terça-feira, 19 de abril de 2011

Artigo: Reflexões sobre meio ambiente, sacolinhas plásticas, e economia.


Reflexões sobre meio ambiente, sacolinhas plásticas, e economia.


A cidade de Belo Horizonte à partir desse mês de abril de 2011 tem uma Lei que obriga os estabelecimentos comerciais a não fornecerem mais sacolinhas plásticas para os clientes.

Iniciativa positiva e argumento legítimo, de que tal procedimento diminuirá paulatinamente a quantidade desses produtos que não são degradáveis na natureza, contribuindo para a diminuição deste tipo de poluição em milhares de anos.


Então pergunto. O que você pensa sobre isso? E como se adequará a essa novidade?


Acho louvável essa iniciativa, principalmente no que tange ao passo que será dado para contribuição de um ambiente de melhor qualidade. Mas precisava ser um passo tão pequeno?


Gostaria de refletir algumas coisas que, de certa forma estão implícitas na proposta, mas que vejo poucas pessoas discutirem nesse momento. Nem a sociedade civil e nem o poder público.


Tudo bem que a partir de agora não oferecerão a sacola de maneira gratuita, tendo como solução o cliente trazer de casa uma sacola ou bolsa para transportar os produtos. Resolvido essa parte. Mas e as embalagens dos produtos que estão a venda? Embalagens de iogurtes, pacotes de arroz, feijão, farinha de trigo, mandioca, etc..Não continuam sendo sacolinhas do mesmo jeito? Houve alguma restrição para que esses produtos se adequem à nova condição? Não.


Caso o cliente queira, poderá comprar sob a bagatela de R$0,19 (dezenove centavos), uma sacolinha biodegradável (igualzinho a atual, diga-se de passagem). Resolvido? Não. De onde saiu esse preço? Então numa compra média para um mês, se eu me recusar comprar tais sacolinhas, uma vez que não será só uma que irá me atender em minha compra, como arranjarão tantas caixas de papelão para todo mundo conseguir levar os produtos para casa? Sem inocência nenhuma afirmo que alguém passa a ganhar com isso. E a pergunta então é: quem ganha com isso? A natureza?


Foi um passo de cunho ecológico ou econômico? Porque sinceramente percebo mais a mudança no meu bolso do que na vida das pessoas. Continuarão usando sacolinhas, só que agora comprando, visto que não há campanha de o que fazer a partir de agora. Principalmente depois que os produtos, já foram comprados, abertos e usados.


E o lixo? Teoricamente se não terei sacolinhas, e visto que o procedimento atual da população é de organizar o seu lixo nessas sacolinhas para jogar fora. Como será agora? Porque o governo se esforça em dizer sobre as sacolinhas, mas não orienta sobre novas formas de como liberar seu lixo doméstico.


O consumidor não terá mais as sacolinhas gratuitamente. Mas terá que comprar as mesmas para colocar seu lixo na rua. Ou jogará seus produtos ou os restos sem nenhuma embalagem?


Pneus continuam sendo fabricados, milhões de pilhas, baterias e produtos com o perigo químico e poluentes de grandes proporções são cada vez fabricados em maior quantidade, arrebentando o meio ambiente. Mas essas fabricantes não são obrigadas por exemplo, a manter o cadastro desses produtos e recolherem os mesmos. E se o fazem, é só para "inglês ver".


Não sou contra iniciativas desse patamar. Só percebo uma grande hipocrisia das autoridades em propor algo tão minimista como uma solução real. No meu entender, apenas desviam o foco da produção e consumo desenfreado que nós nos acostumamos.


Fizeram na minha opinião, um ajuste econômico com caráter ecologicamente correto. Se querem atingir realmente a qualidade ambiental e a diminuição da poluição, deveriam mirar principalmente no modo como o ser humano vem vivendo atualmente, o que evidentemente não seriam só as famigeradas sacolinhas plásticas as culpadas.


Acredito que várias percepções sobre esse tema poderiam ser compartilhadas. Aliás, isso deveria ser feito sempre que uma iniciativa dessa fosse colocada em prática. Chamada a responsabilidade da população e poder público e acima de tudo, discussão de ideias.

Nenhum comentário: