz no horizonte para o momento em que estiveres entre nós. O perfume personificado.

Sim. Bendito Pedro! Nosso Lírio! Para os chineses, o verão e fartura. O amor eterno e a pureza. Para os romanos, o pilar. Para mim, meu filho.

Como literatura, façamos juntos às Caçadas de Pedrinho, a experiência das descobertas de além-mar de Álvares Cabral, os relatos de Vaz de Caminha! Já és rocha para minha vida, assim como o Pedro que o Deus vivo proclamou viga para sua Igreja! Sejais o Malasartes, esperto e destemido, sem perder os olhos de menino.

És Pedro! Nosso Pedro. I , II, III e eterno! O esperado! Nosso Pequeno Príncipe! O Grande!
No caminho de Emaús, no livro sagrado, os discípulos tiveram a coragem de convidar “um estranho” para o interior de suas casas. “fica conosco Senhor pois já é tarde”. E esse gesto de coragem com um desconhecido foi a brecha para a maior experiência de suas vidas. O conhecimento profundo e direto do Jesus Messias. Portanto, em nossa tarde de vida, sejas bem-vindo nosso querido desconhecido! Não o Cristo, mas aquele que é presente d´Ele.
Descubramos juntos o Divino amor em família!

Serei seu guia, seu amigo, seu pai. Serei eu, você e sua mãe. Seremos nós e o nosso amor.
Vem Pedro! Compartilha conosco sua humanidade. Sua riqueza de criança. A certeza de que existe o milagre. Sua beleza e seu encanto. Prometo carinho, amor e mãos dadas. Mesmo na dor. Em tudo.

Aquele que veio para alegrar minha vida. No momento mais difícil dela. O momento do perde-e-ganha da vida. Foi-se a Azaleia, veio o Lírio. Suas cores, as essências de vocês estão interligadas. Num delicado traço de perfeição e harmonia.

O que eu tenho para dizer-te Filho meu? Hoje o meu sol nasceu. Para brilhar!
Brilhe! Brilhe!Brilhe!

E que a luz ilumine os seus passos sempre. Da caminhada, do horizonte, da intuição. Saiba que enquanto eu for agraciado com a Graça de ser seu guia temporal, me esforçarei para ser o melhor dentre eles. E quando a minha hora de encerrar a missão se aproximar, fará sentido toda minha oração.

Contemplo-te nesse dia, presente de Deus. Mistério de amor.
Perfeito-Esperança-Divino-Real-Ouro nosso. Meu filho. Nosso Pedro.