terça-feira, 9 de junho de 2009

Ditadura do rico, idiota ou ridículo

Ditadura do rico, idiota e ridículo!

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Ela existe mesmo! Não acreditava que dessa forma, mas confesso que me impressionou.

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Eis que em um dos meus aprendizados conheci algo que naquele momento revolucionara o mundo da tecnologia. Uma cultura cibernética. Conhecida por alguns por cibercultura. Que fazia com que houvesse interação entre aqueles que dela desfrutasse, independente do espaço onde estivesse. Uma cultura que unia espaços, origens, culturas e sobretudo, pessoas em um só lugar, imaginário, virtual, informático. O mundo da internet.

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Tal mundo embora estivesse num plano totalmente diferenciado e incompreendido até então, trazia consigo toda a realidade humana, nua e crua que a vida das pessoas apresentavam fisicamente. Nela a beleza da concepção do eu, individuo coletivo, democrático, em que todos têm o mesmo espaço e tempo para serem livres mostrava-nos incontestável.

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Porém a tristeza, as mazelas e a podridão do ser humano também eram visíveis, embora camufladas em lindas projeções criadas por criativos webdesigns e em conceitos cada vez mais novos de HTML, asp , php e por aí vai. A web 2.0, 3.0 aparecia e destacava-se...

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Iniciei floreando o meu texto para mostrar que conceitos, idéias e aprendizados embora bonitos e pertinentes, não refletem o interesse das pessoas uma nas outras, o que é triste. Acredito que esse texto não deve ter lhe agradado o suficiente para continuá-lo a ler, certo? Até porque é provável que não tenha entendido muito bem, por não conhecer totalmente o assunto. De qualquer forma daqui para frente apresento-lhes minhas considerações sobre o tema que me proponho escrever hoje que é o quão pequeno é confiar somente em imagens.

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Aquilo que é intríseco e essencial nas pessoas fica sempre em segundo plano e isso me frustra um pouco. Algumas vezes já escrevi sobre o tema cibercultura, pelo qual me interesso bastante. No tempo de faculdade cheguei até a intuir pensamentos sobre o tema que então era novidade e que para mim seria o sucesso que hoje são esses espaços interativos. Orkut, facebook e outros sites de relacionamentos que de fato, nesse momento são o ápice dessa nova cultura. Uma das bandeiras de interatividade. Naquele momento, para mim, eu dava um "pulo do gato" em minhas reflexões e isso era surpreendente. Um exemplo de avanço na minha concepção intelectual, na minha capacidade reflexiva e por aí vai. Mas isso não interessa tanto a esse texto.

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Além disso quantas outras experiências em minha vida eu já tive. Situações de convívio religioso, experiências com Deus e o comunitárias, partilhas de vivências com amigos, jovens, crianças e adultos, proposições de projetos e eventos mil.

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Engraçado que tais manifestações dessas minhas vivências em geral foram registradas, relatadas e muitas vezes divulgadas por mim mesmo porém, nunca houve um comentário, uma tentativa de compreensão ou mesmo uma mensagem de apoio ou reprovação. A não ser que fossem as próprias pessoas inseridas naquele contexto. O que é mais que natural.

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O certo é que de toda minha vida , em geral busquei compreender-me e sobretudo aprofundar-me no intríseco, no social, na participação, no envolvimento meu e dos outros em um projeto , na contextualização mais aprofundada das coisas, mas sobretudo sem nunca perder a objetividade. E nada. Não lembro de um comentário sequer.

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Só que um fato recente aconteceu nesse tal mundo cibernético comigo, o que me motivou a tecer tais percepções. Nâo poderia deixar de comentar, é claro.

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Também faço parte do Orkut, como qualquer cidadão-cibernético desse nova cultura de que lhes falei. Já há bastante tempo. O site ainda era todo em inglês quando fui convidado a entrar. E até então minha página (perfil) nunca havia recebido tantas visitas e considerações sobre modificações que eu havia feito nelas. Só que em um dia, algo aconteceu de diferente. Tudo isso por causa de uma foto. Singela fotografia que coloquei como brincadeira em meu álbum virtual. Nessa fotografia eu estava vestido como uma dessas pessoas de torcidas organizadas (no caso meu , a galoucura), e coloquei na descrição dessa foto uns versinhos que essa mesma torcida canta durante os jogos.

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Como eu disse, para o meu espanto , com essa manifestação singela de torcedor – que alías eu nem sou tanto assim , meu perfil registrou recorde de acessos por causa de uma imagem. Mera imagem em que eu brincava de ser torcedor, já que hoje é bem difícil frequentar aos jogos, dada a tamanho da violência.

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O que será que levou tantas pessoas a chamarem atenção a minha existência? Não coloquei nenhum verso meu nem esbocei nada de novo para a humanidade? O que eu fiz foi colocar uma toca escura e uma jaqueta branca com os simbolos do galo e da torcida.

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Imagem é tudo?

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Até de favelado eu fui chamado! Por pessoas que pelo que me lembro ainda não haviam me dirigido a palavra para um sequer "olá, como você está?" ou a bastante tempo não me procuravam para nada, se é que já o fizeram.

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Existe uma ditadura do rico (aquele que esbanja, que aparece para os outros), o que eu não sou, do idiota ( aquilo que foge do normal, abaixo da média. O bizarro que as pessoas adoram) , também não é o meu caso , e do ridículo (aquele que não percebe que está fora do tom – em todos os sentidos – e todos amam curtir com a caras deles – não é atoa que alcóolatras fazem tanto sucesso), o que jamais fui também. Mas é uma hipocrisia total. E foi nessa provocação que essas pessoas caíram. Reproduziram aquilo que já estão acostumadas. A necessidade de reagirem ao rico, ridículo ou idiota.

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Que pena, na minha opinião foram tolas. Não pelo comentário que fizeram, pois de fato a imagem tinha esse objetivo mesmo e talvez faria algum comentário engraçadinho também só para interagir. Mas por aquilo que não comentaram quando seria interessante a sua manifestação.

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O que transcende o humano. Aquilo que se é de fato, jamais é observado. As pessoas estão superficiais. Por isso minha foto fez tanto sucesso. O supérflo do Adriano é o que vale. Pelo menos para comentar.

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Uma foto tão simples e boba chocou aos olhos de quem conhecia um Adriano talvez com outros traços e perfis. Outra cultura. Quando coloquei uma foto de Toga (vestimenta usada na cerimonia de graduação) quase ninguém cumprimentou-me. Quando apresentei-me a 500 crianças como contador de estórias nada houve também. Mas quando uma foto remota ao pobre, passional e muitas vezes agressivo que é o torcedor de futebol, houve um burburinho sem precedentes!

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Àqueles que por acaso se indignaram com minha provocação, e por ventura caíram nela, fica uma oportunidade para a reflexão pessoal. Imagem não é tudo. E na dúvida vale a metáfora das três peneiras: o que você tem a falar é "verdade", é "bom"? Ou é "útil"? Se não passar por essa peneira, não vale a pena ser pronuciado.

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Abraços carinhosos...

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Adriano Goulart é...
Bacharel em Biblioteconomia pela UFMG - Bibliotecáio do Centro Juvenil Salesiano - Bibliotecário da Fundação Municipal de Cultura em Belo Horizonte - Catequista de Crisma - Assessor de Pastoral Juvenil Salesiana - Consultor de Pastoral da Juventude da Paróquia Verbo Divino - Membro e voluntário da Comunidade Nossa Senhora Auxiliadora - Gestor dos sites : www.centrojuvenilsalesiano.com.br / www.fotostudiobhnoivas.com.br - Consultor em gestão de informações para a Rede Catitu de Cultura

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