sexta-feira, 19 de junho de 2009

Fé, RCC, TL e política interna da Igreja Católica


Frequentemente surge uma discussão sobre o tema RCC (Renovação Carismática Católica), setor considerado conservador da Igreja Católica, versus a TL (Teologia da Libertação), prática mais progressista do clero e altamente politizada, que teve seu ápice entre as décadas de 70 e 80 especialmente na Amércia Latina, a política interna da Igreja e por aí vaí. Gostaria de participar, já que sou Católico e tenho percepções sobre esse assunto.
A RCC é criticada por muitos por apresentar sinais de radicalismos, incentivar a alienação dos fieis e passividade diante da realidade, além de outras reclamações. Tomou força no Brasil principalmente com o declínio das ações e posturas que se embasavam na teologia da Libertação, que na década de 80 foi interrompida e encerrada oficialmente pelo Vaticano, por justificar ser uma "doutrina social com postura marxista", desafeto histórico da Igreja do Vaticano.
Hoje, a RCC é uma realidade. Um sinal da contemporaneidade talvez. Em que cada religião, cria uma ar (mesmo que discreto) um mecanismo de competitividade no sentido de responder as investidas das outras religiões. Busca se adequar a fé ao gosto do "freguês". No nosso caso, as "ovelhas".
Dessa forma, não há de se espantar com o rítimo de crescimento que a TV Canção Nova, veículo católico de comunicação legitimamente carismático está tendo, particularmente nessa última década. Ela é fruto simplesmente de expectativas e anseios das pessoas (na maioria das vezes simples) que sinceramente não tinham muitos horizontes anteriormente, sejam religiosos, políticos ou econômicos, e se identificaram com a linguagem e principalmente a forma com que os protagonistas dessa comunidade se expressam. Aliás, a própria história desses mesmos protagonistas não é muito feliz, antes do boom da CN. Vocês já pararam para ver a "riqueza" que são os testemunhos dos "sócios-colaboradores" da Canção Nova? Em geral, o roteiro é o mesmo. Uma história triste de anos atrás e uma vida nova , depois de conhecer a comunidade.. . Bem ou mal, esta estratégia está dando certo há bastante tempo. Na ala carismática católica e nas milhares de novas denominações evangélicas que surgem a cada dia. E o fenômeno do Neopentecostialismo. É o mesmo que acontece por exemplo com a "Igreja Universal" e os "Shows da fé" que existem por aí...
Radicalismo? Exageros de espiritualide? Não desejo julgar. Em alguns momentos a programação da CN é muito boa e vem se aprimorando cada vez mais. E tais formas de vivenciar a fé têm seu sentido de existência. Sua verdade explicita.
Sobre a TL, acredito que todos que conheceram e sobretudo participaram da Teologia da Libertação e todas as outras propostas mais progressistas e sociais latinas, sabem que há espaço na fé católica para continuar a lutar. E que ela é Cristã por excelência, pois prioriza o pobres e necessitados. Aqueles que a criticam, em geral não a conhecem ou somente ouviram os teólogos contrários a ela se manifestarem, baseados quase sempre nas notas de repúdio que o então Cardeal Ratzinger (Atual Papa Bento) escreveu, já que os a favor foram quase todos orientados a não emitir opiniões. Atribuo a não visibilidade dessas expressões de fé mais humanas, como a TL, há uma série de convergências históricas que fazem com que o imediatismo midiático do neopentecostialismo seja mais rentável e visivelmente (TV, Internet e Rádio) mais expressivos (shows da fé). A super-exposição do Santíssimo Sacramento é um exemplo claro disso. Dá ibope.
O alto clero obviamente sabe disso e não quer perder espaço na mídia e com a população, visto que o avanço pentecostal evangélico é cada vez maior, não sejamos ingênuos. Assim, visivelmente não se manifestam contrariamente sendo que optam pela estratégia do esperar o que vai acontecer. Enquanto isso, "todos somos um". Porém não se iludam, acompanhem de perto.
Dessa forma, para finalizar, acredito que é possível separar a nossa fé Cristã, genuína e caridosa, baseada no amor e fraternidade e sobretudo na Eucaristia, das divergências políticas internas e humanas que acontecem dentro da Igreja. Progressistas, conservadores sempre vão existir. Mas a fé Cristã e unificadora e social (como propõe a TL), mas sob a inspiração do Espírito Santo (como afirma a RCC).
Já ouvi uma discussão sobre se Jesus era político? Eu tenho certeza que sim, porque todas as suas ações durante a vida instigaram seus seguidores para uma mudança. E o sinal de sua ressurreição é ainda mais política, porque é a bandeira daqueles que questionam uma ordem pré-estabelecida. O que Jesus não foi é politiqueiro, pois não se submeteu a ordem econômica e ao poderio daqueles que dominavam sua terra. Aliás, foi morto exatamente por isso.
Assim, vivamos a nossa fé, nos auto-respeitando e viva a RCC e a TL!

Adriano Goulart - AGR -
email:adrianoagr@yahoo.com.br
Visite o meu Blog: http://adrianoagr.blogspot.com




Veja quais são os assuntos do momento no Yahoo! + Buscados: Top 10 - Celebridades - Música - Esportes

Nenhum comentário: