sexta-feira, 13 de maio de 2016

E seu soubesse do amanhã... Por Adriano Goulart -

E se eu soubesse do amanhã… Por Adriano Goulart.

Não sabemos muita coisa. De onde viemos.. para onde vamos.... Isso é fato. Nossa caminhada é sempre incerta, inconstante e improvável. A maioria de nossos passos são dados no escuro. Escuro total. E na prática, o que temos somos uns aos outros. E a lembrança da caminhada que alguém já fez. Celebrar o outro é o que nos torna vivos.


 E se eu soubesse do amanhã? Se conhecesse os caminhos, as dificuldades, o propósito que tem as coisas. Se eu soubesse dos problemas, daquilo que há de vir. Das doenças estranhas, dos medos aterrorizantes. De cada pecado cometido. De cada erro sem conserto. E se eu me antecipasse. 


Se pudesse ir à frente. A minha frente. Dar uma espiadinha. E ver o quão interessante está o futuro. Ou não. Se eu compreendesse cada momento que chegará. Cada guinada que a vida dá. E se percebesse quando a linha da vida vai virar. Deixar de existir. Saber exatamente o ponto que as coisas pioram ou melhoram. Se eu tivesse um espelho ao contrário, que ao invés de ver o que está atrás, eu conseguisse ver o que está a um passo adiante. Um metro depois do agora, um quilômetro, uma eternidade… 

 O que eu faria com isso se tivesse esse dom? Qual seria meu comportamento? Minha condição de oráculo do meu próprio destino? Uma internet de mim mesmo. Um buscador de mil palavras que ainda serão pronunciadas. Num fechar dos olhos pudesse contemplar as pedras que eu ei de pisar. Tropeços, sustos, decepções, dores e alegrias também, por quê não? “Se prepare para o pior, torça pelo melhor e receba o que vier”. Já ouvi isso muitas vezes. E também falo de vez em quando isso. 

Sou um alguém comum e bobo, e que reflete o mistério temporal, consciente dessa dimensão de limitação que temos. Que se apega em sabedorias populares, outras científicas e acadêmicas, na referência Cristã, no que vovó falou e o que fui vendo até hoje para viver … E sobreviver. E nessa condição humana, de sensível ao que vem, se transforma quando interage com o novo. Quando o futuro chega. 

 Mas alguns “presentes-futuro” que chegam e se estabelecem, seja no sentido temporal, quanto no de dádiva, são tão bons, tão importantes, que a gente tem que registrar. Eu mudei quando o Lírio chegou. O meu presente precioso. O meu Pedro. O Meu futuro. Agora sou o pai dele. E serei enquanto meu sentido precisar de mim, e meu encantamento me manter por aqui. É dele o meu olhar para o futuro. Independente o que vier pela frente. 

 Ele, o Presente, agora aperfeiçoa as primeiras palavras que aprende dia a dia. E cada nova palavra é uma descoberta cheia de neologismos que nem Guimarães Rosa daria conta. Experimenta frases, tenta conjugar verbos repetindo o que ouve das pessoas, dá gargalhadas tentando falar “pa ra le le pí pe do”. E como é divertido aprender com ele. 

 Agora canta sem parar, valorizando alguns trechos que mais gosta, reinventando o som, a letra, a melodia. E isso é música para os meus ouvidos. “-Já passou .. a CHHUUUVA… o sol já vem … SUZINU… e a dona aranha continua “SUBINU”... Ela é teimosa e “desobeDIEEENTE”... sobe, sobe, sobe… desce, desce desce…” 

 Agora me chama para ler com ele. … quer dizer, institui o horário do Pedro. Que é há qualquer momento. Quando dá na telha. Dele. O folgadinho chega trazendo um livro e diz: -“vem papai, lê o livro!”. … E me ganha na hora. Após a estória, continua: -”agora neném lê”. E eu fico olhando. O leio. A linda estória materializada em minha frente. Que se auto proclama “Neném é Pedro Goouuuulart”. 

 Ele, o Lírio, nosso Anjo, também nos emociona. A mim e a mamãe de noite, quando vamos dormir. Todos os dias, juntos, de mãos dadas agradecemos a Deus o presente que foi dado a nós. E confiamos ao Pai celeste o sucesso da missão que nos foi dada. De guiar nessa terra os passos iniciais do nosso Pedro. Mas de repente, não mais que de repente, numa dessas noites em que as estrelas brilham diferente, já em clima de oração, nosso Presente toma a palavra … -”neném faze oração”...”agora o Pedro”... fecha os olhos (como se soubesse olhar em nossas almas)… e diz: “Papai do céu… boa noite. brigado pelo dia...bençoa papai, bençoa mamãe… amém.” E nós, reles papai e mamãe, agora em prantos pela surpresa, testemunhamos a primeira oração do nosso anjinho particular, numa intimidade total com o que transcende, dedicando sua atenção, falando de nós e para nós com menos de 2 aninhos de caminhada na terra. Mal sabe ele que a simples presença dele já é nossa oração realizada. O sinal do próprio Deus em nossas vidas. 

 O Menino agora toca em tudo. Corre sem parar. Acelerado, inusitado, imprudente. E nos deixa de cabelo em pé. Esconde atrás da cortina e num piscar de olhos puxa a cadeira, sobe nela e tenta pegar o biscoito em cima da mesa, como se fosse uma escada. Quer “petar a pampainha”, “petar botão”, “pagar e cender a luze”. Fala “não!”, “tá ruuuuim” e “Pode não” com uma clareza maior que muita gente adulta. O neném agora rapazinho faz xixi no peniquinho, quer ir no vazo, dar descarga e dizer “Tchau cocô… vai com Deus!” , o que horrorizaria a vovó dele, mas a mim, alimenta a alma. Chora em 100 decibéis para cortar cabelo mas, para na hora se houver um pirulito por perto. E conta até piada. Pede para ir ver a “Julia”, o “Guiiilheeeerme”, a “Sarinha”, o “Tutu”... E também a “Barballa”, “o Dudu”... e a “Aaana”. Chega na casa da vovó e grita “Ei Ti Dada!, ei Yago!, ei Zezé! … “Bença”.. 

A criança que me faz viver, me modificou. Faz dois anos. O presente brilha aos meus olhos e eu caminho ao lado dela felizmente. De mãos dadas como eu tanto queria. E isso é bom. Isso é muito bom! Gostaria que todos tivessem a oportunidade de ver com meus olhos transformados. De pai. Verdes não pela cor, mas pela esperança. E a convicção de que o futuro é bom. Por ele estar aqui. 

Meu desafio agora é interpretar o tempo. O inverno que chega e a primavera que logo sucede. Observar atentamente o que há de vir. Estar sempre um passo a frente dele enquanto eu puder, para avisá-lo de que há pedras no seguir. Que vão machucar, mas que vale a pena passar por elas. É isso que eu vou fazer. 

 E se eu soubesse do amanhã? eu diria: que venha, porque o Senhor é bom e carinhoso comigo. Ele me deu o Pedro para caminharmos juntos. E por isso um obrigado será recitado a cada passo dado com ele. Como faço hoje. 

 Por fim, Pedro, no início eu o ajudo a caminhar e depois, estaremos lado a lado até que um dia eu o olhe lá na frente… bem na frente e o veja. E onde quer que eu esteja diga: olha lá como é lindo o meu amanhã. Hoje, contemplo-te vida, os passos dados e o amor. Pois onde isso existe, o presente já me basta. É meu bebê que cresce. 

 Ao Pedro, com carinho. 
 Adriano Goulart. 
13 de maio de 2016.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Singela e simples

Simples e singela. 

Quando se faz aniversário é comum que se reflita a vida. E como é bom saber que o que se fala de alguém faz todo sentido. Porque assim a resposta sai do coração. Simples e singela. 

 Daqui a um tempo, quando o Pedro estiver passando pelos seus trinta anos, quero poder sentar com ele nos lugares e bater longos papos. Falar da vida, das coisas que a gente gosta, de música boa, de poesia. Quero saber dele sua visão de mundo, sua compreensão das coisas. Das boas e das ruins. 


Quero falar de política, culinária, tecnologia, comportamento, religião e principalmente, da nossa história. Porque assim se alinham as chaves entre o presente e o futuro. Eu me vejo podendo compartilhar emoções, lembranças e também convicções. Ao meu filho. Meu guiando. Meu amigo. Da família que ele tem e do que ele deve se orgulhar. 


Nesse tempo, quero que ele me pergunte algumas coisas. E uma dessas coisas que eu gostaria que ele perguntasse seria: - “então pai… o que você tem a dizer da minha mãe?”

Perceba que com essa idade eu sinceramente espero que essa pergunta já esteja acompanhada da resposta. Primeiro pela responsabilidade que é dar esse tipo de resposta. E segundo, porque tenho certeza que como ela é, por volta desse tempo o Pedro já conheça perfeitamente a mulher que o criou a ponto dele buscar apenas uma confirmação do que já sabe. Do presente que ela é para nossas vidas. 

Mesmo assim quero registrar algumas coisas, para facilitar daqui a mais ou menos 30 anos. A mãe do Pedro é um daqueles seres humanos genuínos. Legítimos. Tipo diamante, dos mais raros. Das melhores classes. Ela é impecável, transparente e forte. 

O caráter dela é tão forte, que acredito que conheci pouquíssimas pessoas como ela. E isso me conforta muito. Saber que ela esteve ao meu lado esse tempo todo. Ela cuida de você desde que nasceu. Cuidar no sentido e deixá-lo melhor. Muito melhor. De tratar, amparar, modelar. Afagar. Incansavelmente ela acordou várias vezes pela madrugada, todos os dias da sua vida só para conferir se você está bem. 

 Ela é o remetente principal a Deus quando o assunto são as orações encaminhadas a Ele pelo seu bem estar. É a sua guia com o maior coração e dedicação que alguém pode ter. Porque te ama maravilhosamente. E eu testemunho sua vocação. Sua mãe é desses seres humanos que tem a virtude da integridade. E é tão bom saber que existem dessas pessoas. E é tão bom saber que compartilho minha vida com uma pessoa dessas. Que você confia e pronto. 

De poucas palavras, duras em algumas vezes, mas as melhores delas quando se precisa de uma ajuda para ficar com os pés no chão. Como filha, seus pais estão felizes pois ela os honra constantemente. No sentido bíblico da palavra. De mandamento. De princípio. É cuidadosa e empenhada e está presente em cada momento para garantir que as coisas andam bem. Eu lhe garanto meu filho, que sua mãe é a melhor de todas. E foi escolhida a dedo para você e para mim. No momento certo e para os momentos certos. 

Ela é generosa como mulher. E assim o foi comigo. Sempre. Segurando minhas mãos nos momentos de maior desconforto que tive. E foram vários. Ela é ótima para nos situar. Nos fazer entender as coisas melhor. Pela óptica da razão. Seus amigos atestam minhas palavras. Pois a eles também é generosa e verdadeira. E quando se faz aniversário é comum que se reflita a vida.

Como é bom saber que o que se fala de alguém faz todo sentido. Porque assim a resposta sai do coração. Simples e singelo. 

 A Cleidinha, minha oração do dia.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Abençoada seja ela nesse dia.


Abençoada seja ela nesse dia.
Abençoada seja a mulher a quem Deus escolheu pra ser minha companheira na estrada da vida.
Que ela seja homenageada a cada momento, pelo coração que tem, e por ser do time do bem.
Aquela que me honra dia-a-dia.  Que é destemida. Combativa.
Que o Senhor assegure o futuro dessa linda mulher. Pois ela merece.
É dela a confiança que recebo, é nela em que deposito minha alegria de partilhar a vida.
Que haja esperança em seu coração. Sempre.
Que esteja envolta ao carinho que só a família pode dar.
Que tenha as mãos seguras por muitas outras mãos. Dos amigos que são anjos em nossas vidas, e as minhas também. E em dias confusos, que seja amparada pelo amor de Deus e iluminada com sabedoria e luz.
Abençoada seja minha esposa, que junto comigo acolhe e guia o maior presente de nossas vidas, o nosso filho Pedro.
Mãe espetacular! A melhor de todas. Impecável.
Agradeço a Deus pela dádiva que foi conhecê-la. Pelo exemplo de vida correta que todo dia me dá ao raiar do dia. Pela mão Divina que nos faz estar juntos. Pela certeza de que vale muito a pena estar com ela.
Aquela a quem me foi confiado cuidar do seu jardim. Dar carinho e deixar sempre perfumado.
Aquela a quem é meu dever santificá-la.
Aquela ao qual parabenizo hoje, por mais um ano de vida.
A quem todos chamam de Cleidinha.
E a mim fora autorizada pelos céus chamá-la de Mô.
Feliz Aniversário! Cleidinha, meu amor!
Adriano Goulart – 7 de janeiro de 2015.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A praça da alegria (Por Adriano Goulart)


Ontem houve um debate entre os candidatos a presidente do Brasil para o ano de 2014. Tudo nos conformes. Um candidato atacando, e dizendo que faria aquilo que o outro não fez, outro se defendendo e dizendo que fez, e que fará mais, e os outros, vários, falando e falando da forma peculiar que adquire um político durante as eleições. Tudo normal. Que alegria!
Hoje nas redes sociais e na internet como um todo, as impressões do debate foram a tona. “Candidato X foi agressivo!”. “Candidato Y enrolou demais e não falou nada!”. “O meu candidato foi melhor!”. “O seu foi pior e fraco!”. Quanto diálogo! Uma praça!

Daí eu me lembrei de quando estudava no curso de comunicação a disciplina de opinião pública. Que fantástico ver uma teoria da área de psicologia-social ser aplicada na prática, para uma quantidade tão grande de pessoas. Acredito que no Brasil estamos perto de 100 milhões de eleitores e isso torna a observação disso ainda mais interessante.

Resumindo de maneira feia, trata-se do seguinte: os grupos de interesse econômico, social e político já estão formados e predispostos a se alinhar a uma das correntes. Os critérios dos membros desses grupos para escolha e participação tem haver com o nível de acesso ao poder público e benefícios que se obterão caso seu candidato seja eleito. No entanto esses grupos sozinhos não garantem os votos suficientes para eleger seus candidatos. Dessa forma, precisam conquistar os votos da maioria esmagadora da população que não tem vínculos diretos com nenhum grupo partidário, são indiferentes ao processo eleitoral e vazias de critérios objetivos que as façam escolher devidamente entre as opções, aqueles candidatos que possam desenvolver o melhor trabalho. 

Assim, estabelecido esse pressuposto, ambas as correntes partem para buscar os eleitores. Essa população “alvo” por uma série de razões tende a optar pelo continuísmo. Pelo governo atual. Porque estão num estagio de comodidade tal, que não há necessidade de mudar nada. Nem melhorar. A não ser que suas vidas diretamente estejam afetadas e caóticas do ponto de vista de suas necessidades básicas, e principalmente que isso seja recente. 

Dessa forma, todo um teatro é organizado de forma que a corrente da oposição, que quer chegar ao poder faz um esforço enorme para demonizar as ideias e as práticas do governo atual, tentando buscar uma sensação de caos e incerteza para o futuro, enquanto que a corrente da situação ignora sumariamente as manifestações e reza para que o pleito acabe logo, e as críticas não tomem uma proporção que afete o imaginário indiferente da população alvo e as faça mudar de ideia na hora do voto. Começa enfim a campanha eleitoral! A verdadeira praça da alegria. E como diverte!

Fica engraçado observar os vários interesses, explícitos, pessoais, de pessoas esbravejando-se na ágora que é a internet e também nas ruas. Coitadas, não conseguem discutir efetivamente sobre assuntos importantes por 15 minutos seguidos durante sua vida toda. Mas seus brados de indignação e revolta durante esse período eleitoral não duram esse tempo todo, portanto fica fácil ser “politizado” naquele momento e participar dessa encenação de alegria ou descontentamento. Quando observamos com uma ótica de que o ser humano é um ser cênico é mais engraçado ainda. Como é fantástico tentar imaginar o que está debaixo da máscara de cada um desses atores.

Porém uma análise política brasileira deveria ser mais séria e complexa. No meu entender ao contrário do que as estratégias publicitárias dos grupos de interesse procuram dizer, não temos direitas ou esquerdas fortes por aqui. As diferenças entre identidades que visam individualidades, concentração do poder e manutenção da propriedade privada de um lado e os favoráveis a coletividade em detrimento da autonomia ou uma suposta liberdade do outro, os entendimentos de sociedade democrática e disseminação de benefícios de maneira igualitária por vezes se misturam e não são fáceis de perceber claramente nos antagonismos dos personagens. 

Não há uma polarização específica. O que existe são grupos caricatos desses dois lados.  Representados por militares raivosos loucos para que a ditadura volte para poder torturar e coagir pessoas, conforme suas conveniências, aliados a uma elite econômica que quer a manutenção de seu privilégio econômico, de preferência submetendo o resto da população as mesmas históricas humilhações que expõem os contrastes, e que mantém a devida distancia entre os que têm, e o que não têm. E no seu inverso, grupos radicais de pessoas presas no tempo de Lenin e Marx, que ainda tem a certeza (falsa e deturpada) de que a revolução comunista fez bem para a humanidade, aliados a uma turma de “soldados do caos” que adoram “apagar fogo com gasolina”. Querem desordem e anarquia por si só. Sem sentido.

E no centro dessa esquerda ou direita desses grupos estamos nós, meros mortais. Que ora estamos ligados aos interesses pontuais, ora nem um pouco atentos ao desenrolar histórico. Sem esquecer dos alienados e indiferentes. Esses vieram só a passeio.

Nesse país os partidos atendem as ideais momentâneos. Proliferam-se. Aqueles que hoje protagonizam essa suposta polarização partidária, há menos de 30 anos estavam do mesmo lado lutando contra uma ditatura. No mesmo palco. E hoje, prós e contra aquilo que se lhes impunha terror há um tempo atrás (e sinistro), estão juntos e bastante misturados em seus gabinetes e assessorias com um interesse atual específico. A continuação de sua carreira política nada saudável.  Não há valor por aqui que dure tanto tempo. Não há concepção clara e coerente. O que há são interesses. 

Políticos mudam de partidos na medida em que suas chances de eleição num novo pleito melhoram ou pioram. Os ideais? O projeto político? Esquece!  Os grandes caciques políticos perpetuam-se no poder, independente das alianças que façam. E são eles que garantem o poder. Esse para mim é o que mais a política brasileira tem de obscura e triste. A perpetuação de grupos políticos tão antigos e terríveis. Em cada localidade há uma família que domina o poder político desde o império até hoje. As gerações se alternam-se nos governos. Enquanto escrevo isso a prova acontece. Um carro de som passa a minha janela divulgando o nome do candidato a deputado “xxyy Junior”.  São Sarneys, Melos, Neves, Malufs, Matarazzos, Alkmins, Lernes, Cardosos, Silvas, Barbalhos, Magalhães, etc...
O que muda? Nada. O interesse pelo poder é o mesmo, as articulações são as mesmas sempre no sentido de beneficiar esses grupos, são eles que ditam as regras e as impõe sobre a população que os circunda. 

No fundo, assimilamos isso e concordamos. O povo brasileiro é corrupto também e beneficia-se dessa sucessão descabida, sempre na espera de que seremos os beneficiados da vez. O que nunca acontece. Uma troca justa? Divulgam-se os candidatos para manter-se no emprego público, balança-se bandeirinhas coloridas nas esquinas em troca de 20,00 reais pelo dia. Isso na cidade. No interior do país, morre-se pelos candidatos. 

A dinâmica do processo eleitoral é tão absurda que desenvolve uma estratégia esplêndida de visibilidade dos candidatos ao executivo, mas paralelamente e não menos importante temos a disputa por cargos do legislativo, onde a corrupção histórica corre solta. A rotina em si é imoral e suja.  Não são os políticos que fazem isso. Somos nós. Pois o mantemos nessas esferas de poder. A cada 2 anos por aqui há um processo eleitoral e o que acontece é que nem um terço desses grupos políticos se renovam. Resultado: as mesmas histórias e a mesma podridão. Não é irônico?  Não.

O programa “Praça da a
legria” foi uma atração humorística que existiu na TV brasileira desde 1957. Concebido por Manuel de Nóbrega, que fazia o personagem de um senhor que sentava em uma praça e dialogava com diversos tipos engraçados. O autor se inspirou durante uma viagem à Argentina, quando, da janela do seu hotel em Buenos Aires, observava, diariamente, um homem sentado num banco de praça conversando com diversas pessoas. Isso o fazia rir. Até hoje, seu filho, Carlos Alberto de Nobrega que sucedeu seu precursor no programa, diverte as famílias com piadas que de inocente nada tem, mas que se contextualizam e se moldam na medida em que o tempo vai passando. O humor é o mesmo, considerado ultrapassado e antigo por muitos, mas ainda faz as pessoas riem e se identificarem com a mensagem. Porque no fundo são caricatas como os personagens.

É interessante como a política brasileira se comporta de maneira parecida. Criticamos de forma agressiva (sempre durante o processo eleitoral), ora defendemos o candidato tal, ora o exaltamos, mas ao final o mesmo continuísmo de sempre. Os mesmos grupos de sempre. Nada muda.

No inicio do programa praça da alegria, sempre havia uma música de apresentação que fazia o ambiente próximo e aconchegante. Mas um trecho dela em específico me chama atenção pois é a essência da ironia, e também da histórica política brasileira:
“A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim. Tudo é igual, estou tão triste, porque eu não tenho, você perto de mim”.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O lírio, o Pedro. (Por Adriano Goulart)


Porque chegou o dia em que os olhos de quem o ama estão fitados em você.
E as lágrimas tem brilho de alegria.

Há céu azul, noite estrelada e muita luz no horizonte para o momento em que estiveres entre nós. O perfume personificado.

Sim. Bendito Pedro! Nosso Lírio! Para os chineses, o verão e fartura. O amor eterno e a pureza. Para os romanos, o pilar. Para mim, meu filho.

Como literatura, façamos juntos às Caçadas de Pedrinho, a experiência das descobertas de além-mar de Álvares Cabral, os relatos de Vaz de Caminha! Já és rocha para minha vida, assim como o Pedro que o Deus vivo proclamou viga para sua Igreja! Sejais o Malasartes, esperto e destemido, sem perder os olhos de menino.

És Pedro! Nosso Pedro. I , II, III e eterno! O esperado! Nosso Pequeno Príncipe! O Grande!
No caminho de Emaús, no livro sagrado, os discípulos tiveram a coragem de convidar “um estranho” para o interior de suas casas. “fica conosco Senhor pois já é tarde”. E esse gesto de coragem com um desconhecido foi a brecha para a maior experiência de suas vidas. O conhecimento profundo e direto do Jesus Messias. Portanto, em nossa tarde de vida, sejas bem-vindo nosso querido desconhecido! Não o Cristo, mas aquele que é presente d´Ele.
Descubramos juntos o Divino amor em família!

Serei seu guia, seu amigo, seu pai. Serei eu, você e sua mãe. Seremos nós e o nosso amor.
Vem Pedro! Compartilha conosco sua humanidade. Sua riqueza de criança. A certeza de que existe o milagre. Sua beleza e seu encanto. Prometo carinho, amor e mãos dadas. Mesmo na dor. Em tudo.

Aquele que veio para alegrar minha vida. No momento mais difícil dela. O momento do perde-e-ganha da vida. Foi-se a Azaleia, veio o Lírio. Suas cores, as essências de vocês estão interligadas. Num delicado traço de perfeição e harmonia.

O que eu tenho para dizer-te Filho meu? Hoje o meu sol nasceu. Para brilhar!
Brilhe! Brilhe!Brilhe!

E que a luz ilumine os seus passos sempre. Da caminhada, do horizonte, da intuição. Saiba que enquanto eu for agraciado com a Graça de ser seu guia temporal, me esforçarei para ser o melhor dentre eles. E quando a minha hora de encerrar a missão se aproximar, fará sentido toda minha oração.

Contemplo-te nesse dia, presente de Deus. Mistério de amor.
Perfeito-Esperança-Divino-Real-Ouro nosso. Meu filho. Nosso Pedro.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Para o amanhã... Por Adriano Goulart

Para o amanhã.

Serei direto.

Amanhã quando eu acordar e não estiver mais aqui, nessa condição temporal em que escrevo, quero ter certeza de que valeu a pena. Quero lembrar que não estive sozinho. Que os que eu amava estavam comigo.
Amanhã quando eu acordar, quero que as minhas irmãs tenham deixado claro pra mim que me amavam.  Que eu era importante. Pelo menos pra elas.

Quero que as nossas vivências tenham sido compartilhadas. Mas de verdade. Não só a vontade. Que não tenham sido palavras de uma bela oratória. Pelo contrário, que tenham sido simples e frequentes. Lúcidas, reais, diárias e próximas.  
Amanhã eu quero acordar e dizer: puta que o pariu como foi bom pois não estava sozinho!

Não quero justificativas. O cotidiano acontece. E pronto. Está implícito em nossa condição humana. Os problemas, as rotinas, os projetos e suas execuções. Mas quando o ultra-valorizamos e fazemos dele a regra, mesmo sem perceber, tornamos os que amamos secundários. E o que nos resta é justificar. Se é que isso é necessário.  Mas como isso dói.

O dia-a-dia é hoje. Agora. Mas e amanhã? O que vai ficar?
Amanhã quero acordar e saber que a biblioteca da minha vida teve livros em comum com as de quem eu amo. Não quero saber de folhas rasgadas ou desaparecidas nos livros dessas estantes coirmãs. Porque quando a minha biblioteca fechar as portas por algum motivo, dos mais diversos que existem, meus filhos, sobrinhos, ainda poderão beber da fonte desses exemplares para saberem como foi a história e ajudar assim a construir as suas próprias. Quero que saibam quem estava nela e como foi divertido ou triste. Que estória bonita foi escrita. Ou se a superficialidade foi o enredo.

Como é que eu faço? Para confirmar o amanhã? Para ter certeza de que ele será colorido como quero que seja. Sinto. Não sou ingênuo. A experiência da vida é um auto do inesperado. A gente sempre sai dela com alguma mensagem moral, ou imoral, sem ter a mínima ideia de como aquilo devidamente aconteceu. Sem saber do roteiro. E muito menos quem foram os escritores. Os colaboradores. Por isso espero que sejamos ao menos bons compiladores.
Ajude-me o meu amanhã ser hoje, já que a sequência está no campo do invisível.  Presentei-me. Seja presente.

A estratégia?
Mudemos o rumo.

A irmã que eu quero. Que eu sempre esperei. Hoje não a foi. Sinto. É a somatória de uma série de ausências que eu quero que mude. Ausências justificadas. É fato. Mas de que adianta se a página compartilhada não foi escrita? Já são passado.
 Por isso que preocupo com o amanhã.

Sabe o lindo jardim que você sonhou um dia no lugar onde eu estava? Quero ele real. E pode ser. Por favor não seja apenas observadora. Que possamos semear nossas flores bem próximas, de preferência juntos, para que quando floresçam o perfume possa nos ser sentido, e vivido bem forte.

Amanhã quando eu acordar e não estiver mais aqui, no presente, quero ter certeza de que valeu a pena. Quero lembrar que não estive sozinho. Que os que eu amava estavam comigo.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Em resposta a ideologia do desenho

Penso o seguinte: Acho que a maioria não vai conseguir ler até o final desse texto, porque não tem costume de leitura mesmo. rsrsr. Mas se o desenho trás uma provocação tão "politizada", tá aí uma resposta a altura: Engraçado porque ninguém discute o por quê dessas crianças que cometem crime não estavam na escola ou fazendo uma coisa que presta no momento em que cometiam os crimes? Nesse momento , logo ali na esquina o tráfico de drogas está correndo solto. 

Por que ninguém discute o por quê aqueles aviõezinhos (soldadinhos novos do tráfico, com 12 ou 13 anos) não estão na escola ou participando de algum projeto bom? Por que ninguém vai lá tirar ele daquela condição? A resposta é fácil. Por que você que quer ver esse menino preso até o crime acontecer jamais olhou para ele ou tentou fazer alguma coisa por ele. 

Se você olhasse direito para aquele menino antes, saberia que a falta de uma família para aquele menino, de escola que preste, falta de atendimento de saúde, falta de educação e roupas adequadas jamais poderiam terminar bem. Mas mesmo assim você sempre foi indiferente a ele. Veja bem, VOCÊ! Então fica fácil pedir a cabeça dele quando ele resolve aprontar. Ninguém nasce bandido, intelectual, professor, juiz, etc... A gente se torna alguma coisa durante a vida. 

Portanto quer ser consciente? Reclame aos seus governantes a condição precária antes do crime acontecer. Faça sua parte. Sabe qual a diferença para a elite, os governantes e a polícia que patrulha as periferias entre o "bebê" (bandido, assassino, estuprador, etc) que mostram na figura e nós, (eu, você, seu irmão, sua irmã, seus amigos)? Simplesmente nenhuma. - Para a elite, somos escória e devemos sofrer as consequências de nossa condição. 

Leis sempre estão a serviço dos que tem dinheiro. E não para mim e para você que somos pobres. Portanto, devemos ter cuidado em simplesmente reproduzir o discurso do opressor. Errados todos nós estamos em algum momento de nossas vidas. Ou você que está lendo é perfeito? Agora o peso da lei em cima de nós pobres é sempre bem maior. Aceitar uma Lei que vai punir severamente o filho do pobre porque ele não tem dinheiro para pagar o advogado (ao contrário dos ricos), é o mesmo que dizer, pronto sociedade! pode acabar comigo! Criança não consegue se defender. 

Deve ser protegida. Cuidada. Bem cuidada. Realmente o povo deve decidir assim como fala a figura. Mas vamos decidir com informações verdadeiras e dos dois lados. Que tal lutarmos por uma Lei que pune a omissão das pessoas? Acho que isso ninguém vai querer, porque não vai sobrar quase ninguém fora da cadeia.  Bora refletir?